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CPI: depoimento de Ernesto Araújo indica omissão do governo federal na crise de oxigênio no AM
Ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo (Pablo Jacob/Agência O Globo)
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18 de maio de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo na CPI da Pandemia nesta terça-feira, 18, esclareceu mais fatos sobre a atuação do governo federal e do Itamaraty na crise do oxigênio no Amazonas, em janeiro deste ano. O principal assunto foi em relação à doação de 107 mil metros cúbicos do insumo feita pelo governo venezuelano.
Questionado pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), se houve contato com a Venezuela para viabilizar a doação de oxigênio para o Estado, Ernesto afirmou que não houve e que “a doação foi oferecida pelo governo venezuelano”. Quando questionado sobre se houve ao menos um agradecimento às autoridades venezuelanas, o ex-ministro também deu resposta negativa.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), relembrou que a falta de mobilização do governo federal no auxílio ao transporte do insumo ao Amazonas fez com que fosse necessário trazer o oxigênio pela estrada BR-174, o que demorou dois dias e custou a vida de várias pessoas. Aziz apontou ainda que a omissão foi uma questão ideológica.
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“O oxigênio ‘tava’ vindo por estrada. Enquanto a gente não conseguia um voo para ir buscar oxigênio na Venezuela, o tempo para levar oxigênio da Venezuela até Manaus morreu muita gente. Poderia ter sido evitadas essas mortes, se Vossa Excelência [o ex-ministro Ernesto Araújo] tivesse agido. O Ministério das Relações Exteriores não fez contato com o governo venezuelano por questões ideológicas”, disse o senador.
Defesa de Ernesto
Em sua defesa, Ernesto Araújo pontuou que “O Itamaraty não age de maneira autônoma em temas de saúde, não teve condições da avaliar o momento, e que condições eram necessárias proceder esta ou aquela questão em relação ao sistema de saúde, no caso o suprimento de oxigênio”.
Sobre a doação de oxigênio feita pela Venezuela, Ernesto disse que “Assim que chegou possibilidade de doação determinei que fosse feito tudo pelo Itamaraty para viabilizar essa doação, sem nenhum problema político”. “Coloquei funcionários de alto nível para monitorar até durante a noite o transporte”, disse ele.
Crise no Amazonas
Levantamento da Folha de S. Paulo indicou que dados de vigilância em saúde mostravam um aumento exponencial de novos casos e de mortes por Covid-19, em Manaus, em dezembro de 2020. No dia 14, havia 399 pacientes internados em UTIs com o novo coronavírus ou com a suspeita de infecção pela doença. No dia 21, já eram 450. No dia 28, 540.
O agravamento da pandemia levou o Governo do Amazonas a editar um decreto com medidas restritivas e de distanciamento social, proibindo serviços não essenciais, em 23 de dezembro. Insuflados por políticos bolsonaristas, comerciantes protestaram nas ruas contra as medidas. O decreto foi revogado quatro dias depois.
Hospitais da rede pública continuaram recebendo mais pacientes com Covid-19, para além de suas capacidades, e, em janeiro de 2021, já havia um cenário de falta de leitos, inclusive com necessidade de transferência de pacientes para outros Estados. A alta demanda e com maior gravidade dos casos, provocou um aumento exponencial do consumo de oxigênio medicinal.
No pico da primeira crise, entre abril e maio de 2020, o consumo foi de 30 mil metros cúbicos. Em 11 de janeiro de 2021, chegou a 50 mil. No dia 13, 70 mil. E, no dia 14, quando houve o colapso, 76 mil.
Esse consumo continuou crescendo, até se aproximar dos 100 mil metros cúbicos. Faltou oxigênio nos principais hospitais da rede pública de saúde, inclusive no Hospital Universitário Getúlio Vargas, uma unidade de saúde federal. Pacientes morreram asfixiados e os primeiros levantamentos de investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF) em Manaus apontaram de 20 a 30 mortes.
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