Custo de vida em Belém pode disparar com a COP30, dizem especialistas


Por: Fabyo Cruz

25 de fevereiro de 2025
Custo de vida em Belém pode disparar com a COP30, dizem especialistas
Trabalhadores na área central de Belém, capital do Pará (Márcio Nagano/CENARIUM)

BELÉM (PA) – A realização da 30ª Conferencia das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, em novembro deste ano, promete trazer impactos significativos para a economia da cidade, especialmente no custo de vida da população. Com o aumento da demanda por serviços, moradia e alimentação, especialistas alertam que os preços devem subir já nos meses que antecedem o evento e que alguns valores podem não retornar aos patamares anteriores.

Para o economista e consultor de empresas Valfredo de Farias, a tendência de alta nos preços durante eventos de grande porte já é observada em outras cidades turísticas do Brasil, como o Rio de Janeiro em períodos de alta temporada. “Quando há uma grande demanda, os preços aumentam. Isso ocorre no comércio, no setor de vestuário, alimentação, feiras livres, restaurantes e lazer. Tudo deve ficar mais caro em Belém”, explica.

O mercado imobiliário já sente os efeitos dessa expectativa. De acordo com Farias, aluguéis estão sendo reajustados com antecedência, com muitos proprietários elevando os valores na esperança de lucrar mais próximo ao evento. “Muita gente já percebe que pode cobrar mais caro. E quanto mais próximo da COP, mais sentiremos esse impacto”, ressalta.

Moradia, alimentação e lazer devem ficar mais caros com a COP30 (Tânea Rêgo/Agência Brasil)

Além da alta de preços durante o evento, há preocupação com os reflexos econômicos no período posterior. “Depois da COP, a economia deve demorar pelo menos de três a seis meses para se estabilizar, mas alguns preços dificilmente voltarão ao que eram antes. Quem conseguiu alugar por um preço alto pode não querer reduzir depois”, avalia o economista.

Outro ponto de atenção é o destino dos trabalhadores temporários que chegaram à cidade para atuar nas obras de infraestrutura ligadas ao evento. Farias alerta que, sem planejamento do poder público, há risco de aumento da informalidade e da ocupação irregular de terrenos. “Se o Estado e o município não criarem políticas para absorver essas pessoas, poderemos ver um crescimento da favelização e da violência, como ocorreu em Tucuruí após a construção da usina”, compara.

Valfredo de Farias, economista e consultor de empresas (Arquivo pessoal)

O papel de órgãos como Procon e Ministério Público será crucial para evitar abusos nos preços. No entanto, Farias pondera que a lógica de mercado ainda predomina. “Se houver gente disposta a pagar aluguéis exorbitantes, o mercado continuará subindo. O controle sobre isso é difícil”, observa.

Apesar dos desafios, ele vê oportunidades para Belém no longo prazo. “A cidade vai ganhar visibilidade mundial, o que pode impulsionar o turismo e o setor de serviços. Belém tem potencial para se tornar um polo de negócios na Amazônia, algo semelhante ao que ocorre em São Paulo, onde muitas pessoas vão para fechar contratos e aproveitam para fazer turismo”, argumenta.

Para Valfredo, a expectativa é que a COP30 marque uma mudança estrutural na economia local, elevando o status de Belém no cenário internacional. No entanto, a transformação precisa ser acompanhada de políticas públicas que garantam um desenvolvimento equilibrado e evitem que o custo de vida torne-se insustentável para a população local.

Leia mais: ‘Quero que vejam Belém como ela é’, diz Lula em discurso sobre COP30
Editado por Izaías Godinho

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