Diretor-geral da PF não foi informado com antecedência de operação sobre Ricardo Salles e Eduardo Bim

Além deles, outros 16 servidores do Ibama e do ministério foram alvo da ação (Divulgação/ALE-SP)

Com informações do O Globo

MANAUS – O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Maiurino, não foi informado com antecedência da operação que a corporação realizou na semana passada sobre o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim. Além deles, outros 16 servidores do Ibama e do ministério foram alvo da ação. 

A Operação Akuanduba foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Morais e desencadeada no início da manhã da última quarta-feira, quando 160 policiais federais cumpriram 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Pará e em São Paulo. Os endereços de Salles também foram vasculhados. O presidente do Ibama, Eduardo Bim, e outros nove agentes públicos foram afastados do cargo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal.

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A investigação apura o envolvimento de Salles e da cúpula do Ibama com um esquema de propina para facilitar o contrabando de madeira ilegal. Ao todo, a PF elencou nove crimes em apuração: corrupção passiva e ativa, contrabando e facilitação de contrabando, prevaricação, advocacia administrativa, crimes contra a administração ambiental, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa e obstrução da Justiça.

Não se trata, porém, do mesmo inquérito que levou à apreensão de 200 mil m3 de madeira na divisa do Amazonas com o Pará – e provocou a demissão do então superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva. Depois de protocolar uma notícia-crime contra Ricardo Salles por tentar obstruir as investigações, ele acabou exonerado do cargo. 

O inquérito que baseou a operação Akuanduba corre em Brasília e é comandado pelo delegado Franco Perazzoni, da Delemaph (Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico). 

Para montar a operação, Perazzoni contou com a aprovação de seu superior, o coordenador de crimes fazendários, Cleo Mazotti, que solicitou às superintendências locais – de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Pará – o aparato necessário. 

Nem sempre a montagem de grandes operações chega ao conhecimento do diretor-geral. A informação é, por princípio, compartimentada. Esse caso era especialmente delicado, em razão de Ricardo Salles ser ministro. 

Além disso, ela foi feita sobre um caso que já havia sido arquivado pelo Ministério Público e foi desarquivado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, também não foi comunicado a respeito da operação.

Na mesma manhã em que a Akuanduba aconteceu, poucas horas depois de os agentes terem realizado as buscas, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com Salles e o ministro da Justiça, Anderson Torres – pasta a qual a Polícia Federal é subordinada. 

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