Demitida durante pandemia, jovem investe finanças para abrir próprio negócio no Amazonas
06 de agosto de 2020
Segundo a associação do setor, 2020 deve fechar com a soma de mais de 1,9 milhão de contratações temporárias mesmo em meio à pandemia da Covid-19
(Reprodução/ Internet)
Luís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium*
MANAUS – Se para muitos o momento da pandemia de Covid-19 foi crucial por conta da perda de entes queridos e da nuvem de demissões trabalhistas, para a ex-vendedora amazonense Richelle Taveira, de 22 anos, esse foi o pontapé inicial para uma nova vida. Após ser demitida do seu local de trabalho, em Manaus, a jovem sonhadora pretende investir parte de suas finanças, inclusive valores do seu seguro-desemprego, no seu próprio negócio.
Richele está entre os 8,9 milhões de brasileiros que perderam o trabalho durante o pico do novo Coronavírus no Brasil. Os dados oficiais foram divulgados nesta quinta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o instituto, esta é maior queda desde que a pesquisa começou a ser realizada no formato atual, em 2012.
Richelle viu na demissão a oportunidade de começar o próprio negócio (arquivo pessoal
“Eu fiquei muito triste quando vi a pandemia atingir o nosso País. Muita gente perdeu a vida e familiares por conta disso. Com o pico da doença, eu tive certeza que o meu trabalho seria afetado, pois, trabalhava em uma loja de shopping e com os centros comerciais fechados, não tinham clientes. Conclusão, a loja fechou, e eu acabei sendo demitida”, disse Richelle, à REVISTA CENARIUM.
Para se ter uma ideia, o Brasil fechou o segundo trimestre com o menor número de pessoas empregadas da série histórica, o que levou a taxa de desemprego para 13,3%, alta de 1,1% com relação ao trimestre anterior e a maior para um segundo trimestre desde 2012.
“Após ser demitida, eu pensei: é hora de pensar num plano B e ir atrás dos meus sonhos. Com isso, estou juntando uma certa quantia para investir na minha própria loja voltada para artigos e roupas infantis, que é o mesmo setor que eu já estava trabalhando quando fui demitida da loja do shopping. Quero abrir o meu próprio negócio”, completou Taveira.
Mais afetados
Os resultados da pesquisa reforçam ainda a percepção de que a pandemia afetou de maneira mais dura trabalhadores menos qualificados e informais.
O comércio foi o setor mais atingido, com o fechamento de 2,1 milhões de postos de trabalho. Na construção civil, foram 1,1 milhão a menos. Entre os empregados domésticos, houve 1,3 milhão de demissões.
A categoria Alojamento e alimentação também teve redução de 1,3 milhão de pessoas. Nesta categoria estão hotéis, restaurantes e os vendedores de comida na rua, por exemplo. O setor de serviços é o único grande setor da economia que ainda não mostrou sinais de retomada.
Os dados mostram que a queda no número de trabalhadores foi maior entre trabalhadores sem vínculo do que entre aqueles com carteira assinada. No setor privado, por exemplo, o primeiro grupo recuou 21,6%, enquanto o segundo caiu 8,9%.
Compra por necessidade
“No curto prazo, estamos no breu, estamos no porão do buraco”, diz o economista Otto Nogami, do Insper, para quem a lenta retomada da indústria e do comércio não serão suficientes para reverter o cenário desolador no mercado de trabalho.
Nogami avalia que o mercado de trabalho seguirá pressionado pelo fechamento de pequenas empresas com dificuldades de caixa para manter as portas abertas e pela baixa confiança do consumidor. “A gente observa nos shoppings que as pessoas estão meio reticentes. Vão por necessidade, mas não para gastar por gastar.”
Seguro-desemprego
As solicitações de seguro-desemprego chegaram a 570.543 em julho. O número representa uma redução de 8,8% na comparação com julho do ano passado, de 625.605 pedidos. Na comparação com junho deste ano (653.174), houve retração de 12,7%. Os dados também foram divulgados nesta quinta, 6, pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
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