Depressão: veja como ser um aliado na luta pela saúde mental

Muitos não sabem como agir diante do assunto (Peopleimages/istock)
Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – Uma pesquisa divulgada neste mês revelou que pelo menos quatro em cada dez brasileiros apresentaram sintomas de depressão e ansiedade durante a pandemia. Por conta disso, a CENARIUM conversou com uma especialista, nesta segunda-feira, 27, para compreender o fenômeno e como agir em situações de emergência.

A pesquisa realizada pelo Datafolha em agosto deste ano e apontou ainda que pouco mais de 50% dos entrevistados entendem que é fundamental oferecer suporte e acolhimento aos que passam pela doença. Além de mostrar que 10% não souberam agir quando um conhecido está com depressão.

De acordo com a psicóloga e terapeuta Célia Braga, o mais correto em caso de depressão é o acompanhamento psicológico aliado ao cuidado psiquiátrico. “Antes de tudo é importante a gente lembrar que a doença da depressão ainda é estigmatizada e isso leva ao medo de não ser compreendido. Por isso, muitos demoram a procurar ajuda ou até mesmo se abrir com alguém de confiança”, explica a psicóloga.

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Outro ponto destacado por Célia, é o ouvir”. A psicóloga ressalta que ouvir e demonstrar atenção passa segurança, sinaliza respeito pelo momento pelo qual o outro está passando. “Prestar atenção no que a pessoa tem a dizer, olhar nos olhos, acolher sem desmerecer e julgar é uma boa maneira de ajudar o outro a aliviar suas dores”, diz a psicóloga.

53% dos brasileiros entendem que é fundamental oferecer suporte e acolhimento aos que passam pela doença (Reprodução/Internet)

Dicas

Nunca culpar a pessoa por sua condição – Apontar alguém como o culpado da própria depressão pode ser perigoso e levar ao agravamento do quadro clínico. A possível perda da capacidade de sentir prazer ou desejo, acompanhado de um vazio e tristeza pode ter diversas causas, até mesmo biológicas, não é culpa do depressivo.

Ficar atento aos comentários e comportamentos – Essa é outra orientação da psicóloga que aconselha a não ignorar, principalmente, comentários “suicidas”. De acordo com ela, insistir na teoria popularmente difundida de que “quem se matar não avisa” é errado e só diminui as chances de evitar que o depressivo cometa o pior, além de perpetuar a falsa ideia de que a depressão é bobagem e não mata.

Incentivar a socialização, prática de esportes e atividades artísticas – A socialização para alguém em tratamento contra a depressão pode ser algo difícil, pois a maioria das pessoas tendem a se isolar. “Mesmo com grandes chances de não aceitar um convite para passear, conversar, ir a um almoço ou jantar, é importante não desistir de incentivar e tentar mostrar que a presença dessa pessoa faz a diferença no ambiente”, diz a especialista.

A prática de atividades físicas ou atividades voltadas para a arte pode ser uma opção aliada contra o isolamento e combate à depressão, libera hormônios que auxiliam na sensação do bem-estar e, consequentemente, promove a socialização.

Alimentação saudável e o uso de drogas – A especialista ressalta que a alimentação saudável é uma constante aliada da saúde, seja física ou mental e condena o uso de álcool e drogas. – Muitas vezes uma válvula de escape para os que sofrem deste mal – . “As drogas iludem, às vezes, o depressivo procura um alívio naquilo que justamente está piorando o quadro depressor. Não estimule esta prática, nem mesmo o consumo de álcool que também pode ser o vilão nesta situação”, orienta.

Acompanhamento profissional – Apesar das dicas, a terapeuta volta a ressaltar que é extremamente importante o diagnóstico e tratamento profissional. O amor e apoio de familiares e amigos faz toda a diferença durante o processo de cura. Por isso, é importante não estigmatizar o tratamento e evitar sugestões não solicitadas e desconhecidas que possam fazer o efeito contrário. “Sem muitas perguntas, mais acolhimento, amor, tolerância, ter empatia pelo sofrimento do outro”, ressalta a psicóloga.

Sobre a pesquisa

A pesquisa Datafolha foi realizada em 129 municípios das cinco macrorregiões do País. Dos 2.055 entrevistados, 44% afirmaram que tiveram algum problema psicológico. Desse quantitativo, 28% afirmou que teve diagnóstico de depressão ou outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia de Covid-19, outros 46% que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse mesmo período.

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