Doria encontra Temer e FHC em live, prevê ‘campanha suja’ e acena para terceira via

Live com Michel Temer, João Doria e Fernando Henrique neste domingo (Reprodução)

Com informações da Folha de S.Paulo

SÃO PAULO – Em live promovida por grupo de empresários, o governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, João Doria, disse nesse domingo, 30, que as eleições de 2022 terão uma “campanha suja” e fez acenos a candidatos da chamada terceira via.

Também participaram do debate os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Michel Temer (MDB). Doria fez ataques às gestões petistas e ao Governo Bolsonaro (PL) e acenos a outros candidatos, citando Sergio Moro (Podemos), Simone Tebet (MDB), Alessandro Vieira (Cidadania) e Rodrigo Pacheco (PSD), e disse que é preciso esperar até julho para definir uma eventual candidatura única.

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“Eu citei estes nomes, porque esses nomes eu conheço e sei que gostariam de avançar dentro desse processo democrático na defesa de um centro liberal social”, afirmou.

“E teremos que ter competência, paciência, discernimento e humildade para construir essa opção fortalecida, se possível com uma única candidatura.”

“Não é algo obrigatório, mas é algo que faz sentido, já que temos dois extremos liderando a campanha eleitoral”, disse. “Isso só vai se materializar provavelmente entre o final de junho e o início de julho.”

Atrás nas pesquisas, tucano diz que é preciso esperar até julho para definir eventual candidatura única, mas não mencionou a hipótese de abrir mão da postulação, como sugerem alas do PSDB.

O governador manteve seu discurso de apontar o PT e Bolsonaro como opostos. “Seria um pesadelo se nós voltarmos a ter Lula como presidente ou se prosseguirmos com o atual presidente.”

O tucano acrescentou: “Lamentavelmente teremos uma campanha dura e suja para as eleições presidenciais. Ou você tem resiliência e capacidade de fazer esse enfrentamento, ou já será derrotado antecipadamente com o nível de emparedamento e fake news”, disse.

Com o tema “o futuro de uma nação”, a live foi uma iniciativa do grupo Parlatório, que reúne empresários, advogados, médicos e políticos.

Estiveram presentes neste domingo, quase cem participantes, entre eles, o ex-ministro da Fazenda e ex presidente do BNDES e que hoje integra o Banco Safra, Joaquim Levy. O encontro, porém, teve no Youtube poucas dezenas de espectadores.

O general Otávio Rêgo Barros, que atuou como porta-voz da Presidência da República de Bolsonaro até 2020 e que desde que saiu do governo tem sido uma voz crítica ao governo, também participou.

Além disso, participaram a doutora em microbiologia Natália Pasternak e o ex-embaixador do Brasil em Washington Sérgio Amaral.

Questionado sobre seus percentuais nas pesquisas eleitorais, o pré-candidato voltou a minimizar a importância dos baixos resultados e disse que é preciso não ter ansiedade.

“Neste momento, a população brasileira — a população brasileira significa o povão, os que elegem — está completamente distante das eleições”, disse. “A população só será ativada de fato, com o início do horário eleitoral, isso só acontecerá em agosto”.

Questionado por Amaral se a estagnação de seus resultados era um problema do PSDB e se o partido tinha perdido contato com a população, Doria deu uma resposta no meio do caminho.

Ao mesmo tempo em que disse que não acredita que o PSDB tenha se afastado do povo, Doria afirmou que especialistas estariam apontando que, mais do que partidos, a população escolherá o próximo presidente mais pelo candidato individualmente do que pelos eleitores.

Mencionou como prioridades em sua agenda, o combate à pobreza e políticas de geração de renda, além da saúde pública, citando que a Covid-19 continuará sendo uma questão para o próximo presidente.

Doria disse que faria um governo liberal e calcado na desestatização e desburocratização, e também defendeu o respeito ao teto de gastos, quando mencionou diretamente o governo petista de Dilma Rousseff e de Bolsonaro. “Romper teto de gastos é coisa de populistas”, disse.

Temer questionou Doria quanto à formação de um pacto nacional, caso eleito, para zerar e sepultar “um presente e um passado apodrecidos”. Na semana passada, o ex-presidente encontrou em São Paulo a senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do seu partido, o MDB.

Com problemas em sua conexão, FHC limitou sua manifestação a questionar o que Doria faria para melhorar a situação econômica do país, caso eleito.

Após a resposta, FHC disse que esperava que as propostas de Doria funcionassem e disse que estava torcendo por isso.

Na última semana, FHC voltou a indicar seu apoio a Doria. No ano passado, o veterano do PSDB gravou um vídeo declarando seu voto a Doria nas prévias do PSDB. Meses antes, uma foto do político ao lado de Lula, havia gerado mal-estar no partido.

Apesar de ter vencido nas prévias do PSDB, como mostrou a Folha, Doria enfrenta resistências dentro do próprio partido, que está dividido, além de amargar altas taxas de rejeição nas pesquisas.

No levantamento Datafolha de dezembro, Doria alcança 4% das intenções de votos, enquanto outros nomes da chamada terceira via têm melhor desempenho –Ciro Gomes (PDT) tem 7% e Sergio Moro, 9%.

Já no quesito rejeição, Doria chega a 34%, empatado com o ex-presidente Lula, presidenciável que lidera a corrida eleitoral. O presidente Bolsonaro é o mais rejeitado, com a marca de 60%.

A vitória nas prévias foi apertada –54% a 45%. Aliados de Leite dizem ser difícil se aliar a Doria, lembrando as acusações de pressões e fraude de filiações para vencer as prévias.

Nesse cenário, os tucanos da ala histórica que fizeram campanha para Leite sugerem que a melhor alternativa na chamada terceira via é Tebet, que tem 1% no Datafolha, mas, para eles, é a candidatura com mais chances de vingar.

Os senadores do PSDB José Aníbal (SP) e Tasso Jereissati (CE), por exemplo, que apoiaram Leite, veem qualidades na senadora.

Também o pré-candidato tucano derrotado nas prévias, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, explicitou a insatisfação de ala do partido com Doria. Defendeu que o PSDB e Doria tivessem disposição de rever a candidatura caso o governador paulista se mantenha estacionado nas pesquisas.

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