Distrito de Inovação de SP quer levar tecnologia verde à Amazônia
Por: Fred Santana
11 de novembro de 2025
BELÉM (PA) – Uma iniciativa que busca unir diversas entidades para a busca de pesquisa e desenvolvimento científico, o Distrito de Inovação de São Paulo (Disp) está sendo apresentado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025 em Belém (PA). O projeto promete ser um dos principais polos de convergência entre ciência, tecnologia e clima na América Latina.
Localizado às margens do Rio Pinheiros, o projeto reúne instituições centenárias como Universidade de São Paulo (USP), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e Instituto Butantan, e pretende funcionar como um grande laboratório vivo de tecnologias voltadas à sustentabilidade, adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
De acordo com André Busanelli de Aquino, diretor de ciência, tecnologia e inovação da Secretaria de Ciência e Inovação do Estado de São Paulo, o Disp nasce com o propósito de ser um ambiente de experimentação e transferência tecnológica.

“O Distrito de Inovação de São Paulo é uma iniciativa de organizações âncoras centenárias. A ideia é criar um grande laboratório vivo para testar tecnologias que contribuam com toda a ação que precisamos para ampliar a resiliência, a adaptação e a mitigação de questões climáticas em prol da sustentabilidade”, explicou, com exclusividade, à CENARIUM.
O projeto adota o conceito de city-lab, permitindo que tecnologias sejam testadas em escala piloto e replicadas em outras regiões. Entre as frentes em desenvolvimento estão energia limpa – como hidrogênio verde e biocombustíveis avançados -, bioeconomia e saúde climática urbana.
“Nós estamos num momento de implementação, o que chamamos de call to action. E a transferência de tecnologia depende de mecanismos para levar a pesquisa de um TRL baixo para um TRL mais alto, ou seja, para soluções realmente aplicáveis e financiáveis”, destacou André.
Atualmente, o DISP abriga mais de 300 centros de pesquisa, dezenas de programas de inovação aberta e empresas de tecnologia como Google, WPP, Nubank e PicPay, compondo um ecossistema que integra pesquisa, empreendedorismo e financiamento climático.

Conexão estratégica com a Amazônia
Durante a COP30, a iniciativa destacou a importância da Amazônia como eixo central de colaboração científica. “Descentralizar essas tecnologias é um dos principais objetivos. O Distrito reconhece o bioma amazônico como central e a ideia não é substituir ou sobrepor, mas colaborar completamente no que estiver ao nosso alcance”, afirmou André.
A proposta é criar um Eixo Amazônico de Inovação Colaborativa, conectando instituições paulistas e amazônicas para desenvolver projetos de bioeconomia, energia limpa e monitoramento ambiental. “Nós queremos transferir toda a tecnologia e recursos para que o bioma amazônico possa contribuir de forma ímpar, como já vem contribuindo, para as questões climáticas”, disse.
Segundo o documento apresentado em Belém, as instituições paulistas possuem presença consolidada na região: o IPT mantém um núcleo em Manaus (AM) voltado à bioeconomia e à economia circular; o Instituto Butantan conduz pesquisas com espécies amazônicas; e a USP, por meio do Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (CEAS), atua com biodiversidade e povos tradicionais.
Para André, o Disp deve funcionar como uma ponte entre a capacidade científica urbana-industrial de São Paulo e o potencial ecológico amazônico. “O papel de São Paulo não é substituir o protagonismo amazônico, mas acelerar soluções que conectem conhecimento urbano-industrial ao bioma”, reforçou. Ele acrescenta que o distrito já está conectado a outros parques tecnológicos do País e convida ambientalistas, construtores de soluções e financiadores a se agregar nesse ecossistema.
O Distrito de Inovação de São Paulo atua como Instituição Científica e Tecnológica (ICT) sem fins lucrativos, o que garante autonomia e independência institucional. No dia 24 de novembro, o projeto realiza uma conferência em São Paulo para apresentar o portfólio de iniciativas e novas parcerias estratégicas.
