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Dona Marina: história de força e superação da típica mulher amazônida
Dona Marina, os braços fortes e a personalidade firme de uma mulher amazônida.
(Reprodução/Z Leão)
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08 de março de 2021
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – Se o trabalho a ser feito é “maceta” ou “gitinho” isso pouco importa para Marina de Lima, 84, natural da comunidade de Santa Luzia, em Anori no Amazonas. Já que, no final, todas as coisas foram produzidas sem medição exata do tamanho e quantidade, por serem apenas uma questão que necessitava ser facilmente resolvida.
O tempo passa e Dona Marina vai continuar sem entender o que quer dizer o tal “sexo frágil”. Ela vai seguir realizando tantas tarefas árduas do seu cotidiano e, quando se der conta, vai ter vivido em um mundo onde quem quer faz e não faz questão de saber da “guerra dos sexos” ou do “sexo forte”.
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Questionada se faz parte do “sexo frágil”, a anoriense responde com um franzido de testa. “Não sei nem o que é isso”, diz a senhora. Dos “vera”, de sexo frágil, Marina não tem nada. Mesmo com seus 1,50m de altura, a cabocla amazônida é uma grande mulher.
Desafios
Não sabemos se é por necessidade ou por audácia, ou se é simplesmente ela não sabendo que é impossível, vai lá e faz! Para trazer o pão de cada dia para casa, muitas vezes o marido André caía no “trecho” e ficava seis meses fora de casa nas fábricas de seringa, juta e sova.
E as tarefas de cuidar dos filhos e as lidas para o sustento da casa ficavam sob responsabilidade de Marina, que nunca soube separar o mundo em tarefas de homem ou de mulheres. Até por que, sozinha, respira fundo e diz “Rumbora la!”.
“Se carece de ser feito, vai ser feito!”, é a frase que Marina, no auge dos 84 anos, usa para traduzir o que considera ser desafio. Para ela, subir em árvore, quebrar ouriço de castanha e carregar um pandeiro com 50 quilos de mandioca são comuns.
Além das tarefas de subir em açaizeiro com 10 metros de altura, atirar de espingarda, pescar peixe com arco e flecha, jogar tarrafa e muitos outros hábitos do anoriense amazônico, foram a parte do sexo forte que Marina, como tantas outras caboclas do imenso Amazonas, nunca encarou como sendo impossível de ser realizado.
Ainda que pela necessidade ou talvez por não ter a opção do “não querer fazer”, ou pura e simplesmente pela fortaleza de ser quem é, mesmo sem possuir a noção do quão forte ela seja. Viva as Marinas! Vivas as mulheres únicas do universo diverso da Amazônia brasileira.
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