Deputados da Amazônia são autores de lei que pune aborto legal após 22 semanas


13 de junho de 2024
Deputados da Amazônia são autores de lei que pune aborto legal após 22 semanas
Deputados da Amazônia foram coautores do PL (Composição: Weslley Santos/Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Pelo menos cinco deputados federais eleitos por Estados da Amazônia foram coautores do Projeto de Lei (PL) 1.904/24, conhecido como “Lei da Gravidez Infantil“, que pune meninas e mulheres que realizarem aborto após as 22 semanas de gestação, mesmo em casos permitidos por lei. Ao todo, 33 parlamentares ajudaram a criar a proposta.

Nesta quarta-feira, 12, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em uma manobra simbólica e relâmpago do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a urgência do PL. Isso tira a necessidade do texto passar pelas comissões temáticas antes de ser apreciado no plenário e dá agilidade à análise da proposta.

Inicialmente foram seis parlamentares da região que assinaram a coautoria da proposta. Depois da repercussão negativa, a deputada Renilce Nicodemos (MDB-PA) retirou-se como coautora. Sem a parlamentar paraense, são eles: Filipe Martins (PL/TO); Cristiane Lopes (União Brasil/RO); Abilio Brunini (PL/MT); Coronel Fernanda (PL/MT); e Eli Borges (PL/TO).

Veja abaixo:

Composição: Weslley Santos/Revista Cenarium

Renilce Nicodemos informou a retirada da assinatura nessa quarta-feira, 12, antes da votação da urgência do PL na Câmara dos Deputados. A parlamentar alegou que é a favor da vida e contra o aborto, “menos em casos quando há risco de vida para a mulher causado pela gravidez, ou quando a gravidez for resultante de um estupro“, casos em que o procedimento é legalizado pela legislação brasileira.

O projeto é de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). O parlamentar chegou a afirmar que a bancada evangélica vê a proposta como um “teste” para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caso se confirme a aprovação do projeto de lei. Atualmente, Lula tenta ter um diálogo mais próximo com evangélicos diante da queda da popularidade entre esse público.

Veja a lista completa dos parlamentares coautores do PL 1.904/94:

  • Sóstenes Cavalcante (PL/RJ)
  • Evair Vieira de Melo (PP/ES)
  • Delegado Paulo Bilynskyj (PL/SP)
  • Gilvan da Federal (PL/ES)
  • Filipe Martins (PL/TO)
  • Dr. Luiz Ovando (PP/MS)
  • Bibo Nunes (PL/RS)
  • Mario Frias (PL/SP)
  • Delegado Palumbo (MDB/SP)
  • Ely Santos (REPUBLIC/SP)
  • Simone Marquetto (MDB/SP)
  • Cristiane Lopes (UNIÃO/RO)
  • Abilio Brunini (PL/MT)
  • Franciane Bayer (REPUBLIC/RS)
  • Carla Zambelli (PL/SP)
  • Dr. Frederico (PRD/MG)
  • Greyce Elias (AVANTE/MG)
  • Delegado Ramagem (PL/RJ)
  • Bia Kicis (PL/DF)
  • Dayany Bittencourt (UNIÃO/CE)
  • Lêda Borges (PSDB/GO)
  • Junio Amaral (PL/MG)
  • Coronel Fernanda (PL/MT)
  • Pastor Eurico (PL/PE)
  • Capitão Alden (PL/BA)
  • Cezinha de Madureira (PSD/SP)
  • Eduardo Bolsonaro (PL/SP)
  • Pezenti (MDB/SC)
  • Julia Zanatta (PL/SC)
  • Nikolas Ferreira (PL/MG)
  • Eli Borges (PL/TO)
  • Fred Linhares (REPUBLIC/DF)

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Urgência

Na Câmara dos Deputados, Lira pautou a matéria sem aviso e sem anunciar o número do projeto. Pediu orientação de bancada para o Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), que não respondeu, e considerou a urgência aprovada em votação simbólica – sem registro do voto de cada deputado no painel eletrônico – que durou apenas 23 segundos. Em geral, a votação simbólica ocorre quando já existe acordo entre os parlamentares sobre o tema em pauta.

O projeto de lei equiparar as penas previstas para homicídio simples aquelas para abortos realizados após 22 semanas de gestação, mesmo nos três casos em que a prática é prevista legalmente. O texto também proíbe o aborto mesmo em casos de gravidez decorrentes de estupro, se houver viabilidade fetal.   

No Brasil, o aborto é legalizado, ou seja, não é considerado crime quando há risco de vida para a mulher causado pela gravidez; quando a gravidez é resultante de um estupro; ou se o feto for anencefálico (em caso de má formação cerebral do feto).

Organizações de defesa dos direitos reprodutivos das mulheres criticaram o Projeto de Lei e a aprovação da urgência. A Campanha Nem Presa Nem Morta, que defende a descriminalização do aborto no País, chamou a postura de Lira de “covardia”. Já a Frente Nacional Pela Legalização do Aborto qualificou a aprovação de urgência como “desonesta e antidemocrática”.

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