Dia do Folclore: personagens e lendas enriquecem imaginário popular na Amazônia

A mula sem cabeça figura como uma lenda do folclore brasileiro (Crédito da foto na imagem)
Bruno Pacheco – Da Cenarium

MANAUS (AM) – Saci, Cobra Grande, Curupira, Mula Sem Cabeça, Lobisomen, Boitatá e a lenda do Boto são apenas alguns dos personagens que enriquecem o imaginário popular neste mês de agosto, lembrado pela comemoração, em 22 de agosto, do Dia Internacional do Folclore. As crenças, tradições e saberes tradicionais são o legado deixado por essas lendas brasileiras, cujas histórias são, a todo momento, lembradas em manifestações na Amazônia.

A data foi instituída oficialmente no Brasil desde 1965, quando o Decreto nº 56.747 criou o Dia do Folclore, considerando “a importância crescente dos estudos e das pesquisas do folclore em seus aspectos antropológico, social e artístico” e ainda fazendo uma homenagem as mais variadas demonstrações culturais do País.

O dia 22 de agosto foi escolhido para comemorar a data para recordar a primeira vez que a palavra em folk-lore ter sido usada, em 1846, pelo inglês William John Thoms. Traduzida para o português, a expressão quer dizer “conhecimento popular”.

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Lendas

Uma das lendas mais conhecidas é a do Saci-Pererê, representada por um jovem garoto negro que possui uma perna só, fuma cachimbo e usa uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos. O saci é conhecido pelo jeito travesso e brincalhão de ser, que surge nos lugares como um redemoinho e gosta de assustar as pessoas.

Saci-pererê é travesso e brincalhão (Reprodução)

Outra lenda é a do Curupira, conhecido como o protetor da fauna e da flora que expulsa exploradores e destruidores da floresta. O personagem é representado por um jovem de cabelos vermelhos e pés virados para trás, cujo nome vem do tupi-guarani e significa “corpo de menino”.

Curupira é conhecido como o protetor da fauna e da flora (Reprodução)

A cobra grande, também chamada Boiúna, é outro personagem lembrado, principalmente, em cidades do interior do Amazonas. Em Itacoatiara (a 270 quilômetros da capital), por exemplo, moradores mais antigos contam sobre uma lenda da cobra grande que habita o subsolo da catedral da cidade. As narrativas sobre a cobra apresentam diversas versões, como as que ela vive na parte profunda dos rios.

A cobra grande também é chamada de Boiúna (Reprodução)

A mula sem cabeça também figura no folclore brasileiro e é vista como um monstro que solta fogo pelo pescoço, assustando pessoas e animais. A história personagem fala de mulheres que foram amaldiçoadas por terem se relacionado com padres. Como punição, elas foram condenadas a se transformar em uma mula que tem fogo no lugar da cabeça.

A mula sem cabeça figura como uma lenda do folclore brasileiro (Crédito da foto na imagem)

Compreensão

Neste domingo, 22, o historiador e advogado Robério Braga destacou à CENARIUM que existem muitas crenças e tradições na Amazônia desde tempos imemoriais, inclusive, a das guerreiras Amazonas e do El Dorado que nunca se confirmaram. Segundo ele, outras ganharam páginas pouco conhecidas com os saberes indígenas passados pela oralidade, mas de grande valia para a compreensão que fazem do mundo.

Para ele, o folclore que se tem em muitos casos não compreendeu a evolução natural dessas estórias e, por interesse econômico e turístico ou por desinformação do real valor desse patrimônio nacional, segue deturpando e inventando variações sobre os temas.

“Assim se dá com muitas danças folclóricas, sem base tradicional”, comenta o historiador, em crítica às manifestações deturpadas sobre o folclore brasileiro. Apesar disso, para Robério Braga, o imaginário popular resiste e é preciso restabelecer para as crianças os contos verdadeiros, assim como as brincadeiras tradicionais que remontam à cultura.

Para a professora da rede estadual de ensino na disciplina de história e especialista em arte educação Iriam Butel, as narrativas do imaginário caboclo permitem repassar às novas gerações o diálogo e a vivência dos povos da floresta com a natureza, espiritualidade e as formas de construção social.

“A ponte entre o agora e o futuro se dá por meio de vivências, não se pode pensar a continuidade de uma tradição sem que as crianças vivam os festejos. Desde a feitura do mingau, ao corte das bandeirolas, o enfeite dos chapéus e fantasias. São ciclos de construção da identidade e do pertencimento uma cultura”, destaca.

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