Desmatamento: Universidade Federal do AM fala em reduzir impactos e retoma ações para tratar de obras de edifício


26 de maio de 2022
Obras do prédio da Faculdade de Odontologia (FAO) ficam no setor Sul do campus da Universidade Federal do Amazonas (Ricardo Oliveira/Cenarium)
Obras do prédio da Faculdade de Odontologia (FAO) ficam no setor Sul do campus da Universidade Federal do Amazonas (Ricardo Oliveira/Cenarium)

Bruno Pacheco — Da Revista Cenarium

MANAUS — Após reportagem da REVISTA CENARIUM mostrar que a construção de uma obra na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) desmatou a maior reserva florestal da cidade e tem ameaçado animais como o sauim-de-coleira, a instituição se posicionou, pela primeira vez, nessa quarta-feira, 25, sobre o caso. Por meio da Comissão Permanente Ambiental, a Ufam decidiu retomar as atividades para acompanhar os serviços e falou em reduzir impactos ambientais.

A medida foi tomada na última segunda-feira, 23, mas foi somente divulgada nessa quarta-feira, 25, em um texto no site da Ufam. As obras são para construção do prédio da Faculdade de Odontologia (FAO), no setor Sul da universidade. Segundo a instituição, a ideia inicial é melhorar os processos integrados de construção de edifícios, atuar em diferentes frentes ambientais dentro da universidade, além de diminuir os efeitos contra o meio ambiente.

A nota destaca que o prédio vai “oferecer melhores condições de estudo e trabalho para a comunidade acadêmica e a retomada da Comissão Permanente Ambiental traz conscientização ambiental e sustentabilidade ao processo de modernização da universidade”. Membros da Administração Superior, representantes da academia e membros externos, ligados à comunidade do entorno da Ufam, farão parte da comissão.

“É de interesse da Administração Superior a adoção de uma visão sistemática e holística aos processos que envolvem decisões referentes ao Meio Ambiente dentro da Ufam. A Comissão nos dará este suporte”, enfatizou Therezinha Fraxe, vice-reitora da Ufam.

Obras na Universidade

De acordo com a universidade, a obra da Faculdade de Odontologia tem Licença Ambiental Única (LAU), emitida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), e está prevista no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI/Ufam). Segundo o prefeito do Campus Universitário, engenheiro Milton Oliveira, a FAO ficará alinhada ao prédio da Faculdade de Ciências Agrárias 2 e ao Bloco da Farmácia.

“Para isso, a via que, atualmente, apresenta uma curva acentuada, deverá ser reta para atender às recomendações do Corpo de Bombeiros. As adequações sugeridas incluem, ainda, mudanças nas paradas de ônibus. Desta forma, a supressão vegetal foi necessária para atender as alterações de via”, explicou Oliveira, no texto.

Ainda segundo Oliveira, a FAO terá quatro pavimentos, medindo 4.454m² de área construída. “A Ufam, em suas construções, optou por fazer a verticalização para que a área verde não fosse invadida. As edificações serão feitas a partir da demolição de blocos térreos para a construção de blocos de quatro pavimentos de forma que a gente ganhe área”, continuou.

Ambientalistas criticam

Na última sexta-feira, 20, a reportagem da CENARIUM esteve na universidade e constatou o cenário de desmatamento. A obra está orçada no valor de mais de R$ 13 milhões, é realizada pela empresa de construções Tecon e ocorre onde ficam localizados outros blocos destinados a áreas da saúde e ciências biológicas, que abrigam cursos como Educação, Fisioterapia e Zootecnia.

A obra na Ufam foi criticada por ambientalistas, que destacaram que a derrubada de árvores centenárias para a construção do bloco da Faculdade de Odontologia (FAO) é “triste e violenta”, sendo um risco a animais ameaçados de extinção. Além disso, biólogos da instituição afirmaram à CENARIUM que não sabiam do processo de construção do prédio e foram “pegos de surpresa”.

Clique aqui para ler o texto da Ufam sobre as obras do prédio.

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