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CPRM aponta que cheia do Rio Negro deverá chegar a 29,40 metros em Manaus
Segundo a pesquisadora Luna Gripp, é esperado um novo evento extremo este ano, mas uma possibilidade baixa do Rio Negro atingir a cota histórica de 2021 (Ricardo Oliveira/Cenarium)
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31 de março de 2022
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS — O Serviço Geológico do Brasil (SGB – CPRM) divulgou nesta quarta-feira, 31, o primeiro alerta de cheia do Rio Negro em Manaus de 2022. Segundo o órgão, a estimativa é que o nível da água deve atingir 29,40 metros este ano, considerando 80% de confiança. A cota atual do Rio Negro na régua que mede diariamente o comportamento das águas está em 27,16 metros.
No ano passado, o nível do Rio Negro alcançou, em 16 de junho, a maior cota da história, em 118 anos de medição, ao chegar a 30,02 metros. A probabilidade de que a marca seja superada em 2022 é baixa, afirma a pesquisadora em geociências do SGB – CPRM, Luna Gripp Simões Alves.
“A gente espera sim que este ano tenha grande probabilidade de acontecer um evento extremo, nessa recorrência de 15%, mas ao mesmo tempo a possibilidade de superar o nível do rio, em que a gente viu no ano passado, é bem baixa”, afirmou a pesquisadora.
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Em termos de referência, continua Gripp, a probabilidade de que o Rio Negro atinja a cota de inundação de 27,50 metros é de 99%, em 2022. Já a chance de que a cota de inundação severa de 29,00 metros seja ultrapassada é de 78%; por outro lado, previsão de que a cota máxima história de 30,02 metros seja atingida é de apenas 12%.
Os dados divulgados pelo CPRM são baseados nas informações da Rede Hidrometeorológica Nacional, de responsabilidade na Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (Ana), que tem o objetivo de avaliar a disponibilidade hídrica e conhecer o regime hidrológico das oito bacias hidrográficas brasileiras e sub-bacias constituintes. Além da previsão para Manaus, este ano o CPRM divulgou alerta para os municípios de Itacoatiara e Manacapuru.
Manacapuru
Em Manacapuru, município da Região Metropolitana de Manaus (RMM), a cota do Rio Solimões desta quarta-feira, 31, é de 17,52 metros. A previsão do CPRM é de que o nível da água que banha a cidade atinja 19,90 metros, em 2022, considerando 80% de confiança. A probabilidade de que a cota de inundação de 18,20 do rio seja superada é de 99% neste ano.
Segundo o CPRM, a probabilidade de que a cota de inundação severa de 19,60 metros seja atingida é de 70%. Já a chance de que a máxima histórica de 20,86 metros seja ultrapassada em 2022 é de apenas 4%, de acordo com o órgão.
Itacoatiara
Em Itacoatiara, a 270 quilômetros de Manaus, a cota do Rio Amazonas, cuja bacia é considerada a maior do mundo, é de 13,23 metros nesta quarta-feira, 31, segundo a pesquisadora Luna Gripp. A previsão é que o nível da água chegue a 14,70 metros em 2022, considerando 80% de confiança.
De acordo com o CPRM, a probabilidade de que o nível de inundação de 14,00 metros seja ultrapassado em 2022 é de 98%, enquanto que a chance de que a cota de inundação severa de 14,20 metros seja superada neste ano é de 94%. Já a possibilidade de que a máxima histórica de 15,20, registrada em 2021, seja alcançada, é de 8% apenas.
Acima do esperado
De acordo com o meteorologista Ricardo Dallarosa, do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a previsão do órgão para o próximo trimestre do ano é de chuva acima do esperado na Amazônia Ocidental. Um dos fatores que explica o nível de chuva acima da média se dá por conta do fenômeno La Niña que, oposto ao El Niño, é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental.
Segundo Dallarosa, quanto mais quente o mar, mais vapor da água é criado e isso causa ainda mais chuvas. A Amazônia, no entanto, começa a sentir as consequências do fenômeno La Ninã apenas cerca de três meses depois do início dela, sendo a condição alterada durante o percurso até a região.
“Precisamos observar que é uma alteração que leva um determinado tempo de retardo até ela começar na região Amazônica, porque ela não vem diretamente como vem a umidade do Oceano. Ela altera uma condição de circulação atmosférica a três ou dois quilômetros de distância, que é o caso da Amazônia, e então começa a influenciar as zonas aqui cerca de dois a três meses depois de instaurada lá”, explicou Ricardo Dallarosa.
Ainda segundo o meteorologista, o CPRM não espera o encerramento do La Niña num futuro próximo, por conta da consistência do nível das chuvas neste primeiro trimestre do ano e pelo retorno da condição de normalidade para o escoamento não acontecer imediatamente na Amazônia. Dallarosa afirma que a previsão é que o fenômeno permaneça nos próximos três meses.
“Da mesma forma que demora um pouco para se manifestar a condição na Amazônia, existe um pequeno delay [palavra em inglês para atraso] para se normalizar a condição de igualdade também”, reforçou Dallarosa.
Os próximos alertas do CPRM estão previstos para os dias 29 de abril e 31 de maio deste ano. Os eventos devem ser transmitidos no canal de YouTube da entidade, disponível no link.
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