‘Desesperador’: famílias que perderam tudo em chuvas pedem ajuda das autoridades

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Malu Dacio – Da Revista Cenarium

MANAUS — “No momento, o que estou precisando com urgência é um lugar para morar. Uma casa, um quarto para ficar, porque estou atrás e até agora não consegui. Não estou tendo ajuda, apoio e nem nada de ninguém”, o apelo é da dona de casa Ana Lúcia. As chuvas que atingiram toda a capital durante a manhã da última segunda-feira, 17, levaram roupas, móveis e eletrodomésticos de Ana e de sua família.

A Defesa Civil condenou a residência de Ana Lúcia levando ela, o esposo, os dois filhos e a neta a dormirem em uma igreja, na última noite dessa segunda-feira, 17. As roupas cobertas de barro que a família lavava na frente da casa condenada quando a CENARIUM esteve no local foram todas perdidas.

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“Eu não dormi. É muito chato, desconfortável você dormir num lugar diferente. É até difícil explicar, mas eu passei a noite em claro, acordada. Desde ontem estou desorientada. Não consigo refletir ou pensar no que aconteceu”, disse.

A dona de casa denuncia que não recebeu nenhum tipo de apoio dos órgãos públicos. “A Defesa Civil até agora não me deu respostas de nada ou ninguém. Disseram que vinham deixar uns colchões, rancho, mas não apareceu ninguém”, lamentou.

Quarto de um dos filhos do casal ficou inundado de destroços e lama (Foto: Malu Dacio/Cenarium)

“A gente conseguiu um lugar para dormir na igreja. Passamos a noite lá e meus filhos espalhados na casa de amigos. Ajudaram a gente com umas camas, mas estamos sem fogão, geladeira, móveis. Não temos nada, nada. Estou desesperada, andando pela rua atrás das coisas”, confessa Ana.

Ana lamentou a perda dos móveis e principalmente do fogão, que segundo a família, havia sido pago apenas a primeira parcela. Um dos filhos da dona de casa está com a mesma roupa há 24 horas.

Família vai morar com filha mais velha

O motorista Eliezer Correa disse que passou a noite com a filha mais velha após a casa também ser condenada. “Tenho recebido colchão, roupas e até a geladeira, mas preciso de transportes para ir buscar. A maior necessidade hoje é ter meu próprio lugar onde morar”, afirmou.

“Nós investimos esses anos todos, compramos eletrodomésticos com muita dificuldade e perder no pouco tempo de chuva e agora morar de favor é muito triste”, desabafou o morador.

Irmã de criança de 7 anos está inconsolável

A irmã da menina que estava sentada na cama do quarto quando o barranco desabou em cima dela durante a forte chuva que atingiu Manaus está inconsolável. “As crianças estão bem. Mas, infelizmente, a mais velha está sentindo muito, chora bastante”, disse.

De acordo com a fonte, os representantes pediram que os pais, que estão vulneráveis, procurem por conta própria o aluguel e que seria ‘devolvido’ depois. “Sendo que nunca vi isso. Eles são uma família grande, não cabe em uma quitinete. Eles têm animais, três filhos, receberam doação dos irmãos da igreja”, disse.

Leia também: Criança morta durante deslizamento de terra em Manaus sonhava em ser ‘tiktoker’

Ajuda as famílias

Os interessados em ajudar as famílias podem fazer doações via Pix. A família de Ana Lúcia recebe pelo Pix 92984826236.

A família de Eliezer recebe pela chave Pix 32055439200. O contato são os números (92) 991700319 e (91) 995271783. Em nome de Eliezer Correa da Silva.

Quem quiser ajudar a família de Raika pode fazer doações por meio do Pix 92 984420447, a conta está em nome do pai da criança Makartison Quintino Pinto.

Posicionamentos

Em nota, a Defesa Civil disse que foram registradas 105 ocorrências por causa das fortes chuvas desta segunda-feira, 17. As equipes da Defesa Civil e Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), seguem atendendo as famílias que foram afetadas pelo fenômeno natural. Já a Semasc informou que as famílias atingidas irão receber benefícios eventuais como cestas básicas, colchões e lençóis.

A secretaria informou ainda que as famílias que perderam documentos estão sendo encaminhadas para o Setor de Identificação da Semasc. A criança que faleceu foi atendida pelo SOS Funeral com a entrega de urna funerária, isenção nas taxas cartoriais, traslado e sepultamento. Já a mulher de 37 anos, que também faleceu, a Semasc intermediou o traslado com a Prefeitura de Beruri, que irá fazer a remoção de forma gratuita.

As famílias que ficaram desabrigadas serão inseridas no ‘Auxílio Aluguel’. O prazo é de 15 dias. Essa situação é relacionada às casas que desabaram. A maioria vai receber os benefícios mesmo não tendo risco de desabamento, disse a nota.

Veja reportagem dos estragos das chuvas:

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