Deputados votam revogação da Lei 10.820, que motivou protestos no Pará


Por: Fabyo Cruz

11 de fevereiro de 2025
Deputados votam revogação da Lei 10.820, que motivou protestos no Pará
Os parlamentares devem decidir pela derrubada, ou não, da Lei de Ensino Indígena (Composição Paulo Dutra/CENARIUM)

BELÉM (PA) – A Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) votará nesta quarta-feira, 12, o Projeto de Lei (PL) 13/2025, que revoga a Lei 10.820/2024. A norma, que alterava a carreira do magistério no Estado, gerou forte resistência de movimentos sociais, educadores e lideranças indígenas, culminando na ocupação da sede da Secretaria de Educação do Pará (Seduc-PA) desde 14 de janeiro.

Nesta terça-feira, 11, a proposta avançou com a aprovação do parecer favorável à revogação pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final da Alepa. A decisão atendeu às pressões de sindicatos e parlamentares contrários às mudanças impostas pela lei.

A deputada estadual Lívia Duarte (Psol), que acompanhou a mobilização, celebrou a votação e publicou um vídeo ao lado de lideranças indígenas, reforçando a importância da luta coletiva. “Hoje, com as maiores autoridades do Pará [indígenas], guerreiros e guerreiras, estou aqui para dizer a vocês que o projeto de revogação da lei 10.820 será votado amanhã”, afirmou com alegria a parlamentar.

Indígenas em frente à sede do Governo do Pará, em Belém (Reprodução/Rodrigo Correia)

A liderança indígena Alessandra Munduruku também comentou o avanço da revogação em suas redes sociais, destacando a importância da resistência dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. “Desde o dia 14 de janeiro estamos aqui na Seduc, e sempre dissemos: só vamos sair depois da revogação e quando sair no Diário Oficial. Foram quase 30 dias de luta, enfrentamos dificuldades, cortes de energia, restrição de alimentação, mas não desistimos”, afirmou.

Alessandra também ressaltou que a mobilização foi um aprendizado sobre o funcionamento do processo legislativo. “Achávamos que bastava o governador assinar, mas aprendemos que depende dos deputados estaduais, que muitas vezes só aparecem nas comunidades em época de eleição”.

Entenda mobilização

A mobilização ganhou força após o Governo do Pará negar impactos negativos da lei na educação indígena e quilombola. No entanto, as críticas persistiram, levando a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, a solicitar esclarecimentos. Pressionado, o governador Helder Barbalho (MDB) assinou, no último dia 5, um Termo de Compromisso para revogar a legislação.

A greve dos professores da rede estadual, iniciada em 23 de janeiro, foi suspensa na segunda-feira, 10, após assembleia do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Pará (Sintepp). Além da revogação da lei, os educadores reivindicavam a exoneração do secretário estadual de Educação, Rossieli Silva.

Profissionais de Educação em greve (Foto de Fabyo Cruz/CENARIUM | Composição Paulo Dutra/CENARIUM)

Agora, a expectativa é que a Alepa formalize a revogação da Lei 10.820/2024, encerrando um impasse que durou quase um mês e marcou o início de 2025 com uma das maiores mobilizações indígenas do país. A votação, que ocorrerá às 9h, será acompanhada de perto por lideranças indígenas e movimentos sociais, que seguem atentos à publicação oficial da revogação.

Leia mais: Alepa recebe PL para revogação da Lei 10.820; veja próximos passos
Editado por Adrisa De Góes

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