Desmatamento aumenta pelo quinto mês consecutivo na Amazônia
Por: Cenarium*
30 de novembro de 2024
Área da Amazônia é atingida por incêndio florestal (Greenpeace)
MANAUS (AM) – A Amazônia registrou em outubro o quinto mês consecutivo de aumento tanto no desmatamento, que é a remoção completa da vegetação, quanto na degradação florestal, que é o dano causado pelo fogo ou pela extração madeireira. Por causa das queimadas, a degradação explodiu e chegou à média de 10 mil campos de futebol afetados por dia entre janeiro e outubro, o pior cenário em 15 anos.
Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto de pesquisa Imazon. Conforme o monitoramento por imagens de satélite, apenas em outubro a Amazônia teve uma área degradada de 6.623 km², o equivalente a quatro vezes a cidade de São Paulo. Esse número também foi quatro vezes maior do que o registrado em outubro de 2023, quando foram degradados 1.554 km² de floresta.
O que aumentou ainda mais a diferença da degradação acumulada de janeiro a outubro em relação aos anos anteriores da série histórica, que iniciou em 2009. Nos primeiros 10 meses de 2024, foram degradados 32.869 km², o equivalente a 21 vezes a cidade de São Paulo (ou 10 mil campos de futebol afetados por dia). Área quase três vezes maior do que o recorde de degradação até então, de 11.453 km², registrado em 2017.
Área da Amazônia desmatada (Divulgação)
O pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr., que coordena o Programa de Monitoramento da Amazônia, explica que é normal haver aumento da degradação florestal na época de seca, o chamado “verão amazônico”, por causa da alta nas queimadas. Porém, as áreas afetadas nos meses de setembro e outubro são muito superiores às que vinham sendo registradas pelo sistema. Souza Jr. aponta também que “a seca severa de 2024 aumenta o risco às queimadas”.
“Assim como o desmatamento, a degradação também emite gases de efeito estufa, que intensificam os efeitos das mudanças climáticas, como as graves secas que estamos vivendo na Amazônia. Por isso, precisamos de ações mais efetivas de combate a esse dano ambiental, principalmente se quisermos cumprir com a nova meta climática brasileira, a NDC (sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada), apresentada na COP 29, no Azerbaijão, que prevê reduções de 59% a 67% nas emissões do país até 2035”, comenta o especialista.
Degradação em outubro
O Estado com a maior área degradada em outubro foi o Pará, com 2.854 km², 43% do total registado na Amazônia. Mato Grosso, com 2.241 km² afetados, 34% do total, ficou em segundo. E a terceira colocação foi do Amazonas, com 1.082 km² degradados, 16% do detectado na Amazônia.
O Pará também concentrou seis municípios no ranking dos que mais degradaram, atingindo 2.390 km². Outros três, que totalizam 773 km², estão em Mato Grosso.
Quando se observa a degradação nas terras indígenas em outubro, oito das 10 mais afetadas estão localizadas integral ou parcialmente em Mato Grosso. Porém, a mais prejudicada foi a Kayapó, localizada no Pará. Outubro foi o terceiro mês consecutivo em que esse foi o território indígena com a maior área degradada na Amazônia: 1.093 km2.
“Quando a degradação invade terras indígenas, além de intensificar as ações de fiscalização e punição a esse crime ambiental, é preciso incluir ações de restauração dos ecossistemas afetados, pois a qualidade de vida das populações originárias depende diretamente deles”, aponta Raissa Ferreira, pesquisadora do Imazon.
Desmatamento
Embora o desmatamento acumulado de janeiro a outubro tenha sido 8% menor do que em 2023, outubro apresentou uma alta de 44% na derrubada, passando de 290 km² para 419 km². Essa foi a sétima maior área devastada em outubro dos últimos 16 anos, desde que começou o monitoramento do Imazon.
A derrubada foi liderada pelos estados de Mato Grosso (35%), Pará (31%) e Acre (12%), que juntos somam 330 km² destruídos, o que equivale a 78% de toda a perda registrada. Esses estados também concentram nove dos dez municípios que mais desmataram.
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