Pandemia pode causar prejuízo de até 80% na construção civil do AM

(Reprodução)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – A pandemia causada pelo novo Coronavírus frustou a tentativa de recuperação da construção civil. Para se ter uma ideia, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria e Construção Civil no Amazonas (Sinduscon-AM), Frank Souza, a queda estimada no segmento é de 20%. Mas esse valor pode ser muito maior e atingir 80%.

Para o presidente do Sinduscon, além da redução no orçamento, também haverá queda na produtividade das obras. “Vínhamos numa espiral positiva. Em 2019, o mercado imobiliário (no Amazonas) chegou a vender 35% do que rendeu em 2018 e lançou muito mais – média de 40% – em 2018, e agora chega a pandemia para puxar para trás”, disse.

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“Tem até uma brincadeira que diz assim: ‘o ano só começa depois do Carnaval’, mas esse ano ele terminou depois do Carnaval”, completou Souza.

A pandemia está chegando no canteiro de obra

Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Montagem e Indústria da Construção Civil do Amazonas (Sintracomec-AM), vereador Sassá, afirma que o prejuízo pode ser muito maior, podendo chegar a queda de até 80%. “A pandemia abateu todas as classes do segmento no estado, como os autônomos e os que trabalham de carteira assinada”, disse.

Apesar disso, o novo Coronavírus ainda está chegando ao canteiro de obras e caso haja uma maior disseminação do vírus entre os trabalhadores, alerta o vereador, a tendência é que o setor caia em torno de 70% a 80% na economia.

“Estamos preocupados. Tivemos relatos de alguns trabalhadores doentes, que chegaram com febre no trabalho. O grande problema, hoje, é que a pandemia pode crescer no setor devido as empresas clandestinas, que não respeitam a Lei, que só pensam em lucrar”, finalizou Sassá.

Incertezas

Mais de 70 mil trabalhadores, considerando os contratos formais e informais, atuam no segmento da construção civil no estado. Apesar das incertezas e do medo de se infectar com a doença, algumas empresas não pararam suas atividades, mas diminuíram o ritmo de trabalho, adotando todas as medidas restritivas para evitar o contágio da Covid-19.

“As empresas estão usando medição de temperatura, disponibilizando máscaras, luvas; alternando os horários de almoço para evitar aglomeração; não permitindo que troquem ferramentas; aqueles acima de 60 anos e tem outros problemas de saúde foram afastados de suas funções. Em algumas funções o sistema home-office também foi adotado”, ponderou Frank.

Ainda segundo presidente do Sinduscon-AM, o Amazonas tem um déficit em 200 mil moradias, ou seja, sem infraestrutura de saneamento e água potável, o que pode ser um forte causador de doenças.

Empresas clandestinas

Já Sassá, que também é pré-candidato à Prefeitura de Manaus, alertou para o crescimento das empresas clandestinas no Amazonas e disse que podem trazer um sério risco à saúde das pessoas, pois, a grande maioria não utilizam equipamentos de proteção individual (EPIs).

“Só em Manaus, temos em torno de 14 mil a 20 mil trabalhadores com carteira assinada e entre 20 mil a 30 mil trabalhadores clandestinos. É algo preocupante em meio ao que estamos vivendo”, frisou Sassá.

Queda na confiança do empresariado

De acordo com a pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), que tem escala de 0 a 100, caiu 25,8 pontos entre os meses de março e abril, registrando 34,5 pontos, o menor índice da série histórica que iniciou em 2010. Entre janeiro e abril, o recuo acumulado foi de 30,8 pontos.

“A queda na confiança traduz o cenário atual de forte contração na atividade e elevada incerteza em razão da pandemia de Covid-19”, diz em comunicado o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

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