Manifestação de caminhoneiros pode ter causado acidente em ponte da BR-319; Três mortos e 14 feridos foram confirmados

Defesa Civil e Corpo de Bombeiros atuam em conjunto no local (Ívina Garcia/CENARIUM)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

CAREIRO CASTANHO (AM) – A ponte do Rio Curuçá, localizada no quilômetro 25 da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), desabou por voltada das 7h da manhã desta quarta-feira, 28, após uma manifestação ter paralisado caminhões sobre a ponte. Vídeos que circulam nas redes sociais registram o momento em que, pelo menos, dois caminhões estão no local causando ainda mais pressão na ponte que já apresentava risco de ceder.

De acordo com os relatos, eles estavam descontentes com a recomendação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) emitida na tarde de terça-feira, 27, pedindo que apenas veículos leves trafegassem pelo local por causa da erosão do solo.

Carro grande não consegue passar, mas carro pequeno passa. ‘Os caras’ fecharam a ponte, isso aqui é uma ‘sacanagem’. Se o carro pequeno consegue passar por que eles fecharam a ponte?“, indaga um dos motoristas de caminhão que participou do pequeno protesto realizado na manhã desta quarta-feira, minutos antes da ponte ceder.

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Veja vídeo:

Um dos caminhões, inclusive, carregava sacos de cimento e um minitrator (Ívina Garcia/CENARIUM)

O acidente aconteceu por volta das 7h15 da manhã e, pelo menos, 80 homens da Polícia Militar, Polícia Civil, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros atuaram em conjunto, no local, desde as 9h, quando iniciaram os trabalhos de resgate dos corpos presos nas ferragens.

Resgate dos corpos no local do acidente (Ívina Garcia/CENARIUM)

Atendimento hospitalar

Ao todo, 14 pessoas feridas foram transferidas para unidades hospitalares, em Manaus, duas foram transferidas para o Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo e cinco para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, na qual onze já receberam alta médica, informou a Secretaria de Saúde do Amazonas.

Equipes dos Bombeiros fizeram o resgate e o IML encaminhou os corpos para a capital (Ívina Garcia/CENARIUM)

Outros dois feridos foram encaminhados para o Hospital Regional de Careiro Castanho. Postos de atendimentos foram montados no Porto da Ceasa, localizado na Zona Sul de Manaus, e próximo à cabeceira da ponte para atender os familiares das vítimas que ainda estavam sendo removidas do rio.

De acordo com o secretário de Segurança do Amazonas, coronel Mansur, não há número exato de quantas pessoas tenham morrido no acidente e que ainda estão submersas no Rio Curuçá, mas três já foram identificadas, duas do sexo masculino e uma do sexo feminino, e resgatadas para a superfície.

“No fundo do rio, por enquanto, levantamos o número de 15 pessoas, mas não tenho essa confirmação, precisamos esperar um pouco mais. Estamos com uma equipe de três mergulhadores e estão vindo mais mergulhadores para cá. O rio é escuro e temos essa dificuldade”, afirma o secretário.

Perda irreparável

“Minha mãe faleceu nesse trágico acidente, gravíssimo, provocado por irresponsabilidade dos governantes que não fazem as coisas corretas que tem que ser feitas. Infelizmente, pessoas inocentes têm que pagar com a vida pela imprudência e descaso dos governantes”, disse Paulo Magno Viana Marques, 48 anos, filho de uma das vítimas do acidente.

A mãe de Paulo precisou sair do veículo por causa da interdição e dos caminhões que estavam parados na ponte e seguiu andando por ela no momento do acidente. O padrasto de Paulo estava junto com a mãe dele, na hora do acidente, mas sobreviveu e estava recebendo atendimento médico do outro lado da ponte.

“Ela estava na ponte quando desabou, infelizmente, estava ela e meu padrasto. Ele conseguiu se salvar, mas, infelizmente, minha mãe não. Nós somos cinco irmãos e todos estão, agora, chorando a morte da nossa mãe, como outros parentes de outras vítimas que estão aqui”, relatou.

Paulo acompanhava a remoção dos corpos na margem do Rio Curuçá, esperando a chegada do corpo da mãe. O autônomo se aproximava dos mergulhadores, que chegavam à margem trazendo os corpos em barcos improvisados. “Muito grande para ser minha mãe“, disse ele ao analisar um dos corpos.

Em conversa com a REVISTA CENARIUM, Paulo fez um apelo às autoridades. “Cuidem mais das nossas estradas. Infelizmente, vidas foram ceifadas pela imprudência, não se sabe de quem, mas espero que alguém consiga apurar essa situação“, lamentou.

Pronta resposta

O gabinete de crise, acionado pelo governador do Estado, Wilson Lima, foi ativado no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), localizado na Zona Centro-Sul da capital, sob a coordenação do secretário de Segurança Pública, general Carlos Alberto Mansur.

Governador do Estado, Wilson Lima, em entrevista aos jornalistas no local da ocorrência (Reprodução/Secom)

O Governo do Estado estuda, juntamente com o Dnit e a PRF, o envio de balsas para realizar o deslocamento de veículos enquanto o governo federal trabalha na reconstrução da ponte.

“Conversei com o ministro de Infraestrutura, Marcelo Sampaio, e também com o presidente do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), o general Santos Filho, que deve estar chegando de hoje para amanhã no Estado do Amazonas para acompanhar essa situação”, afirmou o governador do Amazonas.

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