Do ofício de advogar às artes plásticas, amazonense descobre dom em meio à pandemia
30 de julho de 2021
Roseanne Torres Stone viu na pandemia a oportunidade para produzir arte (Divulgação)
Com informações da assessoria
MANAUS – Isolamento social; proibição de sair às ruas a qualquer hora do dia; mais tempo em casa e a busca por uma ocupação que traga felicidade são algumas das situações enfrentadas por quem buscou se reformular durante a Covid-19. Nesse “cenário semiapocalíptico”, a história da arte ganhou um novo capítulo, revelou talentos e despertou dons em quem menos imaginava. A advogada amazonense, Roseanne Torres Stone, de 52 anos, é um exemplo disso. Ela viu na pandemia uma oportunidade para produzir arte com outras temáticas e técnicas.
“O planeta definitivamente não estava girando da mesma maneira. Todos nós nos sentimos aprisionados em casa, longe do cotidiano e sem saber o que fazer daqui para frente. Estávamos em plena Páscoa e, mesmo sendo um feriado religioso importante para mim e muito celebrado em família, não acho que a religião seja essencial para refletir sobre seu significado: amor, vida e a capacidade de recomeçar, renascer. Assim, no domingo, após celebrar a distância com minha família, muitas lembranças da minha adolescência voltaram à mente. Como eu sempre gostei de desenhar, pintar com lápis de cor, giz, me veio a ideia de comprar telas, tintas e pincéis. Tão logo recebi o material, eu me perguntei: e agora? Eu nunca havia pintado. Aquela tela em branco era, em teoria, algo desconhecido, mas curiosamente algo que minha alma, meu subconsciente parecia conhecer”, conta a amazonense.
Roseanne é advogada e artista amazonense (Divulgação)
Roseanne se entregou à arte e a primeira pintura fluiu com traços nítidos de amadorismo, mas também com paixão intrínseca nas cores e formas. A inconformidade com o atual cenário surtiu efeito na vida da amazonense, que se conectou aos pincéis e tintas e, embora confinada, tem feito muita arte.
“Foi tudo dedicado à minha amada mãe, minha melhor amiga, melhor exemplo. O resultado foi uma figura impressionista que foi sucesso no grupo de mensagens da família, recebida com muito amor e suporte. A minha família é muito importante, a opinião deles e do meu filho, que é produtor musical, me fortalecem e me impulsionam com seus apoios incondicionais”, destacou.
Obras da artista Roseanne Torres (Divulgação)
Reclusa em seu ateliê improvisado na sala de casa, a agora artista plástica produz obras que refletem as angústias e incertezas dos novos tempos. A cada pincelada, Roseanne Stone sintetizava o tempo que a cerca e a emoção que envolve a tristeza pela perda de milhões de pessoas em todo o mundo e a corrida pela cura e imunização contra o coronavírus.
“Eu não posso dizer que tenho um estilo definido, ainda estou em fase de conhecimento com a arte e comigo mesma. O que posso dizer é que meu estilo é minha essência, está no momento em que vivo, o que vem da minha alma. E isso reflete muito fortemente até mesmo quando alguém encomenda uma arte específica. Como inspiração, tenho alguns artistas impressionistas como inspiração, são eles: Monet, Manet, Renoir, Vincent Van Gogh, Cézanne, Elise Visconti. Também me identifico com expressionistas, como Wassily Kandinsky, Franz Marc e outros”.
‘A Arte que vem do caos‘
Ao longo da história, a observação do momento de crise do passado levou os artistas visuais a refletirem sobre a forma como projetariam os cenários marcados pelos surtos e pandemias. Atualmente, segundo a artista, no contexto avassalador causado pela Covid-19, a arte vem exercendo um papel social fundamental e imprescindível de refletir o impacto mundial da doença.
Neste ano, Roseanne Stone deu início aos estudos na Faculdade Belas Artes, em São Paulo, com intuito de aprender, não só sobre a História da Arte, mas também técnicas que possam aprimorar o desenvolvimento artístico dela. Parte do material produzido por Roseanne Stone ficará em exposição, pela primeira vez, em Manaus. O dia e o local da mostra ainda vão ser definidos, no entanto, a artista diz que deve ocorrer até o fim do ano.
“Aprendi a mudar na adversidade e, durante a quarentena, um momento tão difícil e de explícito sofrimento, eu pude me ressignificar. Dei um outro sentido à vida. Vejo por meio de outra perspectiva, e esse despertar revelou mudanças no meu interior, que agora expresso com minha arte. A arte para mim é tudo o que eu posso exprimir na tela, aquilo que eu vejo com os olhos e o que sinto com a alma. Arte é a vida pulsando!”, ressaltou a amazonense.
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