CPI da Saúde manipula e Receita Federal mostra que marido de Daniela Assayag não é dono da Sonoar

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Registros junto à Receita Federal e à Junta Comercial do Estado (Jucea-AM) desmentem a informação do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde na Assembleia Legislativa do Estado (ALE/AM), Péricles Nascimento (PSL), de que o marido da secretária estadual de Comunicação, Daniela Assayag, o médico Luiz Carlos Avelino Júnior, é oficialmente um dos donos da empresa Sonoar, que tem a razão social Andrade Comércio de Materiais Hospitalares Eireli.

Pelos sistemas da Receita Federal e Jucea-AM, o quadro societário da Sonoar está dividido em 50% das cotas para Luciane Zuffo Vargas de Andrade e a outra metade a Renata de Cássia Dias Mansur. As duas foram presas pela Polícia Federal (PF) nesta semana, acusadas de praticar sobrepreço na venda de respiradores para a empresa fornecedora da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Fjap Import & Cia, durante a pandemia da Covid-19 em abril deste ano.

Apesar da ausência de registros oficiais ligando a Sonoar a Avelino Júnior, Péricles divulgou informação falsa à imprensa na manhã desta quarta-feira, 1º de julho. “O marido (Avelino Jr) dela (Daniela Assayag) atuava como dono da empresa Sonoar desde janeiro (2020). (…) Ele comprou 50% da Sonoar”, declarou, sem mostrar documentos.

Faltam provas de que governador do AM, Wilson Lima, interferiu na compra de respiradores, aponta defesa

Na tarde de quarta-feira, Daniela Assayag chamou a imprensa para rebater a declaração do deputado e disse que Péricles se utiliza da CPI para manchar o nome dela e fazer jogo político contra o governo do Estado. Péricles é oposicionista ao governador Wilson Lima na Assembleia Legislativa.

A reportagem da REVISTA CENARIUM tentou ouvir o deputado, após a coletiva da secretaria de Comunicação, mas o parlamentar não respondeu às mensagens e não atendeu as ligações.

Jogo político

“Não aceito ser colocada em jogo político. Estou sim à frente da Secretaria de Comunicação, mas eu não aceito utilizar o meu nome, a minha história, a minha idoneidade, para atingir o governo”, disse Assayag.

Ela disse que em dezembro de 2019, três meses antes da pandemia da Covid-19, o marido dela mostrou intenção de comprar cotas da Sonoar, chegando a pagar uma parcela. O acordo foi desfeito meses depois, sem Luiz Carlos Avelino Júnior ser efetivado como dono oficial da empresa.

Para envolver a secretária na compra de respiradores, Péricles ainda fez conjecturas com a participação  dela em uma reunião no dia 3 de abril com o ex-secretário da Susam, Rodrigo Tobias, sobre as ações da pasta durante o ápice da pandemia da Covid-19 no Amazonas.

“Todo o interesse e a participação da secretária (Daniela Assayag) na reunião do dia 3 de abril, resultou pelo fato da Sonoar de fato pertencer ao marido da secretária de Comunicação”, relatou à imprensa, o deputado.

Daniela Assayag desconstruiu a informação de Péricles, dizendo que é praxe a participação em reuniões sobre as ações de secretarias, principalmente, no período de crise que foi o momento mais complicado da pandemia em Manaus.

“Eu estive sim na reunião, como estive em várias outras reuniões da FVS, da Susam de várias outras secretarias. É uma conduta minha ir às secretarias, conversar com os secretários”, afirmou ela.

Tentativa de manipulação

Durante o interrogatório com o ex-secretário da Susam, Rodrigo Tobias, na reunião da CPI da Saúde, o deputado Péricles parecia tentar conduzir as respostas de Tobias para comprometer Daniela, chegando a perguntar se ela estava na reunião para “autorizar” a compra de respiradores para Susam.

Na reunião, Rodrigo Tobias, em um tom de riso, chegou a dizer que não era ela que tinha a função técnica, como secretária de Comunicação, de autorizar compras na Susam e, sim, a Secretaria de Saúde.

Ao confirmar que participou da reunião com Tobias, Daniela Assayag ainda esclareceu que o objetivo do encontro não era tratar exclusivamente sobre respiradores, mas de diversas questões relacionadas à pandemia de Covid-19, no âmbito do Comitê de Crise criado para dar celeridade às demandas recebidas pela Secretaria de Comunicação.

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