Dia da Amazônia: lagoa do Parque São Pedro desponta como espaço de lazer e tem até pirarucu

Panorama da Lagoa do Parque São Pedro chama atenção de visitantes. (Revista Cenarium/Ricardo Oliveira)

Náferson Cruz – Da Revista Cenarium

MANAUS – A lagoa conhecida como “Piscinão de Ramos”, que até o ano passado “sofria” com a poluição, voltou a despontar como o principal ponto de lazer dos moradores do Parque São Pedro, antiga comunidade da Carbrás, zona Oeste de Manaus. Banho e pesca são práticas constantes nos finais de semana. Atualmente, o local é apreciado e cuidado pelos moradores que dedicam parte do tempo para recolher o lixo armazenado em sacos plásticos.

Neste sábado, 5, no “Dia da Amazônia”, a REVISTA CENARIUM foi conferir “in loco” o reduto verde preservado pela comunidade. De esquina a esquina, a resposta era a mesma: “a lagoa de água corrente esverdeada, adornada com canarana (vegetação nativa), abriga peixes das espécies tucunaré, araçá, tambaqui, quelônios (tracajá e iaçá) e até pirarucu”.

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Quem diria que na contemporaneidade de um centro urbano com 2 milhões de habitantes, aliado ao alto consumo que acarreta a cada trimestre na coleta de mais de 2,6 mil toneladas de resíduos presentes nos igarapés, rios e esgotos de Manaus, ainda há espaço para abraçar a natureza.

Alan Ricardo é um dos voluntários na limpeza do espaço (Revista Cenarium/Ricardo Oliveira)

A tão reverberada ‘consciência ambiental’ parece ter saído mesmo do discurso e embarcado em ações efetivas. É nesse viés preservacionista que moradores do entorno do lago passaram a entender que preservar o ambiente de convívio, traz o bem-estar e melhoria na qualidade de vida.

“Agora temos a consciência que a lagoa é uma extensão do nosso lar e função das ações, a comunidade ficou mais unida”, comentou o presidente da Liga Desportiva do Parque São Pedro, Alan Ricardo, 42 anos, enquanto limpava o entorno do lago com um ciscador.

A moradora Auxiliadora Alves, de 66 anos, que mora a 15 anos no bairro, conta que antes o local era bastante poluído. “A sujeira na lagoa era um problema histórico, desde quando passamos a residir aqui, mas com novas iniciativas agora o cenário é outro”, contou.

O radialista Jota Ray usa o tempo livre para pescar na lagoa. (Revista Cenarium/Ricardo Oliveira)

O locutor da rádio comunitária do bairro, Jota Ray, diz que agora a lagoa não inibe mais os pescadores. “Há muito tempo não pescava aqui, devido a muita sujeira que tomava conta do local, mas hoje estou aqui aproveitando meu passatempo no lago. Quem diria que num lago próximo ao centro urbano teríamos pirarucu”, disse Jota durante a pescaria.

Ele ressaltou ainda que, nos finais de semana, o movimento é maior com partidas de futebol no campo de areia às margens da lagoa e o agito de um botequim que dispõe até de uma piscina. Na imagem feita pelo fotógrafo Ricardo Oliveira, o local se assemelha a cenários paradisíacos.

Duas vezes no ano, um grupo de ambientalistas e a Comissão dos Moradores do bairro fazem a soltura de alevinos e quelônios.

Lembranças de tempos difíceis

O bairro Parque São Pedro surgiu após uma ocupação de terras, de maneira ilegal, em 2004. Logo depois, as vias foram pavimentadas e, consequentemente, resultou na ocupação desordenada e, por sua vez, vieram às mazelas sociais.

Para o comerciante Sebastião Caetano da Silva, de 71 anos, morador da rua Goiânia, via que contorna parte da orla do Piscinão, a ocupação desordenada da área contribuiu para os problemas que a lagoa e seu entorno enfrentaram.

Segundo ele, os resíduos se acumulavam nas ruas, caíam nas redes de esgoto e dentro do Piscinão, poluindo mais a água e causando uma desagradável sensação nos moradores do bairro. “Hoje não há mais isso, agora temos consciência de que devemos preservar o local”, comentou SebastiãSo.

Sempre que pode, Auxiliadora Alves ajuda a preservar o ambiente. (Revista Cenarium/Ricardo Oliveira)

Apesar das ações comunitárias, a reportagem constatou que nas proximidades dos quintais de muitas casas que fazem fundo com as margens do lago, há resquícios de material de demorada decomposição, como isopor, garrafas PET e sacos plásticos, porém não se compara a exasperada poluição que tomou conta do local por mais de uma década.

Escola para amenizar violência

Em termos educacionais, a principal instituição escolar do Parque São Pedro é a Escola Estadual Professor Waldocke Fricke de Lyra, que agora passou a 3º Colégio da Polícia Militar. A mudança, segundo os moradores, amenizou a onda de violência e a prática de crimes que até então eram corriqueiras naquelas imediações como o tráfico de drogas.

“Foi um avanço importante a instalação de uma escola da polícia e até inibe crimes que antes eram praticados próximo à escola”, disse o comerciante Jaime Bentes, morador da rua Santa Helena, onde está localizado o colégio militar.

O Parque São Pedro é o bairro mais populoso da região do Tarumã, com quase 15 mil habitantes.

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