David Almeida insinua recado a Omar e Braga: ‘Não vou aceitar que me indiquem qualquer vice’
24 de julho de 2024

Jadson Lima – Da Cenarium
MANAUS (AM) – O prefeito de Manaus e pré-candidato à reeleição, David Almeida (Avante), declarou em entrevista ao Fiscaliza Geral, programa da Rede Onda Digital, no último dia 1º de julho, que não aceitará pressões de políticos aliados para a indicação do candidato a vice-prefeito na sua chapa. Almeida diz que ainda não definiu o nome que caminhará ao seu lado na busca pelo segundo mandato na eleição marcada para 6 de outubro.
A declaração do prefeito foi entendida como um recado aos senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM), principais líderes dos partidos que integram, hoje, o arco de alianças de David Almeida. Ele disse que o vice da chapa à reeleição será escolhido por meio de diálogo e apoio e deve ser um candidato influente para contribuir com a próxima gestão, caso ele seja eleito.
“Eu sou o candidato, não vou aceitar que me indiquem qualquer vice. Não é assim. Eu tenho aliados e dentro [desse arco de aliança] nós buscaremos um vice entre os nomes que compõe a nossa base aliada“, declarou o prefeito, durante a entrevista. Assista a seguir.
Informações de interlocutores de Almeida apontam que, internamente, há movimentos políticos que devem resultar na construção de uma chapa puro-sangue, com o ex-secretário de Infraestrutura (Seminf) Renato Júnior, amigo pessoal do prefeito e homem de confiança. Renato tenta viabilizar o próprio nome junto a Omar Aziz e Eduardo Braga.
Publicamente, David Almeida disse que também tem como nome para vice, a ex-secretária de Saúde Shádia Fraxe, médica, economista, especialista em Saúde da Família.

O grupo político do pré-candidato à reeleição em Manaus conta com o apoio de cinco partidos que além do Avante, tem o MDB, PSD, DC e Agir. Na terça-feira, 23, Almeida disse que a escolha do vice deve ser definida no início de agosto. A convenção do Avante está marcada para ocorrer no dia 3 de agosto, no espaço Via Torres em Manaus, na Zona Centro-Sul de Manaus.
Apoio de Lulistas
Antes apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), David Almeida buscou aproximação com os senadores do Amazonas que têm forte interlocução com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora sejam filiados a partidos de centro-direita, os parlamentares que apoiaram Lula nas eleições presidenciais de 2022 caminham ao lado de Almeida nas eleições municipais deste ano. Eles têm um acordo em que o atual prefeito se compromete finalizar o mandato, caso seja reeleito.
A retomada da aliança entre Almeida, Braga e Omar se fortaleceu nos últimos seis meses após a ruptura entre o prefeito e o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil). Em agosto de 2023, Almeida reuniu-se em Brasília com o ministro das Cidades, Jader Filho, para viabilizar recursos nas áreas de habitação e infraestrutura na capital amazonense. O encontro foi possível com a ajuda de Braga, que pertence ao mesmo partido do governador Pará, Helber Barbalho, irmão de Jader Filho.

Já Aziz apareceu em uma série de agendas públicas ao lado de Almeida nos últimos meses. Em uma delas, ocorrida no final de junho em Manaus, o senador pelo PSD elogiou a postura de Almeida durante a entrega de veículos do Governo Federal para garantir melhorias no Sistema Único de Assistência Social (Suas). Na última quinta-feira, 18, Aziz afirmou em entrevista ao Radar Amazônico que “sobre a questão de apoiar o David [Almeida] estamos conversando. É uma decisão que o Eduardo [Braga] vai ter“.

Padrinhos políticos
A relação de aliança entre Almeida e os senadores Braga e Aziz já foi forte no passado. Em 2010, o atual prefeito de Manaus foi eleito deputado estadual do Amazonas pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN), legenda que integrava a coligação de Aziz e Braga, candidatos naquela eleição aos cargos de governador e senador, respectivamente. Ele foi eleito com 24.479 votos.

Quatro anos depois, Almeida disputou a reeleição pelo PSD de Aziz, foi eleito com menos votos (24.189) e deixou o partido em 2017 após uma ruptura que resultou na cassação de José Melo. Na época, Almeida era o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), assumiu interinamente o governo estadual e apoiou a ex-deputada Rebecca Garcia (PP) para a sucessão. Naquela eleição suplementar, Aziz apoiou o candidato Amazonino Mendes (PDT).