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‘Cuida de mim e da minha família há muito tempo’, diz Bruno Gagliasso ao visitar Babalorixá na Bahia
O Babalorixá Balbino Daniel de Paula (à esquerda) e o ator Bruno Gagliasso (à direita) (Reprodução/Instagram)
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03 de outubro de 2021
Priscilla Peixoto – Da Cenarium
MANAUS – Na manhã desse sábado, 2, o ator Bruno Gagliasso postou no Instagram a visita que fez ao terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Aganju, localizado em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, Bahia. Durante a visita a um dos mais tradicionais terreiros do Estado, tombado pelo Instituto Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), Bruno, em tom de gratidão, escreveu sobre a felicidade de reencontrar com o pai santo e mãe de santos queridos por ele e pela família.
“A felicidade de bater cabeça e tomar a bênção de quem há tanto tempo cuida de mim e da minha família. Viva Pai Balbino e Mãe Fabiana de Paula”, postou Bruno, posando junto ao pai Balbino Daniel de Paula, fundador do terreiro que, em 2022, celebra 50 anos de existência.
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Figura conhecida e respeitada no Brasil e no exterior pelos praticantes e simpatizantes do candomblé, uma religião de matriz africana, o Babalorixá Balbino Daniel de Paula, conhecido como Obaràyí, 62, fundou o terreiro em 1972. Dois anos depois, o lugar passou a ser intitulado como Sociedade Civil Religiosa Ilê Axé Opô Aganjú. O lugar, inclusive, desenvolve um trabalho social com a Creche Vovó Ana, que atende crianças da comunidade em Lauro de Freitas.
Bruno e o empresário Carlos Tourinho ao lado de Balbino e Mãe Fabiana (Reprodução/Twitter)
Bruno e família
Casado com a atriz Giovanna Ewbank, volta e meia o casal toma conta das páginas de notícias e redes sociais por se mostrar aberto a novas possibilidades, quebrando tabus ao falarem abertamente sobre religião e por uma das iniciativas mais comentadas, a adoção dos filhos Titi e Bless. Em 2016, durante uma viajem ao Malawi, País situado ao sudeste da África, Bruno e Giovanna deram início ao processo de adoção da menina Chissomo, a Titi.
“Para mim, foi também um reencontro. Giovanna teve esse reencontro com ela, porque elas com certeza se conhecem de outras vidas. Quando eu cheguei [ao Malawi, onde o casal conheceu Titi], a expectativa era muito grande porque Giovanna já tinha sido bem recebida pela Chissomo e comigo foi a mesma coisa. Não consigo esquecer dela correndo de braços abertos. Ela nunca tinha me visto, me abraçou e veio… É muito forte”, relatou Bruno, em entrevista para a Agência O Globo.
O segundo filho também foi adotado no Malawi, em 2019. O menino de 4 anos chamado Bless foi recebido pela família em clima de comemoração. “É com enorme alegria que comunicamos a chegada de Bless Ewbank Gagliasso, o segundo filho do casal Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso”, expressou o comunicado oficial da assessoria do casal na época.
Giovanna Ewbank, Bruno Gagliasso e os três filhos (Reprodução/ Instagram)
Sem amarras e preconceitos
Na leitura do coordenador-geral da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades de Tradicionais de Matriz Africana (Aratrama), pai Alberto Jorge, a atitude de Bruno de mostrar que é adepto do candomblé e agradecer aos cuidados dispensados à família, de forma livre e sem medo de julgamentos, denota, antes de tudo, coragem.
“A atitude dele em publicizar é algo muito bonito. Em um País tão cheio de preconceitos, é também um ato de coragem em quebrar paradigmas e essa hipocrisia que a sociedade insiste em manter invisibilizando a população negra e toda visão de mundo africana. Isso é positivo, e quem dera se todos os famosos e personalidades assumissem de forma tão natural como ele que frequentam e procuram os nossos cuidados. Isso acontece porque ainda há quem considere que procurar um pai ou mãe de santo é algo inferior, fruto da ignorância, na verdade”, comenta pai Alberto.
Candomblé
O conteúdo em volta do que se trata o candomblé é rico e extenso. De forma resumida, é a união de diversos cultos africanos trazidos pelos negros escravizados da África para o Brasil nos tempos em que o País era colônia de Portugal. Acredita-se que a união tenha surgido na Bahia, se espalhando pelo Nordeste e, então, se espalhado para o restante do País.
Por advir da mistura de povos, a religião não é praticada de uma única maneira, aliás, o candomblé que conhecemos no Brasil não existe em outros países. Por este motivo não é considerado uma religião totalmente africana e, sim, afro-brasileira.
Além da fé, a religião mantém viva a cultura e ancestralidade de vários povos (Reprodução/Fora do Eixo)
Orixás
Tendo como significado “dança com atabaques”, a religião cultua os orixás, quase sempre reverenciados por meio de oferendas, danças e cantos. Por serem proibidos de vivenciar de forma plena sua religião, os escravos usavam as imagens de santos como forma de escapar da censura e do castigo, por isso a história do candomblé passa a se misturar com o catolicismo. Uma fusão que resulta no “sincretismo religioso”.
Apesar da fusão, há terreiros e candomblecistas que não se curvam ao sincretismo e lutam pelo resgate das origens. Um ponto curioso é que, no Brasil, a religião monoteísta que acredita na existência da alma e na vida após a morte ganhou viés mais matriarcal, diferente da África, onde a forma patriarcal predomina.
A Lei Federal 6.292, de 15 de dezembro de 1975, tornou certos terreiros de candomblé patrimônio material ou imaterial passíveis de tombamento, preservando a herança cultural e a ancestralidade.
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