Delegado, policiais e investigadores presos por extorsão e sequestro no AM seguem recebendo salários


24 de julho de 2024
Delegado, policiais e investigadores presos por extorsão e sequestro no AM seguem recebendo salários
Delegado Ericson Tavares e outros investigados pelo Gaeco, do Ministério Público do Amazonas (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
Jadson Lima – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O delegado da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) Ericson de Souza Tavares e outros oito investigados por extorsão mediante sequestro, que integram o sistema de Segurança Pública do Amazonas, seguem na folha de pagamento das Forças de Segurança recebendo rendimentos normalmente. Em março deste ano, o grupo foi preso em flagrante no município de Manacapuru (AM) após sequestrar três pessoas supostamente envolvidas com o crime organizado.

Os dados que comprovam os pagamentos estão na lista de remuneração dos servidores estaduais do Amazonas obtidos no Portal da Transparência. A CENARIUM confirmou que o delegado recebe 54,5 mil bruto e 37 mil com os descontos legais, incluindo o de teto do funcionalismo. O mecanismo impede que servidores públicos receberam acima do salário de um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além de Ericson Tavares, convocado para assumir o cargo em 2014, os três investigadores da PC-AM, que também são investigados, receberam cerca de R$ 18 mil mensais após a ação policial que resultou na prisão go grupo em flagrante. Com o desconto, a remuneração fica em R$ 12,7 mil. São eles: Eliezo Alencar de Castro, Anderson de Almeida Maia e Alessandro Edwards Cruz, todos admitidos em novembro de 2011.

Da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), estão envolvidos os sargentos Alexandro Conceição dos Santos, Jozimo Diniz da Silva e Kemer Cruz Pimentel, que receberam cerca de R$ 7,8 mil mensais entre os meses de abril e junho deste ano. Além dos cabos Ueslei Rodrigues da Silva e Eldon Nascimento de Sousa.

A organização criminosa, segundo as investigações, alvo de investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP) foi flagrada em março deste ano praticando crimes de extorsão e sequestro de dois homens e uma mulher no município de Manacapuru (AM). Na época, o secretário de Segurança Pública (SSP-AM), coronel Vinicius Almeida, afirmou que “o papel nosso, enquanto Secretaria de Segurança, é manter a mão firme”.

A CENARIUM pediu, por meio da assessoria de imprensa da SSP-AM, esclarecimentos sobre o andamento do procedimento administrativo contra os servidores das Forças de Segurança envolvidos na investigação. A conclusão do procedimento gera o documento que embasa uma eventual expulsão dos investigados da Polícia Militar (PMAM) e Polícia Civil do Amazonas (PC-AM). A reportagem também questionou a pasta sobre os pagamentos realizados aos servidores nos três meses seguintes às prisões. Até o momento não houve retorno.

Os pagamentos ocorreram após o Judiciário converter as prisões em flagrante dos investigados. Dias após serem flagrados cometendo os crimes, o Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam) decretou as prisões preventivas dos servidores.

Investigação

De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), registrado em 23 de março de 2024 às 18h50, o grupo foi flagrado cometendo os crimes de extorsão mediante sequestro, associação criminosa e porte e/ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Os policiais empregados na ocorrência prenderam todos os suspeitos em flagrante porque os investigados tentaram constranger testemunhas.

Trecho de boletim de concorrência (Reprodução)

Na operação que resultou em busca e apreensão nos veículos dos suspeitos, os policiais militares do 9° Batalhão de Polícia de Manacapuru (9° BPMam) encontraram armas de uso restrito. A equipe também apreendeu fuzis e metralhadoras com outras dezenas e armas e ventanas de munições.

O BO registra que o condutor policial do 9° Batalhão de Manacapuru compareceu à delegacia para apresentar o grupo que recebeu voz de prisão em flagrante, entre eles o delegado Ericson Tavares. “O condutor declarou que recebeu a informação que três veículos estariam envolvidos em um suposto sequestro no bairro da Correnteza”, diz trecho do documento.

O flagrante dos crime foi constatado pelo delegado de Manacapuru, Mauro Soares Santos, ao finalizar o procedimento pouco depois de 1h06 do dia seguinte. A autoridade policial determinou que os envolvidos na ocorrência fossem transferidos para Manaus para ficar à disposição do Poder Judiciário.

O Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam) relaxou a prisão dos investigados em 05 de junho deste ano. No entanto, Ericson Tavares gravou um vídeo zombando das autoridades e teve nova prisão decretada nessa segunda-feira, 22. Ele se entregou na Delegacia Geral no final da noite.

Leia mais: TJAM decreta nova prisão de delegado após vídeo com gesto obsceno
Editado por Jefferson Ramos

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