Discurso de Trump pode aumentar violência contra LGBTQIAPN+


Por: Jadson Lima

20 de janeiro de 2025
Discurso de Trump pode aumentar violência contra LGBTQIAPN+
Donald Trump e bandeira da comunidade LGBTQIAPN+ (Composição: Paulo Dutra/Cenarium)

MANAUS (AM) – O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, afirmou em seu discurso de posse, nesta segunda-feira, 20, que “a partir de hoje existem apenas dois gêneros no país: masculino e feminino”. A declaração do republicano contra a diversidade e inclusão ocorre no momento em que ele assume seu segundo mandato, em meio à radicalização do discurso contra minorias, e pode aumentar a violência contra a comunidade LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromânticas/Agênero, Pan/Pôli, Não-binárias e mais).

À CENARIUM, especialistas como a professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Ivânia Vieira, a doutora em Saúde Coletiva Munique Therense e a ativista Melissa Castro destacaram os impactos globais das medidas que devem ser adotadas pelo republicano, em um tom mais agressivo contra a diversidade. Para elas, no entanto, a luta pela manutenção dos direitos LGBTQIAPN+ continuará. Elas alertaram que as ações de Trump podem ter reflexos em todo o mundo.

Para Ivânia Vieira, a resposta aos atos de Donald Trump em relação à mudança na política de diversidade virá com o tempo, mas já marca um retrocesso no avanço das políticas voltadas para a diversidade. Ela destacou que a mudança envolve diversas camadas da sociedade norte-americana e que, neste momento, desenha-se um embate. “A luta pelo respeito à diversidade de gênero é histórica, enfrentou batalhas diante do terror, do fascismo em diferentes modalidades, permaneceu, ampliou suas conexões e está no mundo”, afirmou.

“O governo estadunidense retrocede enquanto instância de promoção e de financiamento de programas para a diversidade, a equidade e a inclusão, como quer Trump. As comunidades e o movimento organizado, não. Será mais um tempo difícil a ser enfrentado, pois, revigora a cultura da violência vigente, banaliza a vida humana. E essa soma de atrocidades será cobrada, haverá rearticulação local/global para combater o retrocesso”, disse a professora da UFAM.

A professora Ivânia Vieira da UFAM (Reprodução/Redes Sociais)

Para Ivânia Vieira, a resposta aos atos de Donald Trump em relação à mudança na política de diversidade virá com o tempo, mas já representa um retrocesso no avanço das políticas voltadas para a diversidade. Ela destacou que a mudança envolve diversas camadas da sociedade norte-americana e, neste momento, desenha-se um embate. “A luta pelo respeito à diversidade de gênero é histórica, enfrentou batalhas diante do terror e do fascismo em diferentes modalidades, permaneceu, ampliou suas conexões e está no mundo“, afirmou.

Vivência social

A psicóloga e professora da Escola de Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Munique Therense, afirmou que o gênero é uma vivência social, a partir da experiência de desejos e afetos vividos em uma relação. “Quando falamos de gênero, estamos falando da verdade do conceito de gênero, da diferenciação, do conjunto de conhecimentos que distinguem masculino e feminino”, disse.

“O gênero é uma repetição cotidiana, e não uma repetição no sentido de, a pessoa em si. Mas é um conjunto de repetições sobre o que é gênero a partir desses agentes, digamos assim, que vão produzindo esse conjunto de diferenças. Sem a repetição, para Butler, aquilo que a gente entende como gênero dado não existiria, não ocorreria”, destacou.

A professora de Saúde da EUA Munique Therense (Reprodução/Arquivo pessoal)
‘Declaração egoísta e soberba’

À CENARIUM, a ativista Melissa Castro classificou a declaração de Trump como “soberba e egoísta”, e afirmou esperar reflexos das medidas anti-LGBT em todo o mundo. Ela não acredita que haverá impactos legais no Brasil, mas ressalta que os reflexos sociais no dia a dia serão fortemente afetados, pois ele é uma das figuras públicas mais conhecidas do planeta atacando toda uma comunidade.

“[O Donald Trump] é o presidente dos Estados Unidos. Imagina o reflexo disso? Eu acredito que judicial ou legalmente possa ser que não haja impactos das ações dele no Brasil, porque vivemos em um País livre e democrático. No entanto, os reflexos sociais do dia a dia vão acontecer, porque é o presidente de uma potência falando contra toda uma comunidade”, disse a ativista.

A ativista também destacou a falta de conhecimento de políticos de direita sobre temas como identidade de gênero e sexo biológico. Para Melissa, o gênero é uma construção social que permite o exercício da cidadania, e as declarações de Donald Trump impactam socialmente pessoas como ela, que construiu sua identidade ao longo de 36 anos.

“Não tem a construção social. Poxa, hoje eu sou a Melissa. Por quê? Porque eu construí essa identidade feminina. Entende? A questão do gênero é uma construção. Eu construí quem eu sou hoje. Hoje eu sou reconhecida como Melissa porque eu fiz essa construção social. E eu aderi a padrões, por exemplo, que as pessoas ditam como femininas, a sociedade dita como feminino, para ter esse reconhecimento”, pontuou a ativista.

Leia mais: Manaus é a sexta capital mais violenta para população LGBTQIAPN+ no Brasil
Editado por John Britto

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