Deslocamento de refugiados atinge recorde em 2022, aponta ONU
20 de junho de 2023
Agência da ONU divulgou o relatório (Reprodução/AFP)
Bianca Diniz – da Revista Cenarium
BOA VISTA – A Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) em ação pelo Dia Mundial do Refugiado, nesta terça-feira, 20, anunciou que o número de pessoas deslocadas por guerra, perseguição, violência e violações de direitos humanos atingiu 108,4 milhões nos últimos meses de 2022. O aumento bateu o maior recorde da história e foi divulgado no relatório de Tendências Globais sobre Deslocamento Forçado 2022.
De acordo com a Acnur, o volume representa um aumento de 19,1 milhões de deslocamentos em relação a 2021, sendo impulsionado pela guerra na Ucrânia, que ocasionou um salto na busca por refúgio de 27.300, no final de 2021, para 5,7 milhões ao término de 2022, sendo o fluxo migratório mais rápido registrado desde o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Refugiados ucranianos em deslocamento forçado pela guerra (Louisa Gouliamaki/AFP)
Para o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, o recorde foi causado pelo aumento de conflitos ao redor do mundo. “Esses números nos mostram que algumas pessoas são rápidas para correr para o conflito e lentas demais para encontrar soluções. A consequência é a devastação, o deslocamento e a angústia para cada uma das milhões de pessoas arrancadas à força de suas casas”, disse.
Diplomata do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (Reprodução/ONU)
Segundo o relatório, dos 97,8 milhões de deslocados no cenário global, aproximadamente 35,3 milhões de refugiados atravessaram fronteiras internacionais em busca de amparo e segurança. Já a maior parcela totaliza 62,5 milhões de pessoas que enfrentaram o deslocamento interno dentro de seus países de origem devido a conflitos e atos de violência.
Os dados da agência indicam que os países de baixa e média renda recebem a maior parte das pessoas deslocadas, seja em termos econômicos ou em relação à proporção populacional. Os 46 países menos desenvolvidos são responsáveis por menos de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) global, no entanto, abrigaram mais de 20% de todos os refugiados.
A ONU emitiu um alerta, apontando que o financiamento para solucionar situações de deslocamento foram insuficientes, no ano passado, e continua sendo atingido por lentidão neste ano. “É necessário muito mais apoio internacional e um compartilhamento mais equitativo de responsabilidades, especialmente, com os países que estão recebendo a maioria dos deslocados do mundo”.
Possível retorno
Apesar do contínuo aumento no número total de deslocados ao redor do mundo, o Tendências Globais revelou que as pessoas não estão necessariamente condenadas ao exílio, sendo possível um retorno voluntário ao País de origem. Mais de 339 mil refugiados optaram por retornar a 38 países, em 2022, embora em menor quantidade em comparação ao ano anterior.
O fenômeno de retornos foram registrados, principalmente, no Sudão do Sul, Síria, Camarões e Costa do Marfim. Além disso, cerca de 5,7 milhões de pessoas deslocadas internamente também conseguiram retornar aos seus locais de origem em 2022, como Etiópia, Mianmar, Síria, Moçambique e República Democrática do Congo. A agência da ONU também estima uma previsão em que 4,4 milhões de pessoas, em todo o mundo, eram apátridas ou de nacionalidade indeterminada, 2% a mais do que no fim de 2021.
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