Dia Nacional da Visibilidade Lésbica: veja expressões que devem ser evitadas
29 de agosto de 2021
O que as mulheres já estão cansadas de ouvir (Reprodução/ Internet)
Priscilla Peixoto – Da Cenarium
MANAUS – Neste Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado neste domingo, 29, saiba expressões preconceituosas que devem ser evitadas. Além de passarem por constantes constrangimentos e homofobia não é difícil mulheres bissexuais e lésbicas ouvirem com frequência, frases, questionamentos e piadas com teor sexual.
Além de vexatório, as “piadas” ou brincadeiras tentam invisibilizar e diminuir a mulher por conta da sexualidade. Por essa razão, a CENARIUM traz algumas frases compartilhadas por mulheres lésbicas e bissexuais, classificadas por elas, como desnecessárias e evitáveis.
1 – “Você é tão bonita, nem parece lésbica”
A frase que talvez tenha a intenção de elogiar acaba invalidando a homossexualidade. Orientação sexual e estética não estão interligados. Uma coisa não depende e nem pode invalidar a outra, a beleza é critério subjetivo. Deste modo, é possível elogiar a beleza de alguém sem mencionar a orientação sexual da pessoa elogiada.
2 – “Você pode ser lésbica ou bi, mas não precisa beijar em público”
Casais heterossexuais se beijam e demonstram afeto em ambientes públicos, como em baladas, praças e feiras e tudo bem. Então, por que duas mulheres não podem andar de mãos dadas, beijar e abraçar? Demonstrar carinho, respeito e afeto não é algo permitido apenas ao héteros.
3 – “Você só é lésbica, porque nunca conheceu um homem de verdade”
A frase é classificada como grosseira e invasiva. O costume de considerar o homem como agente transformador que fará “o resgate” da mulher lésbica, fazendo com que ela “vire” heterossexual é uma ideia constantemente defendida pelos homens que não respeitam a orientação de mulheres lésbicas.
4 – “Precisa ser tão masculina?
Há mulheres lésbicas que se sentem mais confortáveis com roupas que não marcam tanto a silhueta, sem decotes e apertada. Isso acaba causando confusão entre orientação sexual e identidade de gênero. Mas é uma questão de gosto e estilo e não de gênero. Elas se sentem mais a vontade assim e estão seguras quanto a sua identidade de gênero.
Frases classificadas como desnecessárias por mulheres lésbicas (Reprodução/Internet)
5 – “Como vocês transam, posso participar?”
A pergunta acima geralmente é feita sem nenhuma cerimônia, intimidade ou liberdade para falar sobre fetiche com o casal. Curiosidades existem, mas caso não tenha intimidade e liberdade para conversar com a casal sobre tal assunto, é melhor que não faça, respeite os limites impostos.
Além disso, essa postura pode estar muito mais ligada a possíveis consumos de pornôs lésbicos, produzidos para o agrado e fantasia masculina, que reduz o corpo feminino a um objeto de desejo e não representam de fato a realidade da vida sexual entre duas meninas.
6 – “Que desperdício, será que não é uma fase?”
Não é desperdício e nem é uma fase! Mulheres lésbicas são o que são. Embora a caminhada possa ser diferente para cada uma, amar outra mulher não é sinônimo de desperdício.
7 – “Quem é o homem da relação?”
Essa é considerada clássica e talvez uma das perguntas mais ouvidas pelas lésbicas. Uma fala machista, que remete à ideia de que a relação tem que ser heteronormativa tendo o homem como dominador da relação. Não há “o homem da relação”, o amor entre duas mulheres é válido exatamente como ele é.
A data promove debates, como as violências sofridas por lésbicas (Reprodução/Pinterest)
Local de fala
Para a bacharela em direito e lésbica, Letícia Araújo, 24 anos, frases como estas expressam como a sociedade encara essas temáticas e como ainda é presente o machismo, preconceito e falta de informação sobre assuntos sérios que possivelmente evitariam inconveniências.
“Dizem que o mundo ficou chato, que não podemos falar mais nada, mas acredito que hoje temos mais consciência de que a sociedade é plural. É uma pena que ainda exista muita gente com atitudes que propagam o machismo e a homofobia”, comenta Letícia.
“Seja numa frase, numa brincadeira sem intenção de machucar ou de forma proposital. Ninguém tem o direito de invalidar o outro por questões de gênero ou sexuais. Essas frases parecem aquelas piadinhas prontas e marcadas do ‘tiãozão’ da família que não tem graça alguma mas acha que tá abalando, sabe? Já deu”, completa Araújo.
Visibilidade Lésbica
A data de 29 de agosto é o dia escolhido para a celebração nacional da visibilidade lésbica em alusão ao ano de 1966, onde durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (Cole-RJ), dentre as pautas debatidas estavam visibilidade, organização e saúde.
A data promove debates, como as violências sofridas por lésbicas e mulheres bissexuais, negligência na área da saúde e atendimento voltado para esta população e endossa o movimento a luta pelas causas LGBTQIA+. “É importante falarmos sobre a visibilidade lésbica, e por em discussão questões como a lesbofobia que é discriminação sofrida por mulheres lésbicas”, afirma Letícia que atenta para a diferença entre a lesbofobia e homofobia.
“Nem todos sabem, mas há diferença entre as duas situações. No caso da lesbofobia, temos a junção do preconceito sofrido pela orientação sexual e machismo que resulta em violência físicas ou psicológicas. E há aquelas que passam ainda pelo o chamado estupro corretivo, termo usado ao estupro cometido pelos que tentam ‘corrigir’ a sexualidade da mulher lésbica. É revoltante”, lamenta Letícia.
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