Cúpula da CPI avança na identificação de propagadores de fake news durante a pandemia

Até agora, oito pessoas próximas ao presidente e ao seu entorno tiveram os sigilos telefônico e telemático quebrados pela comissão (Jefferson Rudy/Agência Senado)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – Concentrada nas últimas semanas na apuração de irregularidades na compra de vacinas, a cúpula da CPI da Covid avança, sem alarde, sobre outra linha de investigação que preocupa o Palácio do Planalto: a identificação e responsabilização de aliados do presidente Jair Bolsonaro que teriam disseminado notícias falsas na pandemia, como o desestímulo ao uso de máscara e o incentivo ao tratamento com medicamentos ineficazes, como a cloroquina.

Até agora, oito pessoas próximas ao presidente e ao seu entorno tiveram os sigilos telefônico e telemático quebrados pela comissão. Além disso, a CPI requisitou às empresas responsáveis por redes sociais o conteúdo já publicado nas contas ligadas ao grupo, para evitar que provas sejam apagadas.

PUBLICIDADE

Dessa forma, a cúpula da CPI pretende mapear quem está por trás da propagação de notícias falsas e qual a relação dos suspeitos com o governo. O principal alvo é o chamado “gabinete do ódio”, grupo que seria ligado ao presidente e ao seu filho Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro pelo Republicanos e apontado como o responsável informal pela comunicação digital do governo.

Três assessores do Planalto apontados como parte desse gabinete tiveram seus sigilos quebrados pela comissão: Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz.

Também foram alvos das quebras nomes como o assessor Carlos Eduardo Guimarães, do gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e o blogueiro Allan dos Santos, alvo do inquérito dos atos antidemocráticos do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é suspeito de incentivar o uso das Forças Armadas contra os Poderes, o que é inconstitucional.

Quatro etapas

A cúpula da CPI tem dividido as investigações relacionadas a notícias falsas em quatro etapas. Depois do gabinete do ódio, entrarão na mira influenciadores digitais — os internautas com grande quantidade de seguidores — que estimularam fake news sobre a Covid-19.

Até o momento, a CPI identificou 13 influenciadores que teriam esse perfil, dentre eles Olavo de Carvalho, apontado como guru ideológico do bolsonarismo. Em terceiro lugar serão identificadas mídias que tenham propagado notícias falsas. E, por fim, entrarão na mira cerca de 70 perfis falsos ou anônimos.

Depois dessa análise, a comissão planeja solicitar a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos suspeitos para rastrear quem financiava essas redes e como lucraram com a disseminação de conteúdos falsos. Documentos obtidos pela CPI da Covid, já revelados pelo GLOBO, mostram que propagadores de fake news durante a pandemia lucraram cerca R$ 230 mil.

“Temos uma oportunidade única para avançar em direção ao gabinete do ódio. Estamos continuando a investigação a partir do que foi coletado pela CPMI (das Fake News) e pelo próprio Supremo. Lembrando que a disseminação de fake news que será investigada na CPI é coincidente com o período da pandemia”, diz o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão.

Em entrevista ao GLOBO, o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, reforçou a nova linha de investigação do colegiado. “Além da vacina, agora estamos com uma assessoria boa para a questão das fake news, o nosso quarto foco”, afirmou.

Para auxiliar nessa linha de apuração, a comissão solicitou o reforço de um delegado da Polícia Federal que atuou na CPMI das Fake News. Além disso, a CPI da Covid pedirá à Polícia Civil do Distrito Federal a cessão de um sistema eletrônico que permite rastrear os donos de redes sociais sem identificação e verificar com quais pessoas eles se comunicaram pela internet. O objetivo é mapear quem estaria arregimentando um exército de robôs que espalham notícias falsas e atacam instituições.

Veja a matéria completa no site

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.