Desmatamento na Amazônia em julho caiu mais nas cidades em que as Forças Armadas não atuam, segundo Inpe

Grandes campos em desmatamento florestal próximo à BR319, em junho de 2021 (Brenno Carvalho/Agência O Globo)

Com informações do Infoglobo

RIO DE JANEIRO (RJ) – A área sob alerta de desmatamento, em julho, nos 26 municípios da Amazônia nos quais as Forças Armadas realizam a Operação de Garantia da Lei da Ordem (GLO), ficou praticamente igual ao patamar do mesmo mês em 2020. A queda foi de 2,6% nesses locais, enquanto nas cidades fora da lista oficial de regiões prioritárias a redução foi quase sete vezes maior, de 17,3%. As informações são de um levantamento do Fakebook.eco, com base em dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Considerando todos os municípios da Amazônia Legal, a queda foi de 9,7%. A GLO deste ano é a terceira do governo de Jair Bolsonaro. Segundo o vice-presidente, Hamilton Mourão, cerca de 3 mil militares participarão da ação, que começou em 28 de junho e deve seguir até 31 de agosto, podendo ser prorrogada.

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Diferentemente das duas primeiras, dessa vez a GLO é focada em 26 cidades específicas, em quatro Estados: Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia. O custo é de cerca de R$ 50 milhões, segundo Mourão.

“Os números reforçam que a GLO não está resolvendo o problema. Já é a terceira vez que estão tentando realizar esse tipo de operação e já está muito claro que ela gasta muito dinheiro e não resolve. Essa presença maciça de militares na região não é solução para o desmatamento nem para outras infrações ambientais”, afirma Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sobre o resultado da  pesquisa que envolveu ainda o Observatório do Clima, Greenpeace, ClimaInfo e Agromitômetro.

Ela explica que os militares podem e têm ajudado historicamente com apoio quando o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) avaliam ser necessário, mas afirma que “quem sabe fazer operações de fiscalização ambiental na Amazônia” são os órgãos ambientais:

“Os militares podem atuar como apoio, mas não podem estar organizando tudo, pois não têm expertise. O que estão fazendo lá é gastar dinheiro”, afirma Araújo. 

Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, avalia que a “estratégia de dissuasão” adotada pela GLO, na qual um grande contingente militar é colocado em determinado ponto em um município, não é suficiente. Ele explica que quando a fiscalização está numa frente, os infratores atuam em outra e destaca que “estamos falando de criminosos profissionais”.

“A estratégia do Exército, posicionando a base em um município que é do tamanho de um Estado, não é mais suficiente. É preciso combate efetivo, com sobrevoo constante, monitoramento por satélite, várias frentes de deslocamento de equipes por terra para promover flagrante. O Exército atua de forma barulhenta, quando vai abastecer os veículos para ir a campo, todos sabem que no dia seguinte terá blitz. Essa ostensividade não tem a eficiência de equipes do Ibama, por exemplo, que agiam com inteligência especializada”, afirma.

O Globo pediu um posicionamento do Ministério da Defesa e da Vice-Presidência da República, mas não teve resposta até o momento.

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