CPI da Covid quer ouvir 15 integrantes do Governo Bolsonaro, entre eles Paulo Guedes


19 de abril de 2021
CPI da Covid quer ouvir 15 integrantes do Governo Bolsonaro, entre eles Paulo Guedes
Ex-ministros como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e secretários do Ministério da Saúde também constam em minuta de plano de trabalho (Evaristo Sá/AFP)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – Minuta do plano de trabalho da CPI da Pandemia, à qual o GLOBO teve acesso, prevê depoimentos de pelo menos 15 integrantes do Governo Bolsonaro que ocuparam postos de comando na pandemia de Covid-19. Na lista, o chamado grupo independente, que é maioria na Comissão Parlamentar de Inquérito, incluiu o ministro da Economia, Paulo Guedes, para dar explicações sobre o auxílio emergencial e verificar se o valor gasto com o programa foi suficiente para atender a população vulnerável durante a crise sanitária. O texto já sugere a possibilidade de realização de acareações entre as testemunhas.

A lista também contempla o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten; o secretário especial da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Flávio Rocha; o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal; e o ex-comandante do Exército, Edson Pujol.

Ainda em fase de discussão, a proposta para o plano de trabalho precisará ser aprovada pela CPI. O texto divide a condução das apurações da comissão em quatro sub-relatorias: compra de vacinas e outras medidas de contenção do vírus; colapso no sistema de saúde em Manaus; insumos para tratamento de enfermos; e emprego de recursos federais, o que envolve a fiscalização de contratos firmados pelo Ministério da Saúde e repasses a Estados e municípios.

Na Saúde, um dos pontos que deve entrar em debate é o aplicativo Tratecov, que recomendava o uso de medicamentos sem comprovação científica contra a Covid-19, como a cloroquina. Os senadores querem pedir informações ao ministério sobre quem foi o responsável pela elaboração do conteúdo e o valor usado para o desenvolvimento do aplicativo. “Verificar de quem partiu a determinação expressa para que o TrateCOV indicasse aos médicos a utilização de medicamentos sem eficácia comprovada”, afirma um dos pontos.

Além disso, os senadores sugerem pedir aos ministérios da Saúde e da Defesa informações sobre valores gastos pelo governo para a compra de medicamentos ineficazes, a exemplo da fabricação de cloroquina pelo Exército. A meta, de acordo com o documento, é “identificar possível superfaturamento na compra de insumos para a referida produção de cloroquina”.

Também é prevista a fiscalização de todos os contratos firmados pelo governo federal para o combate à Covid-19, com a requisição de informação aos ministérios da Saúde e da Economia. O objetivo é “verificar se os contratos firmados obedeceram aos princípios da Administração Pública”. Para isto, os senadores querem ouvir secretários e gestores do Ministério da Economia.

O plano considera, ainda, pedir informação ao Ministério da Saúde e à Secretaria Especial de Comunicação da Presidência (Secom) sobre a quantidade e o valor das propagandas oficiais veiculadas, incluindo influenciadores digitais. A justificativa é “verificar se as propagandas foram tempestivas e suficientes, bem como se foram investidas verbas suficientes”.

Como era previsto, devem ser convocados o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os ex-ministros da pasta Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta. Na mesma área, são listados os secretários Mayra Isabel Correa (Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde), Luiz Otávio Franco (Atenção especializada) e Hélio Angotti Neto (Ciência, tecnologia e insumos estratégicos). Os três secretários e Pazuello foram alvo recentemente de denúncia do Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas por improbidade administrativa. Antonio Elcio Franco, ex-secretário-executivo da pasta também deve ser chamado.

‘Questões ideológicas’

Outro ex-ministro que deve ser ouvido é Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, junto com o embaixador e secretário-geral do Itamaraty, Otávio Brandelli. O foco, neste caso, é a atuação do Brasil em âmbito internacional para verificar quais foram as ocasiões em que o ministério atuou para conseguir vacinas e insumos para o País e se “questões ideológicas provocaram o insucesso da empreitada”. Neste caso, deve ser solicitada para comparação uma pesquisa acerca da quantidade de vacinas e insumos conseguidos por outros países em desenvolvimento.

No plano de trabalho, também é destacado que o conteúdo das investigações precisa ser tornado público, “tomando as devidas providências para responsabilizar, na forma da lei, as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, bem como dar conhecimento dos crimes à população e aprimorar, conforme necessário, as leis aplicáveis”.

Para as audiências públicas, são listados especialistas para abordar cada tema, o que deve ocorrer na fase inicial.

O que propõe a minuta do plano de trabalho:

Vacinas e outras medidas para contenção do vírus

– Compra de vacinas

– Propaganda oficial e orientação à população

– Auxílio emergencial e outras medidas econômicas de contenção da pandemia

– Atuação em âmbito internacional

Colapso da saúde em Manaus

– Falta de oxigênio

– Uso de aplicativo para estimular adoção de “tratamento precoce”

Insumos para tratamento de enfermos

– Aquisição de medicamentos sem eficácia

– Kit intubação e oxigênio

Emprego de recursos federais

– Repasse de recursos a Estados e municípios

– Fiscalização de contratos do Ministério da Saúde

Depoimentos de integrantes do governo

Ministro da Economia – Paulo Guedes

Ministro da Saúde – Marcelo Queiroga

Ex-ministro da Saúde – Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello

Ex-ministro das Relações Exteriores – Ernesto Araújo

Secretários e ex-secretários – Flávio Rocha (Assuntos Estratégicos), Fábio Wajngarten (Comunicação), Otávio Brandelli (secretário-geral do Itamaraty), Edson Pujol (ex-comandante do Exército), Bruno Funchal (secretário do Tesouro Nacional) e Nilza Emy (secretária Nacional do Cadastro Único do Ministério da Cidadania)

Ex-secretários do Ministério da Saúde – Antonio Elcio Franco, Mayra Pinheiro e Airton Cascavel

Audiências públicas com especialistas

Átila Iamarino

Miguel Nicolelis

Margareth Dalcolmo (Fiocruz)

Natália Pasternak (USP)

Marcia Castro (Harvard)

Ludhmila Hajjar (FMUSP)

David Uip (FMUSP)

Roberto Kalil Filho (FMUSP)

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