Cozinha solidária distribui comida para indígenas na comunidade Parque das Tribos, em Manaus

Foto: Acervo pessoal
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – A fome tem sido um dos obstáculos encarados pela população mundial desde o início da pandemia de Covid-19. A alta nos preços e a escassez de alguns produtos em momentos mais críticos, fez com que as pessoas aprendessem a viver com o mínimo. O cenário foi ainda pior para os povos indígenas, o isolamento e as restrições por um lado os protegeram de infecções, mas causou prejuízos à segurança alimentar.

No Amazonas, a Comunidade Parque das Tribos, localizada no Tarumã-Açu, zona Oeste de Manaus, é o primeiro bairro indígena da capital e abriga atualmente cerca de 700 famílias, sendo 80% indígenas de 35 etnias. O bairro fica localizado em uma zona de preservação, e é considerado uma periferia em Manaus. Durante a pandemia, muitos dos moradores ficaram sem renda e passaram a depender de doações para se manter.

Foi então que surgiu em 2021 o “Cozinha Boca da Mata“, um projeto apoiado pelo Gastromotiva e outras iniciativas do Amazonas, que atendem diretamente a população em situação de insegurança alimentar por meio de cozinhas solidárias e voluntárias que recebem os insumos e participam de cursos. A iniciativa atende diversas famílias ao redor do Brasil, e em Manaus a responsável pelo projeto é a Renata Peixe-Boi.

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O bairro fica localizado em uma zona de preservação, e é considerado uma periferia em Manaus (Acervo Pessoal)

À CENARIUM, Renata contou que o projeto iniciou porque durante a pandemia ela percebeu o aumento da fome e viu a necessidade de ajudar. “Na primeira fase da campanha chegamos a distribuir 500 marmitas, depois 400 e atualmente distribuímos 350 marmitas gratuitamente por dia“, declarou.

O projeto acontece toda semana às 19h, no Parque das Tribos e a ideia, segundo a responsável, é expandir as ações. “Iniciamos uma parceria com o Consulado da Mulher, queremos oferecer formação para as mulheres da comunidade em empreendedorismo na área de alimentação. Também estamos articulando aulas de inglês para jovens e artesãs“, conta.

As marmitas distribuídas pelo Boca da Mata são enviadas diretamente pelo Gastromotiva, assim como todo o aparato necessário (Acervo Pessoal)

As marmitas distribuídas pelo Boca da Mata são enviadas diretamente pelo Gastromotiva, assim como todo o aparato necessário. “As marmitas vem balanceadas proporcionalmente com arroz, feijão, macarrão, farinha, carne moída, fígado, frango, picadinho de peixe, vegetais para salada, além das embalagens, EPI e material de limpeza“.

Ajuda

O projeto segue em busca de parceiros para continuar com os trabalhos realizados na comunidade e ampliar ainda mais os serviços oferecidos. “Sonhamos em ter um espaço físico próprio dentro da comunidade onde possam ser valorizados nossos saberes ancestrais, oferecidos cursos de formação e educação e trocas de conhecimentos sobre os povos indígenas. Um espaço para seguir lutando pelo bem viver comum para todos os povos”, finaliza.

Foto: Acervo Pessoal

Fonte de renda dos indígenas

De acordo com a coletânea Perícia em Antropologia no MPF: Primeiras Contribuições no Combate à Pandemia da Covid-19, apesar das aldeias e comunidades indígenas praticarem agricultura familiar e manejo sustentável, o comércio e o turismo eram a origem da maior parte da renda de indígenas, o que fez com que alguns povos precisassem de doações de alimentos e cestas básicas para se manter durante o período.

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