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CPI da Covid: deputado do AM promete entregar documentos que ligam prefeito de Manaus a contratos superfaturados
Fausto Jr. informou que vai apresentar o relatório final da CPI da Saúde no qual aponta suspeitas de corrupção de David Almeida (Reprodução)
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29 de junho de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O deputado estadual do Amazonas, Fausto Júnior (MDB), vai depor nesta terça-feira, 29, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, e promete apresentar documentos que associam o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), a contratos superfaturados. O parlamentar foi relator da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam).
Fausto Júnior foi convocado a pedido do senador Marcos Rogério (DEM-RO), que busca informações sobre fraudes no combate ao coronavírus. A CPI da Saúde do Amazonas teve início no dia 5 de maio de 2020 e foi encerrada no dia 29 de setembro do mesmo ano. A comissão analisou 10 mil páginas de documentos e contratos firmados pela Secretaria de Saúde entre os anos de 2011 a 2020. Nesse período, David Almeida foi governador interino do Amazonas em 2017.
“Se estamos investigando suspeitas de corrupção na Saúde é importante lembrar que o sistema público de atendimento médico do Amazonas passa por uma crise de gestão há muito tempo, e isso comprometeu a estrutura da rede para receber pacientes com Covid-19, durante a pandemia. É importante que haja esclarecimentos sobre todos os fatos”, ponderou o parlamentar.
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A CPI da Saúde investigou, entre outros contratos do Governo do Amazonas, a parceria com o Hospital de Campanha criado no primeiro pico da pandemia do coronavírus em Manaus, em março de 2020, e sediado na Faculdade Nilton Lins, na zona Centro-Sul da capital amazonense. Durante a investigação, Fausto fez uma apuração no histórico da empresa de lavanderia de roupas que prestava serviços ao hospital.
O deputado do Amazonas informou que descobriu que a empresa Norte Serviços Médicos Ltda. firmou contrato com David Almeida no período em que ele foi governador interino do Amazonas – 9 de maio a 4 de outubro de 2017 – e praticou preços acima do previsto em mercado, à época, para a realização de exames de colposcopia (exame do colo do útero) e conização (biópsia no colo uterino).
Assalto aos cofres
Segundo Fausto, a descoberta de superfaturamento da lavanderia, durante o governo de David Almeida, gerou surpresa nos membros da CPI da Saúde. Ele explica que chegou aos dados sobre a Norte Serviço após comparar o valor do contrato da empresa com o governo de David Almeida e o preço que a lavanderia cobrava pelos mesmos serviços das prefeituras do interior do Amazonas.
“Com toda certeza, o caso da Norte Serviços Médicos foi o que nos causou mais espanto. O exemplo foi que, em 2017 (Governo de David Almeida), a empresa fez exames no interior do Estado, onde ela pagou ao médico R$ 60 mil e recebeu do Governo do Amazonas R$ 870 mil. Um lucro de R$ 810 mil (1.400%). Era um assalto aos cofres públicos”, declarou o deputado.
Em meio à acusação da prática de sobrepreço, a empresa Norte Serviços Médicos foi denunciada, também, por aplicar calote em funcionários no governo de David Almeida. “O responsável pela gestão dos procedimentos clínicos, o médico João Carlos dos Santos, disse, durante a CPI da Saúde, que possui serviços pendentes que totalizam R$ 18 mil junto à empresa”, apontou o deputado.
A REVISTA CENARIUM tentou contato com David Almeida, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. No ano passado, quando veio à tona a denúncia contra o governo dele no ano de 2017, Almeida procurou os membros da CPI da Saúde para prestar esclarecimentos, mas o depoimento não ocorreu.
Escândalo dos ‘fura-filas’
O prefeito de Manaus, David Almeida, ficou conhecido, neste ano, pela mídia nacional, após o escândalo dos “fura-filas” da Covid-19. Após sites de notícias noticiarem que ele priorizou apadrinhados políticos e empresários na imunização em detrimento de profissionais da Saúde, o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) pediu a prisão dele e o afastamento do cargo.
Nessa história, as “personagens principais” foram as irmãs Gabrielle e Isabelle Lins, que foram imunizadas um dia após serem nomeadas por David Almeida e antes de funcionários da Saúde, que já atuavam na linha de frente nas unidades de saúde desde o início da pandemia em abril de 2020, segundo órgãos de controle do Amazonas.
Com a aplicação da primeira dose do imunizante no dia 19 de janeiro deste ano, as irmãs ainda tomaram a segunda dose no dia 9 de fevereiro – três dias antes de serem exoneradas de seus cargos, segundo a lista de vacinados divulgada pela própria gestão municipal. O ocorrido logo se espalhou, virando notícia no Brasil e no mundo.
Com base em suspeitas de fraudes e outros crimes, o Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPAM pediu a prisão preventiva de David Almeida, da secretária municipal de Saúde (Semsa), Shadia Fraxe, do secretário municipal de Limpeza (Semulsp), Sabá Reis, e de mais outros 19 servidores.
Na ação criminal, o órgão revelou um esquema fraudulento de contratações de funcionários comissionados e acusou David pelos crimes de falsidade ideológica e peculato. Ao negar as acusações, David Almeida declarou que as denúncias eram “fake news”.
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