Dia da Visibilidade Bissexual: conceitos, respeito e luta histórica

Uma pessoa bissexual se define como alguém que sente atração por mais de um gênero ou dois e até mais gêneros. (Reprodução/ PSOL)

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – Instituído por ativistas dos direitos bissexuais dos Estado Unidos em 1999, o dia 23 de setembro celebra o Dia da Visibilidade Bissexual. Michael Page, Wendy Curry e Gigi Raven Wilbur, criaram a data para dar visibilidade à comunidade reconhecendo as lutas e história das pessoas bi que integram a população LGBTQIA+.

Dentre as letras da sigla LGBTQIA+, o “B” representa a comunidade bissexual, que por sua vez costuma ser uma das mais invisibilizadas, até mesmo dentro do universo LGBT. Um dos fatores é a crença e a falsa afirmação de que pessoas bissexuais são seres confusos e indecisos, como pontua a estudante de engenharia civil Daniele Oliveira, de 27 anos.

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“A verdade é que não somos indecisos, sabemos muito bem o que queremos. É normal haver muitas dúvidas em relação à sexualidade na adolescência. Vejo que há muita falta de interesse das pessoas em se informar, para não replicar inverdades por aí. Por isso, datas como estas são importantes, pois despertam para uma reflexão e são ferramentas que colocam em pauta o assunto”, diz a universitária.

Conceito bi

Uma pessoa bissexual se define como alguém que sente atração por mais de um gênero ou dois e até mais gêneros. Atualmente, já não se limita mais a atração apenas por pessoas cisgêneros ou binários (homem e mulher), mas vale ressaltar que apesar de não ser mais definido como atração por homem ou mulher, há pessoas bissexuais que sentem atração apenas por gêneros binários.

O dia 23 de setembro celebra o Dia da Visibilidade Bissexual (Reprodução/Internet)

Dados e preconceito

Segundo uma matéria divulgada na Revista Galileu, dados obtidos em 2020, após uma pesquisa feita pela ONG Livre & Iguais do Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual (IBDSEX), cerca de 17,6% de 8.918 mil pessoas entrevistadas se apresentaram como bissexuais. Apesar dos dados do Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual, atualmente, não há muitas pesquisas focadas na comunidade bissexual, mesmo que a bissexualidade seja um tema mais em pauta.

Em 2019, o Grupo Gay da Bahia apontou que 2% das 420 mortes de LGBTIs, em 2018, foram de pessoas bissexuais (Gays — 45%, Trans — 39% e Lésbicas — 12%), ainda que seja um número bem inferior aos demais, isso pode ser reflexo da invisibilidade e casos provavelmente subnotificados refletindo na apuração final dos dados.

Leia também: Bissexualidade: preconceitos, diferenciações e invisibilidade

Quando o assunto é preconceito, a bifobia causa impactos que podem ser destruidores na vida de pessoas bissexuais. Estudiosos afirmam que essa parcela da comunidade é mais propensa a desenvolver problemas de saúde mental do que pessoas heterossexuais. No caso das mulheres, os estudos apontam que as bissexuais têm 64% mais chances de desenvolverem distúrbios alimentares, 37% têm mais chances de se automutilar e 26% mais expostas à depressão do que as mulheres lésbicas.

“A violência para as bissexuais existe e apesar dela não ser na maioria das vezes física, ela pode abalar e muito o emocional e se manifestar como uma tentativa de apagamento da nossa vivência e da nossa própria existência”, lamenta Daniele.

Chega de estigmas

Indecisos, volúveis, insaciáveis, infiéis, amantes do sexo a três e muitas outras questões insistentemente ligadas aos bissexuais são, de acordo com Daniele, fatores que a comunidade já está cansada de lutar para descontruir. “Não é bem assim,  a bissexualidade não torna ninguém promíscuo(a), isto é mito. A sociedade é plural e tem perfil de todas as formas em todos os cantos do mundo. Acreditar nessas bobagens é perpetuar o que já deveria ter mudado”, explica.

Bissexuais lutam para acabar com estigmas colocados pela sociedade (Reprodução/Internet)

Curiosidade sobre a data

A escolha do dia 23 de setembro para celebrar a data também comemora o dia do aniversário de morte do psicanalista Sigmund Freud. O estudioso foi o primeiro a abordar a questão da bissexualidade.

No Brasil, no último dia 23 de agosto, foi sancionada a lei que inclui o “Dia da Visibilidade Bissexual” no Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização de Porto Alegre. A iniciativa é da vereadora Daiana Santos (PCdoB) e define o dia 23 de setembro como o dia de combate à invisibilidade e ao preconceito.

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