Cruzeiro do Sul (AC) é reconhecida oficialmente como capital da farinha
Por: Ana Cláudia Leocádio
23 de dezembro de 2024
BRASÍLIA (DF) – O título de ‘Capital Nacional da Farinha de Mandioca’ foi concedido ao município de Cruzeiro do Sul (AC), mediante sanção da Lei n.º 15.051, feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De autoria do senador Alan Rick (União-AC), o projeto de lei foi aprovado pelo Congresso Nacional e teve a sanção publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 23.
O livro ‘Indicação Geográfica da Farinha de Mandioca de Cruzeiro do Sul’, de autoria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), publicado em 2017, fez um estudo durante 12 anos sobre esse produto tão importante para os acreanos.
No mesmo ano da publicação, a farinha recebeu o selo de indicação geográfica. Em 2019, a farinha de Cruzeiro do Sul também virou ‘patrimônio cultural do Estado do Acre’, reconhecendo a história e os saberes dos produtores que domina a culinária amazônica.
“A produção da ‘farinha de Cruzeiro do Sul’, trazida por imigrantes nordestinos e adaptada por agricultores indígenas e não indígenas locais, é mais do que uma tradição secular, é uma identidade local que faz jus ao nome por sua notoriedade e reconhecimento de um produto de fabricação tradicional com qualidade”, afirmam os autores.
Ao justificar sua proposta de tornar o segundo maior município do Acre, na Capital da Farinha de Mandioca, o senador Alan Rick disse que o município tem na farinha de mandioca um alimento essencial de sua culinária, sendo utilizada em diversas preparações, como o famoso ‘pirão’ e a ‘farofa’.
“Além disso, a produção da farinha gera diversos empregos, contribuindo com a economia local e, por essa razão, o título de Capital Nacional é uma forma de reconhecer a importância da farinha produzida na região e de valorizar o trabalho dos produtores locais”, afirmou Rick.
Conforme o parecer do deputado Zezinho Barbary (Progressistas-AC), Cruzeiro do Sul é responsável por 42% da mandioca produzida no Estado do Acre e o faturamento bruto da farinha de mandioca foi de R$ 55 milhões no Vale do Juruá, em 2022.
“A maioria dos agricultores de Cruzeiro do Sul pratica a monocultura, tendo a mandioca como único item agrícola produzido, que depois é processada e vira farinha, biscoito e outros itens, que movimentam a economia do município”, argumentou.
Característica própria
Barbary explicou, ainda, as características da farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul, com alto teor de amido (sempre superior a 80%); a coloração (variando entre branco e creme); e a granulometria (que classifica a farinha como grossa, média ou fina), bem como a crocância inconfundível, uma vez que o teor de umidade permanece sempre entre 8,10 e 12,02%.
“Para sua fabricação, há uma técnica a ser seguida, de acordo com a tradição antiga. No Vale do Juruá, as casas de farinha são compartilhadas por diversas famílias no processo de produção, conhecido como ‘farinhada’. O processo de produção é artesanal e, desde o início do século XX, por ocasião da colonização daquela fronteira brasileira, vem sendo passado de pais para filhos”, complementou.
O objetivo dos parlamentares acreanos com esse título, é incentivar a comercialização da farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul em todo o País, contribuindo para a divulgação da culinária e das tradições cruzeirenses.