Curitiba estende lockdown e suspende ônibus para conter o avanço da Covid-19

Esses são os principais achados de um artigo publicado na última quarta-feira, 14, na revista Science (Clevis Massolla/Folhapress)

Com informações da Folha de São Paulo

CURITIBA – Com o sistema de saúde colapsado, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), estendeu nesta sexta-feira, 19, o lockdown na cidade até o dia 28 de março para frear o avanço da pandemia. A medida estava em vigor desde o sábado passado, 13. No mesmo sentido, o governo do Paraná endureceu as restrições em onze municípios da região metropolitana da capital.

Por determinação do presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TC/PR), Fábio Camargo, o transporte coletivo também foi suspenso em Curitiba a partir deste sábado, 20. Ele determinou ainda que o município assegure o fornecimento de transporte para os trabalhadores da área da saúde e aos que atuam nas demais atividades essenciais.

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Greca criticou a suspensão e afirmou que irá recorrer da decisão. “Uma grande cidade precisa do ir e vir dos intensivistas, dos que limpam, varrem, seguram doentes como cuidadores em casa. Não podemos desligar a cidade como um todo. Se as pessoas ficarem em casa e com a bandeira vermelha, a tendência é que o transporte coletivo fique mais vazio”, disse.

O painel de controle de leitos da prefeitura de Curitiba indica que não há mais UTIs disponíveis para pacientes com Covid-19 na capital. Ao anunciar a prorrogação do isolamento, a secretária de Saúde, Márcia Huçulak, relatou ainda dificuldades para comprar medicamentos necessários para intubação de pacientes e de respiradores, principalmente por hospitais privados.

Greca aproveitou o anúncio para pedir o apoio da população no respeito ao isolamento e criticou os que negam a situação da pandemia e pedem pelo chamado “tratamento precoce”, com remédios como ivermectina e cloroquina, sem eficácia contra a Covid-19.

“A pandemia está descontrolada. É preciso que todos os negacionistas coloquem a verdade na cabeça. A maior privação da liberdade é a morte. O morto não fatura, não compra, não vende, não ama, não faz ginástica, não vai ao parque, não milita politicamente. A Covid-19 não é lombriga que a ivermectina cura. A cloroquina não mata o vírus, se não Manaus estaria ótima, já que lá muitos tomam esse remédio para malária”, declarou.

Segundo Huçulak, a primeira semana de lockdown já apresentou resultados, como redução no índice de transmissão da doença de 1,41 para 1,10 e no número de casos ativos, mas é preciso prorrogar a medida diante da lotação de hospitais e de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que têm funcionado como retaguarda para atender pacientes de Covid-19.

As onze cidades que fazem divisa com Curitiba também terão regras mais duras de combate à pandemia até o próximo dia 28, segundo decreto do governo estadual. Os outros 17 municípios da região metropolitana apenas foram recomendados a aderir às medidas.

Estão suspensas as atividades comerciais e os serviços não essenciais de qualquer modalidade, como bares, tabacarias, salões de beleza, feiras de artesanato e feiras livres. Podem funcionar, com horário restrito, mercados, quitandas, mercearias e comércio de produtos para animais.

No anúncio, o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, criticou os que insistem em não seguir as restrições. “Uma pequena parcela de paranaenses ainda não entendeu que a doença é terrível e está infelizmente matando muita gente. Vamos continuar falando, porém chega num limite que a conscientização tem que ajudar. Estamos num momento dramático”, disse.

As demais regiões do Estado continuam seguindo o decreto que vale até o dia 1º de abril e divide as restrições conforme a população. O toque de recolher entre 20h e 5h permanece.

Apesar de a fila ter diminuído em uma semana, há ainda 620 pessoas aguardando por leitos no Paraná. O painel do governo estadual indica ocupação de 95% das UTIs. Porém, considerando os leitos não exclusivos, mas que também abrigam doentes de Covid-19, a taxa chega a 138%.

Beto Preto afirmou que, mesmo com leitos em falta, não há registro oficial de doentes que morreram à espera de vagas. “Estamos observando a fila todos os dias, abaixou um pouco, mas continua alta. Ninguém está desassistido porque, de alguma forma, em algum leito de hospital, de UTI, este paciente está acolhido, nem que seja no transporte pelo Samu”, conclui.

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