Defensor da abertura do comércio na pandemia, senador Eduardo Braga quer indiciar Wilson Lima na CPI da Covid

Eduardo Braga e Wilson Lima: propaganda eleitoral saiu da esfera do debate político (Reprodução/Internet)

Paula Litaiff – Da Revista Cenarium

Um dos principais defensores da abertura do comércio em Manaus, quando a capital foi atingida pela nova variante do novo coronavírus em dezembro de 2020, o senador Eduardo Braga (MDB) quer indiciar o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), pela falta de oxigênio nos hospitais em janeiro, gerada com o alto índice de contaminacão do vírus no Estado. O senador é adversário político de Lima e deve concorrer ao governo em 2022.

Braga, que já foi governador por dois mandatos no Amazonas, deixou de abrir leitos especiais para Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no interior do Estado. A falta dessa estrutura, seguida por gestões estaduais posteriores, agravou a situação de pacientes com Covid-19 neste ano.

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Nesse domingo, 24, o senador Eduardo Braga protocolou um adendo ao relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, relatado pelo senador Renan Calheiros (MDB), pedindo o indiciamento de Wilson Lima e do ex-secretário de Saúde do Estado Marcellus Campêlo.

O principal argumento de Braga pelos dois indiciamentos é a responsabilidade pela crise da falta de oxigênio no Amazonas no início deste ano, quando o grande número de infectados pela nova e agressiva cepa do novo coronavírus, a P1, fez superlotar os hospitais públicos e particulares.

Na época, a vacina não tinha chegado ao Amazonas, e a principal forma de prevenir a contaminação pela Covid-19 era o isolamento social. Diante disso, o governador Wilson Lima decretou o fechamento parcial do comércio em Manaus, antes das festas de final de ano, em dezembro de 2020.

Braga foi contrário ao fechamento do comércio. Em mensagem publicada em sua página no Facebook, no dia 26 de dezembro, o senador afirmou que não era “hora de fechar o comércio sob pena de prejudicar o empreendedor e principalmente o trabalhador”.

Reprodução Facebook/Eduardo Braga

“O momento é de responsabilidade de todos, de redobrar os cuidados com a saúde adotando medidas de prevenção como o uso de máscaras, distanciamento e álcool em gel”, declarou, sendo criticado por internautas de seguir o negacionismo científico do presidente Jair Bolsonaro. Na CPI da Covid, Bolsonaro foi indiciado por crime contra a humanidade.

Interesse eleitoreiro

Durante o andamento da CPI da Covid, em junho, Eduardo Braga foi acusado pelo senador Telmário Mota (Pros-RR) de usar a comissão para fazer palanque político após Braga ter inserido um membro do partido dele, o deputado estadual Fausto Júnior, para depor contra Wilson Lima.

Para Telmário, o deputado Fausto serviu de manobra de um instrumento político. O deputado foi relator da CPI da Covid na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), instalada, inicialmente, para investigar gestões estaduais no período de 2011 a 2020, mas focou na administração do governador Wilson Lima, que assumiu o cargo em janeiro de 2019.

“Hoje eu vi uma disputa política no Estado do Amazonas a toda prova, à flor da pele. Deputado Fausto, Vossa Excelência tem sido manobra de um instrumento político nacional e estadual. Olhe só, a CPI que Vossa Senhoria foi relator, ia abranger o período de 2011 a 2020. Portanto, ela ia pegar o governo do senador Omar, José Melo, David Almeida, Amazonino Mendes e Wilson Lima, ou seja, nesse período pegava esses governos todos, mas ela só centrou o serviço em cima do governador Wilson e de David Almeida. De cara, essa CPI perdeu a função e já é certo que foi uma CPI seletiva”, disse Telmário, na época.

Declaração falsa

Eduardo Braga, também, foi acusado de mentir, em uma declaração à CPI da Covid, ao afirmar que não houve aumento de leitos de Unidade de Terapia Intensiva em Manaus, no período da pandemia da Covid-19, início de 2020 até hoje.

Dados da Secretaria de Atenção à Saúde, disponibilizados via Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), mostram que, em janeiro de 2020, esse tipo de leito somava 533 unidades na capital e, atualmente, chega a 935, um acréscimo de 75,42%.

Governador do Amazonas de 1o de janeiro de 2003 a 30 de março de 2010, Braga não abriu leitos de UTI no interior do Estado, segundo registros do CNES. Durante os momentos críticos da pandemia no Estado amazonense, o interior foi duramente afetado com a falta dessa estrutura.

A primeira ala de Unidade de Terapia Intensiva no interior do Amazonas foi inaugurada neste ano, no Hospital Jofre Cohen, no município de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), pela equipe de saúde de Wilson Lima.

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