Dois parlamentares do Amazonas se manifestam sobre ‘tarifaço’ de Trump


Por: Ana Cláudia Leocádio

10 de julho de 2025
Dois parlamentares do Amazonas se manifestam sobre ‘tarifaço’ de Trump
Capitão Alberto Neto (esquerda), presidente dos EUA, Donald Trump (centro) e o deputado federal Amom Mandel (direita) (Official White House/ Molly Riley | Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados | Edilson Rodrigues/Agência Senado | Composição: Lucas Oliveira/CENARIUM)

BRASÍLIA (DF) – Dos 11 parlamentares da bancada do Amazonas no Congresso Nacional, somente dois deputados federais se manifestaram, nesta quarta-feira, 9, sobre o anúncio do “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs 50% de taxação sobre as importações brasileiras, prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto. Um saiu em defesa da Zona Franca de Manaus (ZFM) e o outro, para atribuir a culpa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado Amom Mandel (Cidadania) escreveu em suas redes sociais que não aceita ataques à democracia brasileira e saiu em defesa da Zona Franca de Manaus (ZFM), que pode ser impactada pelas tarifas dos EUA.

O deputado federal Amom Mandel (Cidadania/AM) (Reprodução/Câmara dos Deputados)

“Vamos defender Manaus com dados, articulação e firmeza. Mas sem cair na armadilha da polarização que só interessa a quem lucra com o caos. A Zona Franca não é um privilégio, é uma estratégia nacional de ocupação da Amazônia com geração de emprego, inovação e desenvolvimento. Desestabilizá-la, em nome de um jogo de forças geopolítico e ideológico, é agir contra o próprio Brasil”, escreveu.

O parlamentar também disse que “Manaus não pode pagar por brigas ideológicas — nem aqui, nem lá fora”. “A possível tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, se concretizada, seria um golpe duríssimo contra milhares de trabalhadores da Zona Franca de Manaus — e, por tabela, contra toda a economia amazonense”, completou.

O deputado Capitão Alberto Neto (PL) compartilhou em suas redes o pequeno pronunciamento que fez no plenário da Câmara dos Deputados, na noite dessa quarta-feira. Para o parlamentar, que é aliado e do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, o culpado do “tarifaço” de Trump é o presidente Lula.

Deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM) (Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

“O nome desse culpado se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Ele tem cometido um incidente diplomático atrás do outro. Ele peitou o Trump nos Brics. Ele chegou à Europa e disse que a culpa da guerra também era da Ucrânia. Ele apoia o Irã, ele apoia o Hamas, ele traz uma condenada por corrupção do Peru. Ele chega à Argentina e levanta um cartaz a favor de uma condenada por corrupção. O Brasil escolheu o seu lado. Quer dizer, Lula escolheu o seu lado”, afirmou.

Alberto Neto pediu ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), para liderar o processo, porque o presidente da República não teria condições. “O Congresso Nacional precisa reagir para salvar a economia brasileira. São milhões de brasileiros que dependem da nossa economia, e esse Governo vem aumentando imposto atrás de imposto e ficando ao lado de ditaduras”, concluiu.

Carta

Na carta enviada ao governo brasileiro, Donald Trump justifica a tarifa de 50% contra as exportações do Brasil com três argumentos: um de que o comércio entre os dois países seria desfavorável, o que já foi refutado, uma vez que a balança comercial é superavitária para os estadunidenses; ele cita o julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como uma “vergonha internacional” e uma caça às bruxas que deve acabar “imediatamente”; e, por último, critica as decisões do Supremo contra plataformas digitais americanas, que foram punidas por descumprimento de ordens judiciais.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Divulgação)

O presidente Lula respondeu à carta de Trump e disse que “o Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. O presidente afirmou, ainda, que qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.

“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, ressaltou Lula para completar: “No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática”.

Foco na agenda diária

Os outro nove parlamentares mantiveram ativas suas redes sociais, mas com destaques apenas ao trabalho diário realizado na Câmara ou no Senado, onde outros parlamentares se manifestaram sobre o “tarifaço” dos EUA.

Dos três senadores Eduardo Braga (MDB), Omar Aziz (PSD) e Plínio Valério (PSDB), apenas Valério fez discurso no plenário do Senado, para comemorar a aprovação de seu projeto de lei, que garante o exame anual de mamografia para mulheres a partir dos 40 anos de idade. Os demais publicaram em suas redes sociais apenas o dia a dia de trabalho em Brasília.

Na Câmara, além de Alberto Neto, o deputado Silas Câmara (Republicanos) também tomou a palavra em plenário, mas apenas para parabenizar os pescadores e pescadoras pelo de seu dia, comemorado no final de junho.

Os deputados Adail Filho (Republicanos), Átila Lins (PSD), Sidney Leite (PSD), Pauderney Avelino (União e Fausto Junior (União) não fizeram qualquer manifestação sobre a crise entre Brasil e EUA e priorizaram as redes sociais para publicar o trabalho do dia na Câmara e ajuda aos municípios.

Editado por Gustavo Gilona

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