Covid-19: Estados da Amazônia estão em alerta crítico de ocupação de UTIs

No dia 22 de março, Clarinda dos Santos chegou ofegante à recepção do Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, na zona Norte (Reprodução/G1)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Sete Estados da Amazônia Legal estão em zona de alerta crítico com taxas de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19 acima de 80%. Os dados são relativos aos adultos em UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) e constam no Boletim Extraordinário Observatório Covid-19 da Fiocruz divulgado na última terça-feira, 30.

O boletim considera dados obtidos no dia 29 de março e indica que a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS ficou estável se comparada à taxa de ocupação do último Boletim Observatório Covid-19, com informações coletadas entre 7 a 20 de março de 2021.

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Os Estados em alerta crítico são Acre (97%), Rondônia (98%), Mato Grosso (97%), Amapá (100%), Tocantins (97%), Pará (86%) e Maranhão (88%). Estão em zona de alerta intermediária, com taxas abaixo de 80%, o Amazonas (76%) e Roraima (62%).

Veja o mapa:

Segundo o boletim, os Estados revelam dificuldades para ampliar o número de leitos de UTI Covid-19 para atender ao acentuado crescimento da demanda, além de outros problemas enfrentados pelas unidades da federação.

“Também se verifica no País amplo cancelamento de internações eletivas nos setores público e privado, além de outros atendimentos ambulatoriais e para exames necessários para o diagnóstico de outras doenças. Insumos e medicamentos fundamentais para pacientes com Covid-19 e outros problemas de saúde também passaram a ser uma grande preocupação frente à perspectiva de esgotamento”, destaca o documento.

Capitais

Entre as capitais da região, Porto Velho, Rio Branco e Macapá estão em colapso com 100% dos leitos de UTI Covid-19 ocupados. Palmas (95%), São Luís (95%), Cuiabá (93%) têm mais de 90% dos leitos ocupados e Belém é a única capital com menos de 90% e mais de 80%. Manaus e Boa Vista, que reúnem todos os leitos de UTI Covid-19 do Amazonas e de Roraima, respectivamente, têm taxas correspondendo as dos próprios Estados (76% e 62%).

O documento lembra que o Amazonas e Roraima já passaram pela zona de alerta crítica, sendo que Manaus já teve dois momentos de colapso do sistema de saúde. São as duas capitais que concentram a estrutura hospitalar necessária para o enfrentamento da Covid-19 em seus respectivos Estados.

“Amazonas e Roraima só tinham um município cada um (suas capitais) identificado com estrutura hospitalar para o enfrentamento da Covid-19, totalizando 0,4% dos municípios do País com esta capacidade instalada e 2,3% da população estimada para 2020. No momento atual, mesmo São Paulo, que concentra boa parte do PIB do País e 21,9% da população, e contava, em fevereiro de 2020, com 111 municípios com estrutura hospitalar para o enfrentamento da Covid-19 (26,4% em relação ao total do País), apresenta seu sistema de saúde em colapso”, detalhou o documento.

No País

A nível nacional, dezessete Estados e o Distrito Federal encontram-se com taxas de ocupação superiores a 90%:

Norte – Rondônia (98%), Acre (97%), Amapá (100%) e Tocantins (97%);

Nordeste – Piauí (96%), Ceará (94%), Rio Grande do Norte (95%) e Pernambuco (97%);

Sul – Paraná (93%), Santa Catarina (99%) e Rio Grande do Sul (95%);

Sudeste – Minas Gerais (94%), Espírito Santo (94%) e São Paulo (92%); no Sul, Paraná (93%), Santa Catarina (99%) e Rio Grande do Sul (95%); 

Centro Oeste – Mato Grosso do Sul (100%), Mato Grosso (97%), Goiás (94%) e Distrito Federal (97%).

Outros sete Estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 84% e 89%:

Norte – Pará (85%);

Nordeste – Maranhão (88%), Paraíba (84%), Alagoas (86%), Sergipe (86%) e Bahia (86%);

Sudeste – Rio de Janeiro (88%).

Veja o mapa:

O boletim ressalta ainda que para a sobrecarga dos hospitais, principalmente da rede pública de saúde, se mantém em níveis críticos já que “houve na última semana uma aceleração da transmissão de Covid-19 no Brasil, demonstrado pelo aumento recorde no número de casos e óbitos, além da permanência de valores altos de positividade dos testes”.

Porém, o documento enfatiza que a necessidade de ampliar a adesão a medidas rigorosas para o controle e prevenção da doença se faz mandatória. “Medidas de bloqueio ou lockdown por períodos específicos, combinadas com outras de mitigação envolvendo o distanciamento físico e social, evitando aglomerações e a ampliação do uso máscaras adequadas de forma correta, continuarão sendo fundamentais até que se obtenha um controle da pandemia”, destaca.

Recorde de mortes

Em março deste ano, 66.868 pessoas perderam a vida para a Covid-19 no Brasil, segundo dados das secretarias estaduais de Saúde apurados pelo consórcio de veículos de imprensa. Em 18 das 27 unidades federativas do País, morreram mais pessoas neste mês do que em qualquer outro desde o início da pandemia.

Os primeiros a passar dessa marca foram os dois Estados do Sul, onde o colapso na Saúde chegou mais cedo e onde mais pessoas morreram em três meses de 2021 do que em todo o ano passado.

Os recordes mensais foram batidos em seguida em Rondônia (16/03); Goiás (18/03);  Bahia (19/03), Tocantins e São Paulo (22/03), Mato Grosso e Minas Gerais (23/03), Mato Grosso do Sul e Paraíba (24/03), Acre (25/03), Rio Grande do Norte (27/03), Piauí (28/03) e Distrito Federal (30/03). Os últimos a ultrapassar a marca foram Espírito Santo e Roraima, ambos no último dia de março.

O dado referente às mortes de março foi calculado subtraindo-se as mortes totais até fevereiro (255.018) do total até 31 de março (321.886).

Edição: Alessandra Leite

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