Crise de oxigênio afeta mais de 1 mil cidades brasileiras e Amazonas mantém estoque sob controle

Avião militar C-130, da FAB, com cilindros de oxigênio para Manaus. (Reprodução/Aeronáutica)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um levantamento divulgado nesta sexta-feira, 9, comparou a gestão de Saúde de pelo menos 1.068 municípios brasileiros, que têm demonstrado preocupação sobre o estoque de cilindros de oxigênio e até desabastecimento. Para contrapor essas estatísticas, o Governo do Amazonas procura alternativas para manter o estoque do insumo hospitalar sob controle.

De acordo com dados divulgados pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), na quarta-feira, 7, o índice de municípios com dificuldades pode ser ainda maior, já que apenas uma parte respondeu ao questionário. Ao todo, gestores — como secretários, representantes de hospitais e de outras unidades de saúde que atendem pacientes de Covid-19 — de 2.411 municípios enviaram as informações.

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Feito há duas semanas, a pesquisa analisou os dados de boletins de Saúde das últimas semanas de março e terminou na terça-feira, 6, e traz alguns alertas sobre a situação dos estoques e impasses enfrentados pelos municípios, principalmente sobre a dependência de cilindros de oxigênio causada pela alta demanda de infectados por Covid-19.

Na amostra, a dependência de cilindros de oxigênio é o modelo visto como de maior dificuldade de fornecimento. Os 1.068 municípios informaram haver risco de desabastecimento em ao menos uma unidade em até dez dias.

Aumento no consumo

De acordo com o secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e o presidente do Cosems-SP, Geraldo Reple Sobrinho, que reúne gestores municipais do Estado, o consumo de oxigênio já melhorou, mas ainda têm regiões em risco. “Já melhorou, mas ainda não está equacionado. Ainda há algumas regiões em situação crítica”, segundo o último balanço feito pela entidade, junto aos municípios, apontava déficit de 2.578 cilindros.

Geraldo Sobrinho ainda salientou a problemática da logística no Estado, mesmo com boa produção de oxigênio. “São Paulo tem uma grande capacidade de produção. O problema é a logística. Com aumento dos casos, as empresas precisam trocar os cilindros várias vezes. Imagina fazer isso em uma cidade a mais de 50 quilômetros [de distância]”, diz.

No momento do balanço, a maior parte dos representantes disse ao Conasems que o município ainda conseguia fazer as compras, mas relatava aumento na demanda e dificuldades com fornecedores como pontos de preocupação. No geral, frases como “tem dias que não há cilindros suficientes para serem abastecidos e tem dias que o fornecedor não tem estoque de entrega” ou “há dificuldade de manter o estoque” foram enviadas junto às respostas.

Segundo o Conasems, o balanço teve adesão sobretudo de cidades de pequeno e médio porte. Em Capistrano, no Ceará, com 17 mil habitantes, por exemplo, não há UTI e antes da pandemia havia cilindros de oxigênio para manter seus dois leitos de internação. Atualmente, são 15 internados, todos com necessidade de oxigênio.

Panorama do desabastecimento de oxigênio:

2.411 é o total de cidades que responderam ao levantamento:

  • 87% tinham estrutura de armazenamento de oxigênio exclusivamente com cilindro
  • 0,6% exclusivamente tanque
  • 7,8% ambos
  • 4,6% não se aplica

Do total, em 1.068 cidades os gestores relataram risco de desabastecimento de cilindros de oxigênio em até dez dias na cidade ou em ao menos uma unidade, e 57 relataram risco de desabastecimento também de tanques de oxigênio.

Consumo no AM

Embora o cenário seja de redução na curva da pandemia no Amazonas, o governo estadual, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), já trabalha no Plano de Contingência, caso o Estado venha a enfrentar um novo pico. Entre as medidas em planejamento está o abastecimento de oxigênio, insumo muito demandado nas internações hospitalares devido às peculiaridades da Covid-19.

De acordo com a White Martins, a produção da empresa no Amazonas, hoje, é de 36 mil metros cúbicos (m³) por dia, em média. Já o consumo da rede estadual de saúde está de 17 mil m³/dia. No segundo pico da pandemia no Estado, a demanda chegou a 80 mil m³ para atender toda a rede, na capital e no interior. Os representantes da White Martins informaram, ainda, que a capacidade atual de armazenamento em Manaus é de 250 mil metros cúbicos.

Nos países europeus, o intervalo entre a segunda e a terceira onda foi entre 50 e 21 dias. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), no segundo pico no Amazonas, em janeiro deste ano, o número de casos subiu gradativamente durante 21 dias e foram necessários 40 dias para desacelerar. Os indicadores estaduais continuam sendo monitorados e ainda mostram tendência de queda no número de casos, internações e óbitos por Covid-19.

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