Início » Central da Política » Deputado do AM mandava fabricar fake news contra próprios aliados, aponta polícia
Deputado do AM mandava fabricar fake news contra próprios aliados, aponta polícia
Registro mostra deputados Dermilson Chagas, Roberto Cidade e Delegado Péricles. (Arte: Catarine Hak/ CENARIUM)
Compartilhe:
24 de novembro de 2021
Victória Salles – Da Revista Cenarium*
MANAUS – A Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc) recebeu, no dia 10 de setembro deste ano, uma denúncia feita por uma ex-servidora da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), de 31 anos, que informava que o deputado Dermilson Chagas (sem partido) estaria mantendo um ‘Gabinete do Ódio’, mantido com dinheiro público, para criar conteúdos ofensivos com o objetivo de atacar a honra de seus adversários.
As informações foram divulgadas pelo site O PODER, nessa terça-feira, 23, e debatidas durante o programa “Boa Noite, Amazônia!”, apresentado pelos diretores da REVISTA CENARIUM, Paula Litaiff, e do site O PODER, Álvaro Corado, após a reportagem receber prints do que seria o ‘modus operandi’ criado por Dermilson para atacar, além do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), seus próprios colegas de parlamento. O extenso material apresentado à polícia, revelou um cenário de deslealdade e traição no ‘coração’ da Casa Legislativa.
PUBLICIDADE
Segundo a reportagem, o conteúdo era encaminhado por um celular do deputado, conforme os prints, e tinha ‘alvos’ certos como o presidente da Aleam, deputado Roberto Cidade (PV), e o deputado Delegado Péricles (PSL). Conforme imagem abaixo, Dermilson manda para a assessora uma montagem onde Cidade aparece ao lado de Wilson Lima, como sendo procurados, e, além disso, com a frase “Inimigos do Amazonas”, sugerindo também o impeachment do governador.
Em outro momento, o alvo é o Delegado Péricles. Desta vez, a publicação sugerida e encaminhada por Dermilson mostra que Péricles teria assinado a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, da Aleam, por puro “protagonismo”. Na foto do delegado, ainda aparece a frase: “Falso igual o governador e o presidente da Aleam”.
A reportagem do O PODER apurou que, no depoimento da ex-funcionária da Aleam, ela pediu exoneração do cargo que ocupava na alta cúpula do gabinete de Dermilson após não aguentar pressões e humilhações cometidas, segundo ela, pelo parlamentar. Ainda conforme a delação, a ex-servidora assumiu a autoria de mensagens difamatórias, caluniosas e de falsa identidade tendo como vítima o governador Wilson Lima, e que eram disparadas à população em geral e autoridades, por meio do número de WhatsApp (92) 99617-35xx.
Em prints apresentados pela ex-servidora, Dermilson estaria dando coordenadas de como os vídeos devem ser montados para, posteriormente, serem disparados à população e políticos, como mostra a imagem abaixo. A ex-assessora conta, também, que assumiu a comunicação do gabinete em janeiro deste ano, e ficou responsável pelas publicações no WhatsApp a mando do deputado para divulgar notícias contra o governador, tendo como ‘ajudantes’ um editor de vídeo e um designer, ambos responsáveis por produzirem conteúdos criminosos tais como vídeos e memes.
A denunciante revela, ainda, que outro ex-assessor – que atualmente mora em Curitiba – também pediu exoneração por não aguentar as humilhações de Dermilson e que, inclusive, o deputado ameaçava frequentemente seus funcionários de demissão e de perseguição, caso as mensagens falsas e criminosas em desfavor de Wilson Lima e diversos políticos do Amazonas não fossem publicadas.
Em outra mensagem, trocada entre Dermilson e a ex-servidora, o parlamentar sugere que as pessoas comecem a perguntar se os deputados estavam trabalhando no dia 24 de junho deste ano, e que o plenário vazio naquela data é “a realidade em dias de sessão”.
Dermilson também sugeriu um ‘meme’, desta vez envolvendo o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido); o governador Wilson Lima e o presidente da Aleam, Roberto Cidade. Ele usou uma imagem de Bolsonaro levantando um ‘cartaz fake’ que sugere o impeachment de Lima. Na verdade, a foto é do dia em que o presidente recebeu o Título de Cidadão do Amazonas. O senador Omar Aziz (PSD) também é atacado em uma foto em que aparece de braços dados com o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao perceber que a ex-servidora deixou de compactuar com as publicações e que estava cansada das humilhações, Dermilson tentou uma série de conversas com ela, sempre recebendo negativas. “Eu já não conheço o Dermilson do início dessa história política e como pessoa”, escreveu. E completou: “Não tenho mais nada para tratar com você, tudo eu já resolvi com o seu chefe de gabinete. Um conselho que te dou: procure um terapeuta, e se reencontre. Você tá completamente surtado e doente. Gratidão por tudo, Deus te abençoe”, finaliza ela.
Ainda nas conversas, é abordado a criação de uma chapa encabeçada pelo ex-governador do Amazonas, Amazonino Mendes, e o ex-prefeito cassado de Coari, Adail Filho, de olho nas Eleições de 2022.
Também na delação, a ex-servidora diz que abriu uma agência de comunicação, mas que não consegue desenvolver seus trabalhos por conta de inúmeras perseguições por parte do deputado e que teme por sua vida e de sua mãe, devido à influência política de Dermilson Chagas. As investigações em torno do caso já foram remetidas ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM).
Respaldo jurídico
O PODER entrou em contato com a advogada Florence Fleck para saber, com base na delação da ex-servidora, em quais crimes o deputado estadual Dermilson Chagas pode ser denunciado. De acordo com ela, é evidente que o parlamentar incorre em diversos crimes, primeiramente, pode se observar a infringência à Lei de Abuso de Autoridade no artigo 33.
“Além de inúmeros casos de difamação por meio de redes sociais, o que se configura como crime contra a honra. Tem, ainda, os atos praticados que se configuram como constrangimento ilegal, pois tinham o condão de obrigar a parte a realizar determinada conduta a seu favor”, explicou ao ressaltar que existe a questão dos ilícitos caracterizados pelo assédio moral que era constante na relação entre o deputado e a servidora, conforme consta nos prints ao qual O PODER teve acesso.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.