Dólar volta a cair após Lula dar trégua ao BC e termina o dia abaixo de R$ 5,50
04 de julho de 2024
Presidente Lula ao lado da moeda norte-americana e do Banco Central (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
Da Cenarium*
MANAUS (AM) – O dólar teve forte queda no Brasil nesta quinta-feira, 4, e voltou ao patamar abaixo de R$ 5,50. O recuo ocorreu após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter interrompido, na véspera, a série recente de ataques ao Banco Central (BC) e à política monetária, reforçando por outro lado o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal.
A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 5,48 na venda, o que representa uma baixa de 1,49%. Em 2024, porém, a divisa ainda acumula alta de 13,08%. Na terça-feira, 2, antes da mudança de tom do governo federal, o dólar chegou a ser negociado a R$ 5,70.
Às 17h19, no principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,17%, a R$ 5,50 na venda. Com os mercados fechados nos Estados Unidos em função de feriado, a liquidez foi menor no Brasil nesta quinta-feira, 4, com investidores focados exclusivamente em Brasília.
Na sessão de quarta-feira, 3, Lula interrompeu uma sequência recente de críticas quase diárias ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao atual nível da taxa Selic e ao mercado financeiro, preferindo defender o ajuste das contas públicas.
Notas de dólar, moeda norte-americana ao lado de uma calculadora (Divulgação)
À noite, com os mercados já fechados, foi a vez de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), após reunião com Lula, afirmar que o presidente determinou o cumprimento do arcabouço fiscal e que a equipe econômica já identificou R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias a serem cortadas no Orçamento de 2025.
Nesta quinta-feira, 4, Lula voltou a participar de dois eventos públicos no interior de São Paulo, mas como na véspera não fez críticas ao Banco Central ou à política monetária. Neste cenário, o dólar voltou a ter fortes perdas ante o real, retornando para abaixo dos R$ 5,50.
“(Houve uma) mudança muito clara do tom que vinha sendo utilizado (pelo governo) na segunda e na terça-feira. Então, o mercado se desarmou completamente ontem, com a bolsa subindo, a curva de juros cedendo bem e o real se apreciando bastante”, pontuou pela manhã Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes. “Hoje o movimento continua.”
Após atingir a máxima de R$ 5,50 (-1,07%) às 9h02, pouco depois da abertura, o dólar à vista registrou a mínima de R$ 5,46 (-1,84%) às 9h58
“Naturalmente que a situação interna melhorou. Caso o payroll amanhã (sexta-feira) e o CPI aumentem a aposta de corte de juros pelo Fed, poderemos ver o real continuar se apreciando”, disse o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em referência às próximas divulgações econômicas de peso nos Estados Unidos.
Nesta quinta-feira, com o mercado norte-americano fechado, a liquidez no exterior também foi reduzida. Às 17h10, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,16%, a 105,130.
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