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Diálogos de inquérito da PF mostram que Secom privilegiou ‘mídia aliada’
Em 2019 Wajngarten assumiu o comando da Secom e se aproximou do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos(Reprodução/O Globo)
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13 de junho de 2021
Com informações da Agência O Globo
BRASÍLIA — Mensagens de WhatsApp colhidas pela Polícia Federal ao longo do inquérito dos atos antidemocráticos revelam que Fabio Wajngarten, então chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Governo Bolsonaro, defendeu a liberação de verba publicitária da Caixa Econômica Federal para veículos de comunicação classificados por ele como “mídia aliada”.
Segundo relatório da PF, em abril de 2019 Wajngarten assumiu o comando da Secom e se aproximou do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, dono do site Terça Livre e amigo dos filhos do presidente. Naquela ocasião, Wajngarten se apresentou para Allan dos Santos dizendo ser um empresário de mídia “muito” próximo de executivos de emissoras de TV.
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Afirmou ainda que poderia aproximar o blogueiro desses veículos e que, naquela semana, já havia promovido encontros de parlamentares com a cúpula do SBT, da Band e que iria se encontrar com “bispos da Record”. Em nota, Wajngarten diz que atuação na Secom foi ‘técnica e profissional’, e emissoras negam privilégio e reafirmam isenção.
No diálogo, Wagjngarten demonstrou preocupação com o atraso no pagamento de verbas de publicidade a quem classifica como “aliados”. Ele diz ter sido informado que a “Caixa”, em provável referência à Caixa Econômica Federal, estaria “devendo dinheiro” à Band e “RTV” (possível citação à Rede TV!), conforme demonstra o diálogo a seguir:
Fabio Wajngarten: “Caixa devendo dinheiro pra BAND, RTV”.
Allan dos Santos: “E como foi?”
Fabio Wanjgarten: “os aliados estão furiosos”
Fabio Wajngarten: “General sentou em cima e não paga nenhuma nota passada”
Fabio Wajngarten “provocando iminentes tumores”
Allan dos Santos: “Desnecessário”
Fabio Wajngarten: “totalmente desnecessário”.
O relatório da PF não identifica o “general” citado por Wajngarten, mas, à época das mensagens, a Secom era vinculada à Secretaria de Governo, chefiada pelo general Carlos Alberto Santos Cruz. O militar foi alvo de ataques de bolsonaristas e acabou sendo demitido pelo presidente.
Wajngarten relatou que tentou aproximar Bolsonaro da cúpula da Band — e chegou até a fazer uma ligação por meio de videoconferência entre o presidente e Johnny Saad, dono do Grupo Bandeirantes, e Paulo Saad, vice-presidente da emissora.
Bater sem parar
Em outro momento do diálogo, Allan dos Santos compartilhou um link de uma notícia sobre a decisão do Ministério Público que atua perante o Tribunal de Contas da União (TCU) de pedir à Corte que obrigue a Secom a distribuir verbas publicitárias do governo com base em critérios técnicos. Naquele momento, em janeiro de 2020, o jornal Folha de S. Paulo revelara que Wajngarten mantinha contratos, por meio de sua empresa FW Comunicação e Marketing, com as emissoras Record e Band, que recebiam recursos da Secom.
Contrariado, Wajngarten respondeu: “Eles querem o retorno de 80% para a Globo. Vergonhoso”. Na sequência, o blogueiro bolsonarista sugeriu: “Bora bater sem parar”. O então chefe da Secom agradeceu.
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