Defesa do garimpo pode custar caro a parlamentares do AM
Por: Fred Santana
19 de setembro de 2025
Parlamentares do Amazonas passaram a criticar publicamente a Polícia Federal (PF) e o Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após uma operação contra o garimpo ilegal realizada em Manicoré (AM) e Humaitá (AM) em 15 de setembro deste ano. A ação dos agentes federais na região sul do Estado provocou confrontos entre agentes e moradores, que foi o estopim para as críticas. O movimento dos parlamentares pode ser interpretado como uma tentativa de aceno a grupos que defendem a atividade, com foco nas eleições de 2026.
O primeiro problema é que não há dados oficiais que mostrem o tamanho do eleitorado amazonense que apoia atividades de mineração. Em contrapartida, os impactos da atividade podem ser dimensionados. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), 6,4 milhões de pessoas foram afetadas pelo garimpo em toda a Amazônia até 2024, mesmo sem regulamentação da atividade, como defendem alguns políticos. Os efeitos atingem o meio ambiente, a saúde pública e comunidades tradicionais.
Outro levantamento de 2024, divulgado pelo Fórum de Segurança Pública, revelou que as facções criminosas mais perigosas do País mantêm conexões com o garimpo ilegal na Amazônia. Caso investigações encontrem esquemas semelhantes no Amazonas, isso pode comprometer a narrativa política de quem hoje defende a atividade. As críticas também causam constrangimento para os eleitores porque ocorrem em meio à preparação de Belém (PA) para sediar a COP30, em novembro, quando líderes mundiais vão discutir alternativas de desenvolvimento sustentável.
