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Desequilíbrio financeiro preocupa e estressa 58% das famílias brasileiras
Parlamentares tentam driblar o desgaste econômico do último ano (Samuelknf/Cenarium)
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20 de julho de 2021
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – As finanças causam estresse e desequilíbrio na vida familiar de 58,4% dos brasileiros. É o que indica pesquisa do Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (ISFB), divulgada nesta segunda-feira, 19. Por essa razão, especialistas das áreas econômicas e psicológicas afirmam que a falta de conhecimento básico sobre gestão financeira e o cuidado com a saúde mental explicam o fenômeno.
Para o presidente do Sindicato dos Economistas do Amazonas (Sindecon-AM), Marcus Evangelista, compara a falta da disciplina “finanças” no currículo escolar brasileiro com o currículo europeu, e defende que isto pode ser um dos fatores que colabora para tornar os adultos mais despreparados para gerir os próprios recursos.
“Na Europa as crianças já são preparadas para poupar e gerenciar o dinheiro. O reflexo disso começa quando você receber o seu salário e inicia a vida sem saber gerenciar. Pegando crédito, muitas vezes se endividando, por meio do cartão de crédito, isso atribui a falta do conhecimento básico para a gestão financeira”, pontuou o economista.
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Média
Segundo a pesquisa, a média nacional sobre a situação financeira do brasileiro ficou em 57, numa escala que vai de zero a 100. Ou seja, uma situação de razoável equilíbrio. Conforme o índice, apenas 8,1% da população vive numa situação considerada ótima, sem estresse, com segurança e liberdade financeira.
Quase a metade dos brasileiros, 48,3%, vivem numa situação considerada baixa no quesito saúde financeira. Desse total, 11,6% estão numa faixa denominada como “ruim”, isto é, quando o círculo de fragilidade, estresse e desorganização financeira está acentuado.
Cuidado com a saúde mental
A terapeuta e psicanalista, Samiza Soares explica que o estresse diante da recessão econômica enfrentada pelo mundo, pode ser motivado pelos variados casos, seja no lado pessoal ou profissional do individuo. “São diversos os motivos para o estresse; como tensão no trabalho, acúmulo de funções luto e violência; além de evento traumático como um assalto ou acidente”, comenta inicialmente.
Ela afirma que preocupações excessiva com os filhos, medo da morte, separação, ou até mesmo traições podem agravar o quadro, até mesmo para desenvolver transtornos mentais. “O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), transtorno por estresse pós-traumático (TEPT), assim como a síndrome do Pânico e Depressão; uso de medicamentos”, pontuou a psicanalista.
O neuropsicólogo, Rockson Pessoa, destaca ainda que o estresse surge quando o indivíduo é ameaçado, garantindo a análise, por exemplo, de não poder dar conta de determinada situação. “O estresse é uma resposta biológica, denominada de ‘luta e fuga’. Quando identificado um estresse exacerbado, o caminho é realizar uma estratégia de manejo ou coping, e a mais indicada é a focada no problema, ou coping focado no problema. No caso em questão, caberá a família, estratégias de organizar sua saúde financeira”, salientou.
A pesquisa
O estudo faz parte de uma iniciativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em parceria com o Banco Central. O levantamento também apontou que 21,9% dos entrevistados estariam pronto para aportar uma grande despesa inesperada. Os percentuais do questionário, foram adquiridos a partir de cinco mil entrevistas em uma amostra representativa das regiões do País, faixas de renda, idade e sexo.
Regiões
Entre as regiões do País, a Sudeste, com 14,1%, teve o maior percentual de pessoas na faixa de saúde financeira ruim, de 0 a 36 pontos. Na mesma situação, aparece a Região Nordeste, com 11%. Em seguida, surge as regiões Centro-Oeste (10,9%), Norte (10,2%) e Sul (8,4%).
Em melhor condição financeira, contudo, está a Região Sul, com 13,1%. As demais regiões surgem com dados bem abaixo do primeiro colocado. Segue a lista: Região Centro-Oeste (7,6%), regiões Norte e Sudeste, empatados com 6,8%, e Região Nordeste, com 6,0%, na faixa de melhor saúde financeira.
Homens e Mulheres
De acordo com o estudo, os homens continuam tendo uma situação financeira melhor do que as mulheres. A pesquisa aponta que 10,1% dos entrevistados do sexo masculino estão na faixa com situação financeira ótima e 8,3% na pontuação mais preocupante. Por outro lado, o levantamento mostra que 15,1% das entrevistadas estão na pior faixa e 5,9% na situação ótima.
“Infelizmente, o mercado de trabalho dá preferência para o público masculino, o que reflete esse resultado. Uma vez que os homens passam a ter preferência no sentido de ganhar mais do que as mulheres, ocasiona esse resultado. Mas isso é um panorama que está em transformação, acredito que, muito em breve, as mulheres superarão os homens”, estima o economista Marcus Evangelista.
Tipos de estresse e o tratamento
À CENARIUM, a psicanalista Samiza Soares salientou que existem quatro tipos de estresse e suas características estão ligadas a suas causas, também chamados de estressores. São eles: cotidianos; críticos, traumáticos e crônicos. O primeiro, segundo Samiza, tem relação com acontecimentos da rotina, como nervosismo, problemas de relacionamento, insônia, dificuldades no trabalho, autoestima e questões de saúde.
Os estressores Críticos, continua a especialista, estão ligados a grandes mudanças e acontecimentos marcantes na vida do indivíduo, sejam eles bons ou ruins. “Ou seja, são fatos que exigem uma mudança afetiva-emocional muito grande. Por exemplo, o nascimento de um filho, fim de um trabalho, falta de finanças, casamento, acidentes, entre outros”, explica a especialista.
Rockson Pessoa lembra que o tratamento para o estresse pode ser combinado e o caminho mais comum é a prática da vida saudável, com atividades esportivas que permitem a liberação de hormônios aliviados pelo estresse. “Nesse sentido, as formas de enfrentamento, além do cuidado da saúde, são diversas, valendo destacar: grupo de apoio, enfrentamento do estresse e até mesmo medicações para diminuir a ansiedade e reguladores de sono, quando há queixa de insônia”, pontuou.
O neuropsicólogo enfatiza que o estresse pode ser fatal e isso é pouco discutido. Segundo ele, uma vida marcada por estresse determina mudanças de comportamentos, como exemplo, o aumento do consumo de alimentos não saudáveis, além de pacientes que fazem uso de substâncias lícitas e ilícitas tendem a aumentar o consumo dessas substâncias.
“Não menos importante, o estresse é um grande fator de risco para doenças cardiovasculares e transtornos psiquiátricos. Muitos problemas podem ser destacados, a quebra da harmonia familiar, a fragilidade do sentimento de autoeficácia dos mantenedores do lar e o sentimento de impotência. Muitos casais tendem a sofrer pelo sentimento de não estarem conseguindo garantir o ‘mínimo necessário’ para seus filhos. O que não é indicado é negligenciar o problema”, finalizou Rockson Pessoa.
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