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Descobrimento do Brasil: estudiosos classificam que País vive retrocesso após 521 anos
Quadro do artista Oscar Pereira da Silva retrata o desembarque de Cabral no Brasil. (Reprodução/Internet)
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22 de abril de 2021
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – Há exatos 521 anos, o navegante e explorador português Pedro Alvares Cabral chegou ao Brasil junto da tripulação e aquele 22 de abril de 1500 ficou conhecido como o descobrimento do País. Apesar de passados cinco séculos, estudiosos apontam que a sociedade vive um retrocesso em vez de evoluir.
“Sempre tive uma percepção de que havia um desenvolvimento, um crescimento na sociedade, mas, nas últimas duas décadas, tenho percebido que houve um grande retrocesso. Ouso fazer uma comparação com o período da barbárie, quando os bárbaros tomaram toda aquela cultura tradicional, clássica e foi até degradar tudo; e eu penso que nós estamos passando por uma coisa muito semelhante”, salientou à REVISTA CENARIUM o professor e historiador Otoni Mesquisa.
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Para o historiador, o regresso surge principalmente daqueles que ocupam cargos significativos de poder, como os políticos, que na avaliação de Mesquita precisam ter discernimento sobre as próprias condutas e atuarem em defesa da população. Um retrocesso, aponta o especialista, é a aprovação do projeto de lei que concede o título de cidadão Amazonense para o presidente Bolsonaro (sem partido), mesmo após o Estado vivenciar a crise da Covid-19.
O sociólogo e cientista político Carlos Santiago reforçou que, apesar da data ter importância para a história do País, o Brasil não tem muito avanço social para comemorar, por conta do genocídio contra os povos indígenas no processo de colonização e aos milhares de brasileiros que vivem na extrema pobreza.
“Uma data importante para a história do País, mas o Brasil não tem muito avanço social para comemorar. A maioria dos povos indígenas foi morta na colonização, existem milhões de brasileiros vivendo na extrema pobreza, mulheres e os negros continuam sofrendo preconceitos e violências, a política é elitista e o Brasil virou o epicentro da pandemia mundial por causa dos desgovernos”, salientou Santiago.
A data, na concepção de Santiago, pode servir ainda para uma profunda reflexão sobre o Brasil e o que se quer dele para o futuro. Para o sociólogo, o País só será mais justo se ele promover uma política de inclusão social e econômica de toda população, que precisa de uma política participativa, segundo ele.
“Em 2022, teremos eleições. Parte dos problemas do Brasil são resultados das escolhas erradas nas eleições. O Brasil só será mais justo se ele promover uma política de inclusão social e econômica de todos, e a política se caracterizar como um ambiente de participação de mais mulheres, de negros e de indígenas. Isso depende da conscientização do povo”, finalizou.
Descobrimento ou invasão?
A chegada dos colonizadores ao Brasil (o Novo Mundo) está relatada na carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. No documento, descoberto pelo padre Aires de Casal e publicado somente em 1817 na obra “Coreografia Brasílica”, Caminha narra a “terra à vista” no dia 22 de abril de 1500.
Quando os colonizadores chegaram ao País naquele ano, o território brasileiro passava a integrar o sistema econômico mercantilista, tendo como o comércio do ouro e especiarias como atividade principal. A chegada dos portugueses, no entanto, não significou a descoberta da região, conforme explica o historiador Otoni Mesquita. Segundo ele, a data vem sendo trabalhada como uma invasão, por conta da existência de cerca de três milhões de indígenas no Brasil.
“A ideia de descobrimento já vem sendo trabalhada há algum tempo como uma invasão, como um povo que se sobrepõe ao outro e domina, transforma ao seu bel prazer. E esse é um problema sério que foi instituído, alguns tratamentos rudimentares daquele pensamento, daquela época de domínio, utilizando de escravidão e outros recursos bárbaros para obter lucros e explorar o outro”, comentou o historiador.
Segundo Otoni Mesquita, a invasão do Brasil ocorreu contra vários povos que, ainda que fossem em maior quantidade, não detinham de tecnologia do ferro, fogo e da cruz, e assim foram dominados. “E ainda é esse o processo que nós estamos sofrendo perante várias populações que perderam tudo, perderam a própria terra, e ficaram marginalizados nesse País que ainda não consegue pensar fraternalmente no outro”, avaliou.
Para o professor, é preciso refletir sobre a data e que a população tenha sensibilidade e tenham um senso crítico para reivindicar direito a todos. “É fundamental que nós tenhamos espaço onde as pessoas possam trocar e dialogar, de maneira que todos tenham sua expressão valorizada”, concluiu.
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