Discurso de líder indígena e Bolsonaro pode mostrar dois ‘Brasis’ na Cúpula do Clima

Sinéia Wapichana, Joe Biden e Jair Bolsonaro vão se encontrar no evento online. (Reprodução/Internet)

Via Brasília – Da Revista Cenarium

Cúpula do Clima

A Cúpula do Clima, que reúne hoje nomes de pensamentos tão díspares como o anfitrião Joe Biden, presidente dos EUA, Jair Bolsonaro, o papa Francisco, Bill Gates, Xi Jinping e Vladimir Putin, entre outros, já nos permite inferir ao menos um consenso: o mundo começa a acordar para a iminente emergência ambiental. Tanto Biden quanto o primeiro ministro da Índia, Narenda Modi – até então da turma negacionista – os primeiros a se manifestar no evento, falaram praticamente a mesma língua. Reiteraram compromissos de redução de gases do efeito estufa.

Cúpula do Clima II

Representando o Brasil, além do presidente Jair Bolsonaro, a indígena brasileira Sinéia Wapichana também participará da Cúpula do Clima nesta quinta-feira, 22, em que se comemora o Dia da Terra. Sinéia é uma liderança do movimento indígena de Roraima e discursará durante o evento. Atualmente, os Wapichana são uma população total de cerca de 13 mil indivíduos, habitando os rios Branco e Rupununi, na fronteira entre o Brasil e a Guiana.

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Bolsonaro tenta agradar

Agradável aos ouvidos, mas carente de comprovação em fatos concretos, a tão aguardada fala do presidente Bolsonaro na Cúpula do Clima procurou agradar gregos e troianos. Mas se convencerá ou não a plateia com seu discurso lido e razoavelmente bem escrito, só adiante é que saberemos. Destoando totalmente das ações do Ministério do Meio Ambiente, Bolsonaro mencionou conquistas do Brasil fruto de governos anteriores, disse que fortaleceria a fiscalização contra o desmatamento e anunciou a redução de emissões em 40% até 2030. Em resumo: sinalizou que quer adaptar seu discurso ao novo inquilino da Casa Branca, inclusive com a redução no tom de beligerância.

Parlamentares reagem

Em Brasília, parlamentares ligados à causa ambiental e à oposição classificaram como “mentirosas” as declarações de Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima. Na sessão desta manhã na Câmara dos Deputados, o líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSOL/RJ), disse que agora o presidente brasileiro “mente em escala internacional” ao afirmar que está fortalecendo os órgãos de fiscalização ambiental. “Zero credibilidade. Falácia pura, repetida e requentada”, afirmou Rodrigo Agostinho (PSB/SP), coordenador da Frente Ambientalista do Congresso.

Líder wapichana pede respeito

Mulher indígena convidada por Joe Biden para discursar na Cúpula do Clima, Sinéia do Vale, líder da etnia wapichana, de Roraima, falou horas depois de Jair Bolsonaro e pediu “respeito a direitos” nas ações sobre as mudanças do clima que, na visão dela, não podem ser desconectadas das questões territoriais. Sem fazer referência ao presidente brasileiro, disse que o Brasil precisa cumprir acordos e honrar metas. “Precisamos de estratégias para que os fundos cheguem, na verdade, na ponta, onde é feito esses trabalhos dos povos indígenas”, observou Sinéia.

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