Drex: entenda o que é, como vai funcionar e o que dizem especialistas sobre o real digital
08 de agosto de 2023
Papel-moeda de R$ 100 (Reprodução/Getty Images)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – Em fase de testes desde março e com operações simuladas previstas para serem realizadas em setembro, a moeda digital brasileira vai se chamar Drex. A versão virtual do real deve começar a circular no País no fim de 2024, segundo o Banco Central (BC).
De acordo com a autoridade monetária, a iniciativa de criar uma versão para transações on-line do papel-moeda visa aumentar as possibilidades de negócios e, ainda, estimular a inclusão financeira. Além disso, a proposta planeja reduzir as chances de fraudes, bem como estabelecer um ambiente seguro na internet.
“A solução, anteriormente referida por Real Digital, propiciará um ambiente seguro e regulado para a geração de novos negócios e o acesso mais democrático aos benefícios da digitalização da economia a cidadãos e empreendedores”, diz um trecho comunicado do BC.
Logotipo do Drex apresentado pelo Banco Central (Sidney de Almeida/Shutterstock)
O real digital vai ser usado para serviços financeiros de altas quantias, e de diferentes finalidades. Para isso, o usuário terá de converter reais em Drex para enviar dinheiro e fazer o oposto para receber o dinheiro.
O que é
O Drex é o real em formato digital cuja implementação está a cargo do BC. A opção monetária vai ter valor igual ao papel-moeda, ou seja, R$ 1 é igual a 1 Drex, no caso de transações internas. Já em transações exteriores, a taxa de câmbio deve oscilar, assim como acontece no valor do real fora do Brasil.
Apesar de remeter similaridades às criptomoedas, como a tecnologia blockchain, a moeda virtual brasileira não vai circular com as mesmas condições da cibermoeda, visto que esta obedece à lei da demanda e da oferta e tem valor variante diariamente, assim como ações de empresas.
Além disso, ainda que o Drex vá permitir pagamentos instantâneos entre instituições financeiras distintas, assim como o Pix, método também implementado pelo BC, o real digital vai funcionar de maneira diferente. No Pix, a transferência ocorre em reais e obedece a limites de segurança impostos pelas financeiras.
Como vai funcionar
O Drex vai funcionar com a tecnologia blockchain, considerada à prova de hackers. O blockchain funciona como um banco de dados ou de livro-razão, no qual dados são inseridos com segurança, transparência e velocidade. A tecnologia funciona como uma espécie de corrente de blocos criptografados.
De acordo com o BC, a proposta é oferecer serviços financeiros em geral, como transferências, pagamentos e, ainda, compra de títulos públicos. Os consórcios habilitados pela autoridade monetária poderão desenvolver mais possibilidades, como o pagamento instantâneo de parcelas da casa própria, de veículos e até de benefícios sociais.
Outra vantagem no uso do Drex são os contratos inteligentes. Um exemplo do modo consiste na venda de um veículo. Nesse caso, não haveria a discussão se caberia ao comprador depositar antes de pegar o bem ou se o vendedor teria de transferir os documentos antes de receber o dinheiro. O processo vai ser feito instantaneamente.
O que dizem os especialistas
Para o economista Altamir Cordeiro, as transações digitais viraram uma tendência por forte influência do Pix, bem como das movimentações bancárias por aplicativos de smartphone. Para ele, o brasileiro tem optado com mais frequência por métodos virtuais pela agilidade.
“A sociedade, cada vez mais, tem evitado o uso de moedas em espécie, e as instituições financeiras perceberam isso. O Pix , hoje, é o meio de pagamento mais popular, utilizado por todas as classes sociais brasileiras. O uso do Drex vai proporcionar várias finalidades que poderão ser utilizadas com essa moeda digital, favorecendo agilidade e segurança”, afirmou o especialista à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA.
Os economistas Altamir Cordeiro e Inaldo Seixas (Reprodução/Arquivo Pessoal)
O economista Inaldo Seixas destaca que, por um lado, a medida pode facilitar as necessidades dos usuários, entretanto, por outro, pode inferir negativamente o emprego nas agências. Ele afirma que essa possibilidade pode variar de acordo com a adesão da sociedade ao modelo.
“Eu acredito que, com o tempo, a população vai diminuir a ida às agências bancárias e, obviamente, isso pode acarretar em impactos negativos para os trabalhadores bancários, porque assim como o pix, futuramente, o drex também pode fazer com que se utilize menos essas agências físicas”, observou à reportagem.
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