Via Brasília – Da Cenarium
Pacheco x Lira
Não é de hoje que parlamentares de expressão no Congresso apontam as diferenças de postura entre os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em relação à pauta. Enquanto o primeiro é visto como mais independente e tende a se distanciar mais do Planalto em virtude do cenário eleitoral, o segundo é mais alinhado ao governo, o que também não significa submissão. Pacheco costuma segurar mais a agenda de interesse do Executivo à espera de consenso na Casa. Já Lira assume algumas vezes as rédeas da articulação, como acontece na Reforma do IR.
Harmonia
Ainda é cedo para falar em turbulência na relação entre os dois, afinal, ambos têm algo em comum: atuam como articuladores na tentativa de retomar a normalidade e o diálogo entre o Executivo e o Judiciário em meio à crise provocada pelo presidente Jair Bolsonaro. É preciso acompanhar o destino que será dado nas duas Casas para as reformas, incluindo a Tributária e a Administrativa. Com tantas diferenças entre as chefias das duas Casas, muitos observadores da cena política não arriscam dizer até quando a harmonia entre Pacheco e Lira seguirá.
Feijão x fuzil
Enquanto Jair Bolsonaro chamava de “idiota” quem defende compra de feijão e apoiava a aquisição de fuzil, Arthur Lira e Roberto Campos Neto se esforçavam para passar a mensagem de tranquilidade em evento da Febraban, nesta segunda-feira, 30, em São Paulo. Não se trata de tarefa fácil em meio à crise política permanente, alimentada pela militância bolsonarista. O presidente da Câmara reconheceu que Bolsonaro, de uma forma ou de outra, pauta as discussões no País, mas garantiu que nada fora da normalidade vai acontecer em 7 de setembro.
Rádio corredor
Já no Senado, corre o boato que Bolsonaro não terá vida fácil com projetos de seu interesse, tampouco com a aprovação de André Mendonça no STF o que, segundo a “rádio corredor”, teria levado o Palácio a aventar a substituição do indicado para uma vaga no Supremo. Fala-se no procurador-geral da República, Augusto Aras, e no presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, como alternativas. Bolsonaro nega que pretenda escolher outro nome para o STF. Há quem diga que vai com Mendonça até o fim, ainda que sua relação com o Congresso e o Supremo esteja esgarçada.