Dia Mundial da Fotografia: escrever com a luz

Qualquer que seja a finalidade, fotografia é memória: registros que viram histórias de vida, de cidades, de guerras, de paz, de pandemias, de mortes (Reprodução/ internet)

Ricardo Oliveira – Da Revista Cenarium

MANAUS – Você já imaginou o homem indo a Marte neste século XXI? Estaríamos testemunhando um grande acontecimento da história mundial, certo?

Pois bem, no dia 19 agosto de 1839, o mundo parou para o anúncio oficial da fotografia pelo governo francês, que atribuía a invenção a Joseph Niépce (1765-1833) e Louis Daguerre (1787-1851). Alguns meses depois, em janeiro de 1840, o abade francês Louis Compte tirou o primeiro daguerreótipo em território brasileiro.

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Desde então, os processos vêm se aperfeiçoando e, hoje em dia, podemos fotografar com máquinas digitais amadoras bastante avançadas tecnologicamente, ou mesmo com celulares e tablets. Essas facilidades do mundo high-tech fizeram com que o interesse pela fotografia crescesse nos últimos 20 anos.

A fotografia é uma forma de representação visual de um dado acontecimento, seja ele real ou produzido (muito comum em tempos de redes sociais). Qualquer que seja a finalidade, fotografia é memória: registros que viram histórias de vida, de cidades, de guerras, de paz, de pandemias, de mortes… e não são mais de domínio apenas de profissionais.

Geração dedo nervoso

O ato de fotografar tornou-se uma atividade barata. Ela está no dia a dia das pessoas, muito diferente de alguns anos passados, em que precisávamos comprar o filme e ainda ter que revelá-lo, e depois ampliar as imagens.

Alguns estudiosos falam da nova geração do dedo nervoso e questionam: vivemos uma democratização ou uma banalização da fotografia?

Para Muniz Sodré, há uma banalização do olhar: “O banal nos invade, nos governa, mas, desse banal, pode surgir o genial”, diz, acrescentando que “a multiplicação infinita das fotos vai produzir um momento em que o olho seletivo aparece, vai aparecer o artista da imagem digital, que pode ser uma criança ou um adulto, mas a qualidade vem do banal. A banalização é evidente”.

O fotografo Rogério Reis, da Agência Tyba, concorda com a banalização da imagem na era digital, mas ressalta a democratização: “É um novo tempo, todo mundo fotografa. Nos últimos anos se fotografou muito mais do que em toda a história da fotografia, desde da época da invenção. É interessante, é uma maneira da sociedade imagética interferir, participar, comentar, se comunicar, é muito poderoso”.

Sérgio Burgi, do Instituto Moreira Salles, fala de uma “radicalização da democratização da imagem”, que começou na passagem do século 20 para o século 21, com a informática e todos os processos ligados à internet, a situação da informação e a digitalização. Para ele, é um momento ainda mais radical do que a observada na passagem do século 19 para o século 20, em termos de produção de imagens pelas pessoas de forma amadora.

“Estamos num patamar que foi previsto tempos atrás pelo design, pintor e fotógrafo Moholy-Nagy, que no início do século 20, dizia: – No futuro, o analfabeto será aquele que não sabe fotografar”, ressalta Burgi. A afirmação de Moholy-Nagy talvez seja uma consequência de um novo modo de pensar a vida na era high-tech, corroborando o pensamento do artista visual Franz Manata, de que “os eletrônicos se tornaram extensão dos corpos, principalmente da nova geração”.

Voltando ao 19 de agosto, data em que foi instituído o Dia Internacional da Fotografia devido ao anúncio oficial da invenção consagrada por Niépce e Daguerre, estamos nós, aqui, celebrando a escrita da luz.

A REVISTA CENARIUM presta a sua homenagem a todos os fotógrafos, profissionais e amadores, publicando o ensaio “Borracheiros da Amazônia, do fotojornalista Ricardo Oliveira.

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Ensaio Borracheiros da Amazônia (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

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