Dia Mundial do Rádio: importância e desafios da comunicação na Amazônia
A data foi criada e oficializada em 2011 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) (Reprodução/ Internet)
Jennifer Silva – Da Revista Cenarium
MANAUS – As ondas do rádio transmitem informação, música e atualizam os ouvintes das regiões mais distantes, sendo um dos veículos de comunicação mais democráticos. Por essa razão, a REVISTA CENARIUM entrevistou neste sábado, 13, no Dia Mundial do Rádio, diversos profissionais para avaliar os desafios, a migração de AM para FM e o futuro do rádio na Web.
O radialista Patrick Motta tem 28 anos de experiência, sendo um dos nomes mais populares da rádio local. Motta detalha o impacto da informação levada pelo rádio. “A região amazônica tem extensões imensuráveis, com comunidades que não recebem sinal de televisão e muito menos de internet. Lá o jornal impresso até chega, mas não é lido por todos. Mas o rádio está lá, seja aquele ‘de pilha’ ou de tomada”, detalhou Motta.
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“Na Amazônia, tem uma imensidão e problemas maiores do que qualquer outro lugar. Por isso, é pelo rádio que as pessoas se informam, é por meio dele que elas também se comunicam, não há telefone. Só entende esse elo, quem trabalha, ouve e entende que o rádio é a ligação entre os locais mais distantes”, ponderou Patrick.
Mudanças
Para Graças Menezes, profissional que trabalha há 22 anos como radialista, e atua no interior do Amazonas, a digitalização dos processo de radiodifusão do AM para o FM é importante para o avanço do processo comunicacional, tanto na capital quanto no interior do Estado.
“As rádios estão sofrendo essa mudança de AM para FM, é importante para a população, esse pool das rádios foi importante para a comunicação, fazendo com que tenha um alcance populacional maior em certas áreas. Estou indo para 22 anos atuando como radialista”, comentou Graça.
Com tantos anos de estrada modulando nas ondas do rádio, principalmente para o interior do Estado, Graças explica que o rádio é extremamente importante para a comunicação das comunidades. “O veículo mais forte no interior que tem um alcance muito maior, onde as notícias chegam em primeiro lugar é o rádio”, observou.
Existência do rádio
Sobre os desafios para se manter a rádio com o surgimento dos novos meios de comunicação, Patrick Motta exemplificou as diversas vezes em que a existência do rádio foi ameaçada. “O rádio é o meio de comunicação que mais vem enfrentando desafios ao longo de toda a sua existência”, destacou Motta.
“O rádio quando surgiu passou enfrentar um problema que era a o nascimento da televisão. ‘Acabou o rádio!’ As pessoas diziam. Surgiu algo novo, era o fim do rádio… A televisão veio, ficou e continua na ativa e o rádio também! Aliás o rádio evoluiu, saiu daquela questão AM de amplitude modulada, para FM que é frequência modulada”, comemorou o radialista.
Para Patrick, o rádio é o meio mais adaptável dos meios de comunicação. “Qual era a diferença: o rádio quando ia mais longe era a rádio de amplitude modulado, o rádio AM. Porém, perdia a qualidade. Já a frequência modulada, que a rádio FM tem muita qualidade, mas ela não vai tão longe. Agora recentemente no Brasil a gente viveu uma mudança da rádio AM para FM, é um evolução do veículo longo de décadas”, explicou o radialista.
Sobre o dia que foi escolhido mundialmente para celebrar a existência da rádio, Patrick afirmou que fica “imensamente triste enquanto brasileiro, de saber que um veículo tão importante, que ajudou e ajuda o mundo a informar e é o único que você não para o que está fazendo para se informar, se divertir, é pouco valorizado”, lamentou.
Com a chegada da era digital, o profissional observa que o meio de comunicação se moldou ao longo dos anos, “O rádio conseguiu se adaptar muito bem. Em todas as plataformas hoje, por exemplo, o rádio está fazendo sua comunicação normalmente. O rádio não entrou no impresso porque não rola, mas, no online, ele está. A gente consegue atingir um número maior de telespectadores. Eu vejo que o rádio não sofreu mudanças e a expectativa é continuar se adaptando”, defendeu.
Migração AM-FM
Em junho de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou a outorga das rádios em ondas médias (OM) para o serviço de frequência modulada (FM). A medida é considerada um exemplo de política pública em defesa das pequenas emissoras de rádio brasileiras. A migração teve como objetivo o fortalecimento do setor de radiodifusão e das pequenas emissoras de rádio em OM, prejudicadas pelo abandono dos ouvintes diante do aumento das interferências e ruídos, especialmente nas áreas urbanas.
Atualmente, das 1.781 outorgas de rádio AM, cerca de 1.720 emissoras pediram a mudança para o FM. Mas para a finalização do processo de migração dos serviços ainda é necessária a redestinação dos canais 5 e 6 de televisão para o serviço de rádio FM, que por questões de normativas técnicas, encontra-se atrelado ao processo de desligamento do sinal analógico de televisão.
O prazo final para a digitalização da televisão em todo o Brasil foi estendido e está previsto tão somente para o ano de 2023, previsão para o término do processo de desligamento do sinal analógico da televisão brasileira e consequente disponibilização da faixa 5 e 6 para o uso em FM (‘Faixa Estendida’).
História do Rádio
A primeira transmissão tendo o conjunto voz e música por ondas de rádio ocorreu em dezembro de 1906, em Massachusetts, nos Estados Unidos. Foi, contudo, o canadense Reinald Fessenden quem reproduziu por uma hora conversas e música para radioamadores.
Outras experiências também marcaram a combinação, mas era preciso dispositivos semelhantes a fones de ouvido nos primeiros aparelhos, feitos à mão. Os primeiros receptores eram confeccionados em sulfeto de chumbo, os ‘bigodes de gato’, usados para detectar os sinais de rádio, sendo ligados a aparelhos de cristal. Havia muita dificuldade para sintonizar as estações e, principalmente, por esse obstáculo, a massificação do rádio ocorre somente após 1927.
No Brasil
No Brasil a primeira rádio foi a ‘Rádio Sociedade do Rio de Janeiro’. Fundada no dia 20 de abril de 1923. Há exatos 98 anos, os pesquisadores Edgard Roquette-Pinto, Henrique Morize e outros membros da Academia Brasileira de Ciências fundaram a rádio, a primeira emissora de rádio oficial do país.
No entanto, a primeira estação de rádio a operar com alcance nacional foi a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A emissora foi a primeira a ter alcance em praticamente todo o território do Brasil. Tinha, então, o prefixo PRE-8, com o qual também era identificada pelos ouvintes. Tornou-se um marco na história do rádio brasileiro. Até 1975 operava em 980 kHz e, desde então, opera na faixa de 1130 kHz, com o prefixo ZYJ-460.
No Amazonas
Como os ventos do progresso radiofônico varriam o Brasil, logo o Amazonas, ainda vivendo na sobrevida da era da borracha, iria receber sua primeira emissora de rádio de longo alcance. A peripécia pertence ao radioamador Lizardo Rodrigues, fundador da Rádio Baré. A rádio começou como a ‘Voz da Baricéia’, um pequeno transmissor que deu início à irradiação a partir de sua residência na Rua José Paranaguá, 383, no centro de Manaus.
Tempos depois mudou-se depois para um prédio maior na Avenida Sete de Setembro. Em 1945, seu controle passou para o domínio dos Diários Associados, do embaixador da comunicação no Brasil, o pioneiro Assis Chateaubriand. Com adesão, a sede mudou-se para os altos do prédio situado na Avenida Eduardo Ribeiro, 566, sendo seu primeiro diretor o jornalista Josué Cláudio de Souza, que com a aquisição da emissora, iniciou-se a era do rádio amazonense propriamente dita.
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