Dia Nacional da Adoção: famílias adotantes precisam vencer preconceito com idade, PCDs e grupos de irmãos

Segundo CNJ, 93% das famílias pretendentes a adoção optam por adotar crianças de zero a oito anos de idade.(Arquivo/Agência Brasil)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Nesta terça-feira, 25, o Dia Nacional da Adoção propõe estimular às famílias adotantes vencer o preconceito com a “idade avançada” de crianças, deficiências físicas e intelectuais e ainda crianças que possuem irmãos. Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 93% das famílias pretendentes a adoção optam por adotar crianças de zero a oito anos de idade.

De acordo com a assistente social e analista judiciária na Vara da Infância e Juventude Cível da Comarca de Manaus, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Heloisa Guimarães de Andrade, existem 141 famílias habilitadas para adotar na capital amazonense e 51 crianças e adolescentes aptas para receber um novo lar. No entanto, 40 delas estariam “fora do perfil” desejado pelo cadastro nacional.

“Com a pandemia, tivemos aumento de pretendentes para adoção. Acredito que facilitou mais o pré-cadastro pelo site, isso pode explicar o aumento. Atualmente, temos 75 processos novos de adoção, processos que ainda não dá o credenciamento para a família. Além disso, 141 habilitadas já estão prontas para receber a criança”, explicou.

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Crianças na espera

No Brasil, de acordo com o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) do CNJ, existem 30.967 crianças acolhidas em unidades como abrigos e 5.154 aptas para serem adotadas. Há ainda cerca de 34 mil pessoas habilitadas para adotar no País. Mesmo com a grande quantidade de meninos ou meninas aptas, os pais e mães preferem escolher aquelas crianças com características semelhantes aos perfis da famílias, o que retarda o processo de adoção.

“A maioria do cadastro, 93%, quer crianças de zero a oito anos de idade. Quanto ao gênero, já está igual. Não tem muita diferença. Em minoria, existem os que querem grupos de irmãos, indígenas, negros”, comentou Heloisa, a entrevistada desta terça-feira do programa, da TV Cenarium, “CENARIUM Entrevista”, apresentado pela jornalista Andrea Vieira.

Heloisa Guimarães de Andrade afirma que existem 141 famílias habilitadas para adotar na capital amazonense (Samuelknf/Revista Cenarium)

Adoção tardia

Nas instituições sociais, a adoção tardia ainda é uma realidade, principalmente, quando se trata de criança ou adolescente com deficiência. No Abrigo Moacyr Alves, por exemplo, apenas três crianças com deficiência finalizaram o processo de adoção em cinco anos.

Segundo o órgão, as 64 crianças e adolescentes acolhidos no abrigo recebem atendimento especializado e individualizado de acordo com as necessidades de cada um, como: acompanhamento pedagógico, fisioterapia, psicologia, serviço social, serviços médicos, fonoaudilogia, odontologia e nutrição.

Adoção tardia ainda é uma realidade nas instituições sociais (Divulgação/Abrigo Moacyr Alves)

Edinês Oliveira, que participa do Projeto “Madrinhas e Padrinhos Afetivos” do abrigo, tomou a decisão em dezembro de 2016, de adotar de forma efetiva o pré-adolescente Alexandre da Silva, de 13 anos. Para ela, a adoção não é um gesto de caridade, mas representa a essência do amor de uma família.

“Nossa vida mudou bastante, e mudou para melhor. O Raí (meu marido e pai adotivo do Alexandre) já tinha um filho e a adoção do ‘Xande’ complementou nossa família, trazendo mais alegria para cada um de nós”, ressaltou Edinês.

Pilares

Em Manaus, três projetos pilares são desenvolvidos pela Vara da Infância e Juventude Cível: o primeiro é a cartilha “Adotar é Legal”, que tem o objetivo de levar o conhecimento à sociedade acerca do passo a passo para a adoção e evitar adoções ilegais; o segundo é o programa “Acolhendo Vidas“, que atende mulheres que ainda na gravidez manifestam o desejo de entregar os filhos para a adoção.

O terceiro projeto é a ação “Encontrar Alguém“, que incentiva a adoção de crianças e adolescentes de difícil colocação em família substituta, seja por questões de idade ou por apresentarem condições especiais de saúde. Um dos objetivos desse projeto é a divulgação, de forma responsável e padronizada, de imagens e informações sobre as crianças inseridas no CNA, sem perspectivas de pretendentes, realizando a busca ativa com fins de adoção

Como adotar

Para as famílias que desejam se candidatar à adoção, é necessário passar pelos processos de habilitação para adoção que credenciam os pretendentes e garantem a filiação. Os candidatos devem ter mais de 18 anos e se cadastrar no Cadastro Nacional de Adoção do CNJ.

O pretendente deve seguir o passo a passo orientado pelo site, que deve emitir um protocolo e a lista de documentos necessários para adoção. A partir disso, o candidato deve procurar a Vara de Infância e Juventude do município e aguardar a tramitação do processo que habilita o candidato. Em Manaus, o telefone para contato é (92) 3303-5285 e (92) 99136-5280.

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